O artigo de Luciano Amaral e o actual modismo com o "caso Finlândia" - i.e. o esforço desesperado em apregoar que o Estado Providência não morreu e que a sua salvação ainda pode chegar - traz-me à memória a extraordinária ideia que alguns sectores socialistas agitavam em 1974/75 de estabelecer em Portugal um regime "tipo peruano".
Referiam-se ao resultado do golpe militar de Outubro de 1968 que colocou no poder uma junta militar liderada pelo general Juan Velasco Alvarado e que era um regime militar mais ou menos ditatorial e de esquerda.
Freire Antunes revela que na pimeira conversa entre o então ministro dos negócios estrangeiros, Mário Soares, e o Secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, o primeiro terá garantido que Portugal não iria descambar no comunismo mas sim optar pelo "tipo peruano" o que fez Kissinger sorrir...
Entretanto, em finais de 1975 esse tão elogiado regime sul-americano foi derrubado pelo enésimo golpe militar nesse país.
Ontem o Perú, hoje a Finlândia, a mesma luta. E o mesmo erro em olhar obstinadamente para trás.