Nas décadas de 80 e 90, proliferavam em Wall Street e na City londrina. Ainda trintinhos, tiveram um enriquecimento e ascensão social meteóricos, em resultado dos milhões que deram a ganhar a outrém nas fases de euforia dos mercados. Ostentavam alguns sinais e comportamentos que permitiam identificá-los facilmente: usavam suspensórios e vestiam Hugo Boss, cabelo penteado para trás e sempre besuntado com gel; bebiam Perrier, por vezes snifavam e passeavam-se em BMW descapotável; apartamentos de luxo e férias no Pacífico ou no Índico em recônditas ilhas paradisíacas.
Em Portugal também temos os nossos golden boys, mas são bem mais discretos. Entradotes e com ar patusco, banais na vestimenta, em comum com os yuppies apenas a preferência pelo BMW, mas de modelo mais conservador e com motorista. O seu cartão de crédito não é o Amex Platinium ou o Master Card Gold, resultado do status adquirido, mas um outro de tons rosa ou alaranjado que dá acesso ao dito. Designam-se gestores públicos e, ao que parece, a sua fortuna evolui na razão inversa da saúde financeira das entidades que gerem. Ou seja, não resulta do enriquecimento de terceiros, mas do seu empobrecimento.
E não se indignem, rapaziada, que não vale a pena. Nem pensem que podia ser de outra forma, porque o Estado não está ao nosso serviço, mas dos grupos que o dominam. A única solução, que é proibido sequer equacionar, consistiria em tornar inconstitucional a existência do chamado Sector Empresarial do Estado.