Mais notas sobre incêndios

1. Uma grande área florestal, digamos 50 mil hectares, pode estar sujeita a centenas ou milhares de eventos de ignição por ano. Os meios aéreos e a vigilância podem controlar quase todos, até ao dia em que não conseguem controlar um deles. Nesse dia, arde tudo. Por este motivo é que o investimento na vigilância de grandes áreas florestais contínuas não serve para nada. A vigilância teria que ser 100% eficaz, o que é impossível.

2. O ministro da Administração Interna disse o seguinte:

"Mesmo em condições objectivamente negativas, neste ano, com muito mais ignições do que no ano passado, há felizmente muito menos área ardida do que em igual período de 2004. Tem havido melhor vigilância e capacidade de resposta, por isso tem ardido menos"

O que aconteceu este ano foi que, por causa da seca, ocorreram mais incêndios a Norte, onde a área florestal está mais fragmentada. Quando a área florestal está mais fragmentada, a área ardida por incêndio é menor.

3. Um país pode ter excelentes meios aéreos. Esse meios aéreos podem ser 100% eficazes durante 354 dias por ano. Mas se num dia a temperatura estiver particularmente elevada e o vento estiver particularmente forte e se existirem centenas de focos de incêndio, arde tudo porque os meios não podem estar em todo o lado. É este o motivo pelo qual um país por si só nunca terá meios suficientes. Para serem suficientes, os meios teriam que estar dimensionados para o dia do ano com risco mais elevado. Mas para isso, teriam que estar sobredimensionados durante o resto do ano e a despesa seria incomportável.