2.10.05

Autárquicas - I

Há 4 anos votei contra Fernando Gomes, pelo que a então vitória de RR me deu uma grande alegria.
Passados 4 anos, que balanço faço? Negativo.
Não sou o único. Os próprios partidos que novamente apoiam o cabeça-de-lista fazem a mesma leitura negativa, pois que nenhum dos vereadores é recandidato. Não serei eu a contrariar tal diagnóstico.
Francisco Assis fez o favor ao PS de ser candidato. Todos os dias apresenta diversas «propostas», quase todas invariavelmente no mesmo sentido: intromissão dos poderes públicos em áreas que deveriam ser deixadas à livre iniciativa dos cidadãos e que invariavelmente acarretam mais despesa pública. Um programa coerente e fortemente socialista. O que entendo ser de evitar.
O Bloco de Esquerda tem feito uma campanha com forte tónica na «denúncia» da actuação do actual executivo. O que sendo pobre, é também redundante, pois, como acima se disse, a actual lista de RR também faz tal avaliação. O discurso não tem graça, não tem irreverência. Sinais certamente de crise de crescimento e do perfil pessoal do candidato.
O PCP recandidata um vereador que actuou como suporte á actual maioria. A sua acção no pelouro foi muito débil. Acresce que tal candidato continua a fazer parte de um partido que tem apostado na reabilitação e mesmo exaltação de José Estaline. O que de todo me inviabiliza encarar tal opcção de voto.
Resta-me votar portanto em___ .

Em termos gerais, todas as candidaturas tem vindo a ignorar questões que deveriam ser centrais para os futuros mandatos.
Por exemplo: não há quem questione as actuais competências autárquicas como excessivas. Pelo contrário, todos defendem mais ou menos o seu reforço. O que sempre implicará mais funcionários, mais departamentos, mais despesa, mais intromissão nos interesses particulares dos cidadãos. Nenhuma candidatura defende um modelo concreto alternativo de receitas, nomeadamente pela via de impostos locais, com a consequente redução dos impostos gerais e o fim das transferências do OE. Também ninguém defende abertamente a alteração radical do modelo de gestão política, nomeadamente a eleição unipessoal do presidente, com a escolha livre dos vereadores e o reforço das competências de fiscalização das assembleias. Ninguém se pronuncia sobre que e quantas freguesias deveriam ser extintas, que modelo e que forma de legitimação deverá ter uma junta metropolitana, que competências deverão ser transferidas/partilhadas ao nível da área metropolitana e das regiões administrativas. Todos falam das oportunidades que as sociedades de reabilitação urbana colocam às câmaras, babando-se só de sonharem com planos pombalinos realizados à custa do erário público e com a permanente ameaça discricionária sobre o património privado. Nenhum aborda sequer a questão do arrendamento urbano, a burocracia, a inutilidade e corrupção que envolve os pdm's, as taxas máximas de imposto (IMI), e tantos outros eteceteras mais interessantes e úteis do que certos túneis ou bairros sociais.