1.10.05
PRESIDENTE PORTAS?
A ideia por aí lançada do Dr. Portas se canditatar à Presidência da República, para, por entre outras elevadas finalidades, «mobilizar internamente PP» é politicamente cabotina e pessoalmente ridícula.
Desde logo, porque se o Dr. Portas quer animar o CDS que o faça como Presidente do partido e não como candidato a uma magistratura de alguma (por enquanto) seriedade, como é a Presidência da República. As eleições presidenciais servem para eleger o Presidente da República e não para animar partidos. O Dr. Portas sabe-o, e é pena que aqueles que agora propõem esta descabelada ideia, alguns deles ainda há pouco com altas funções na hierarquia do Estado, demonstrem ter tão pouco respeito pelo país.
Segundo, porque o Dr. Portas de demitiu de líder desse mesmo partido no dia 20 de Fevereiro de 2005, por ter sido derrotado nas eleições legislativas. Repito, no dia 20 de Fevereiro de 2005 e não de 2004, 2003 ou outro qualquer ano mais recôndito. Ora, o mínimo de seriedade política obriga a que quem se não sente capaz de liderar momentaneamente um pequeno partido, se sinta igualmente incapaz para chefiar um Estado num tão breve lapso de tempo.
Terceiro, porque, para além das candidaturas credíveis e essas são as que podem eventualmente ganhar, todas as outras são protagonizadas por líderes partidários no activo, que querem aproveitar tempos de antena para consolidar eleitorados. Esta manipulação das eleições presidenciais não abona nem em favor do regime, nem dos candidatos. Transforma o acto numa espécie de leprosaria política nacional, onde os mais pequeninos aparecem para que se não esqueçam deles. Se o Dr. Portas se deixar cair no ridículo de se fazer equivaler aos Drs. Louçã e Garcia Pereira, ou ao camarada Jerónimo, nunca mais terá recuperação política, nem credibilidade pessoal.
Posto isto, é bom que o Dr. Portas, se quiser voltar à política - e não só o quer como, por enquanto, ainda o merece - não alimente tabús sobre esta matéria, à boa maneira do Prof. Cavaco, deixando que o seu antigo aparelho partidário, orfão e saudoso dos tempos em que riscava alguma coisa, use e abuse do seu nome para questões de luta interna no partido. Ele que trate, quanto antes, de se demarcar desta inqualificável palhaçada. É que, em política como na vida, e o Dr. Portas tem obrigação de o saber como poucos, o ridículo pode matar. E o Dr. Portas não há-de querer seguramente e por enquanto, ser um defunto político.