10.11.05
GRANDE TROCA DE FAVORES EM PERSPECTIVA
Politicamente é uma grande jogada do Governo - o déficit baixa para muito perto dos 3% e a oposição PSD/CDS terá de ficar em silêncio (apesar da socrática promessa de recusa das receitas extraordinárias) já que foi precisamente isso que fizeram com a CGD quando eram Governo.
Mas, estou em crer, que o verdadeiro beneficiado será o banco. Não imediatamente. Mas o maior agente económico deste país é o Estado e todos os grandes negócios, de uma forma ou de outra, rodam à sua volta.
Para os liberais, é mais uma bofetada na cara. Quaisquer que sejam os argumentos técnicos justificativos, o facto é que um banco privado preferiu que a sua caixa de pensões passasse a ser gerida directamente pela Segurança Social, i.e. pelo Estado.
De uma assentada, a dita "iniciativa privada" declara-se a si mesma incompetente para o fazer melhor e emite um significativo sinal de confiança às regras de gestão pública da Segurança Social (!?!).
Para mim, no entanto, que nunca acreditei que a separação material entre Igreja e Estado tivesse sido real depois de 28 de Maio de 1926, esta negociata nada mais é do que uma constatação de que a política do "Trono e do Altar", directa ou indirectamente, continua a mandar neste país, agora em nova e enganosa embalagem.