3.11.05

«Os limites do consenso», no DE

Nada é mais natural num debate que discordar. O problema não está aí. Está antes em não se aprofundar essa discordância. Em não se fazer um esforço para que ela possa ser "mutuamente compreendida". Hoje o interesse numa discussão reside mais em saber quem a "vence" do que em esclarecer o "porquê" das divergências. Seja sobre as presidenciais, o défice, ou o aborto, mais que esgrimir pontos de vista "finais" sobre certo assunto, seria útil explorar o que os "origina", para que intervenientes e telespectadores percebessem claramente a "racionalidade" por detrás da discórdia. Com mais razão e temperada emoção. Estou certo que Aumann ficaria muito satisfeito se em Portugal um qualquer debate terminasse com um simples e cordial "Meu caro, concordamos então em discordar?". Selado - se possível - com um democrático aperto de mão.

Tiago Mendes, no Diário Económico

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Rodrigo Adão da Fonseca