Em questões de educação, a direita está num beco sem saída. Basta ver o que Paulo Rangel e Fátima Bonifácio têm a oferecer em alternativa ao Partido Socialista (Público de ontem e de hoje). Tanto um como outro caem na tentação de defender ideias que só são concretizáveis se o estado fizesse a microgestão das escolas. Paulo Rangel chega mesmo a discutir os méritos do TPC. Ambos querem autoridade nas escolas, ignorando aquilo que cada encarregado de educação possa querer para o seu educando. E ignorando tudo aquilo que empresas e universidades procuram, repectivamente, nos seus trabalhadores e alunos. Fátima Bonifácio chega mesmo ao ponto de defender que num inquérito o aluno deve ter menos direitos que o professor, como se não vivessemos num estado de direito. Esta ênfase na autoridade do professor, só possível num sistema de ensino centralizado e autoritário, especialmente no caso de Fátima Bonifácio, sugere que uma determinada direita ainda não se habituou a viver numa sociedade aberta e livre onde só tem autoridade quem for reconhecido em liberdade pelos outros. Felizmente existem pessoas que, tendo ultrapassado a mentalidade típica do Estado Novo, vão defendendo ideias liberais* para o sistema de educação. Essas pessoas tanto podem ser encontradas à esquerda como à direita, mas suspeito que não será a direita partidária a implementar um sistema de ensino liberal em Portugal. Chegar-se-á lá mais depressa pela esquerda.
*Note-se que num sistema de ensino liberal questões como o TPC ou a autoridade do professor deixam de ser polémicas públicas. Cada encarregado de educação poderá optar pelo método de ensino da sua preferência.