20.6.06

Separação de poderes

Dois dias depois da vitória do Sim no referendo ao novo Estatuto Autonómico da Catalunha, a polícia espanhola, liderada pelo juiz Fernando Grande-Marlaska, deu um rude golpe na estrutura da ETA, ao capturar, em conjunto com a polícia fancesa, doze cabecilhas e operacionais da organização, que se dedicavam à cobrança do famoso «imposto revolucionário».
Durante décadas, a ETA tem cobrado aquele «imposto», que mais não é do que pura extorsão a empresários bascos e de Navarra, realizada sob ameaça de ataques ao património ou à integridade física dos contribuintes e respectivas famílias. O sistema chega ao ponto de serem cobrados juros de mora, como em qualquer regime fiscal estadual. Apesar da trégua declarada a 13 de Abril 22 de Março, a ETA não terá deixado de o cobrar. Quando se aproxima o início das negociações do governo de Zapatero com os terroristas, o Ministro do Interior Espanhol veio afirmar «estava a par da operação policial» e que a mesma é a «prova de que as instituições continuem a funcionar». O porta voz do Batasuna, Arnaldo Otegi, irritado com as detenções, veio perguntar «Cuál es el objetivo de esta operación, qué es lo que se busca? Alguien cree que con ello se pretende fomentar el proceso de paz en este país? En qué contribuye a ello?». Não lhe ocorreu explicar para que serve o «imposto» e porque continua a ser cobrado, apesar do «cessar fogo». Duvido que Zapatero, apesar das declarações de circunstância de vários membros do seu governo, tenha gostado das detenções, ainda que estas possam vir a ser o melhor argumento do seu governo para rebater a argumentação do PP espanhol, que se tem oposto ferozmente às negociações com a ETA.