13.3.05

MONSIEUR LE PRÉSIDENT

Segundo a Lusa, «O presidente do Partido da Nova Democracia (PND), Manuel Monteiro, pôs o seu lugar à disposição e propôs ao Conselho Geral a convocação de uma Convenção Nacional Extraordinária».
Esta notícia teria sido natural na noite das eleições. No fim de contas, o Dr. Monteiro achou muito bem a demissão do Dr. Portas e estranhou o anuncio tardio do Dr. Santana, mas esqueceu-se da sua. Apesar de tudo, o Dr. Portas, que o Dr. Monteiro tantas e repetidas vezes censura, sempre conseguiu encher três táxis de deputados, enquanto que os o,7% do PND não chegaram para contratar um motorista. Além de que o líder do CDS não «pôs o seu lugar à disposição»: demitiu-se, o que releva inequivocamente a seu favor.
A razão desta extraordinária atitude é, contudo, completamente alheia ao resultado das eleições legislativas. O Dr. Monteiro prepara-se para, pasme-se, ser candidato à Presidência da República e entende, numa lógica implacável, que essa candidatura é incompatível com a permanência na liderança do PND. Este é, saliente-se, o mesmo Dr. Monteiro que, há poucos meses, desfiava o Prof. Cavaco a avançar para Belém. O que, por enquanto, nada leva a crer que não venha a acontecer.
Quem, depois disto, continuar a achar que o Partido da Nova Democracia alguma vez foi, na cabeça do seu líder, outra coisa que não um veículo de promoção pessoal, e por lá decida continuar, não tem, desta vez, perdão.