O Movimento Farmácia Livre é um grupo de pressão muito peculiar (via Insurgências). Actualmente existem em Portugal cerca de 2700 Farmácias. Por lei, os proprietários têm que ser farmacêuticos. Não existem mais farmácias porque a lei também não o permite. Mas como existem 9000 farmacêuticos as farmácias não dão para todos. Como o regime de propriedade das farmácias é aberrante, existem provavelmente muitas situações em que um farmacêutico serve de testa de ferro para um investidor que não é farmacêutico.
Ora, o que quer o Movimento Farmácia Livre? A liberalização do regime de propriedade das farmácias? Nope! O Movimento Farmácia Livre quer que a propriedade das farmácias continue a ser monopólio da profissão. O fim dos limites à abertura de novas farmácias? Também não. O Movimento Farmácia Livre defende que devem existir limites à abertura de novas farmácias, só que em vez de uma farmácia por cada 4000 habitantes defendem que deve existir uma por cada 2000 habitantes. No fundo, o que os membros do Movimento Farmácia Livre querem é adquirir uma farmácia para depois continuarem eles próprios a beneficiar dos privilégios de que os actuais proprietários de farmácias já beneficiam.
Se este grupo de pressão for bem sucedido, o consumidor passará a dispor do dobro das farmácias em concorrência entre si. O que é positivo. Mas o que é que acontece a seguir? Por um lado, os novos farmacêuticos vão engrossar o já poderoso lóbi das farmácias, o que poderá impedir futuras reformas do regime de propriedade das farmácias. Por outro, como a criação de novas farmácias contribui para a desvalorização dos alvarás, o actual regime de propriedade das farmácias poderá deixar de ser do interesse de um grupo significativo de farmacêuticos.