14.3.05

Os símios na floresta

Até certo ponto e tendo em conta o sistema político actual e os salários que auferem, em parte, mas só em parte, compreendem-se algumas atitudes dos políticos profissionais.

Compreende-se, mas é muito difícil de aceitar, como eleitor e como cidadão.

Este entra e sai de um órgão autárquico. Os autarcas/deputados/autarcas, os deputados europeus que ora estão em Bruxelas ora são dirigentes distritais candidatos às câmaras ou passam a ministros. Há aqui um exercício típico dos símios na floresta: só largar um ramo quando já com a outra mão se agarrou o ramo seguinte.

A forma mais correcta, do ponto de vista de respeitar a vontade do eleitor que os elegeu e da lisura do sistema seria a de acabar com este sistema de suspensões: ou se é deputado, vereador, presidente da câmara ou não. Se um titular de um qualquer órgão político tem vontade de se candidatar ou é convidado para ser membro de outro órgão político, tudo bem. É normal. Só tem que se demitir e aceitar o convite ou apresentar a candidatura. E fazem-se eleições para o lugar que fico vago. Nada mais simples, directo e honesto. Agora, este esquema de nunca largar o lugarzinho seguro é algo de muito baixo nível.

Por outro lado, até posso concordar com Luís Salgado Matos. Mas a boa reforma, seria mesmo a de aumentar, sei lá, em 50 por cento e desde já os salários dos titulares de órgãos políticos.
A democracia custa caro. Mas vale a pena.