4.3.05

Um gato é um gato

1. As convicções religiosas são convicções sobre questões metafísicas.

2. As questões metafísicas não podem ser resolvidas com recurso a experiências científicas. Causas sobrenaturais não podem ser capturadas por experiências.

3. Sendo assim, uma pessoa perfeitamente racional, um biólogo, por exemplo, pode acreditar na ressurreição, apesar de saber que em condições naturais a ressurreição é impossível, porque a ressurreição pode ser um milagre.

4. As pessoas que acreditam em milagres não são estúpidas. Limitam-se a acreditar em milagres, apesar de os milagres não poderem ser provados ou refutados.

5. A crença religiosa é perfeitamente compatível com a Razão. É uma questão de fé. Uns têm, outros não. Os polilogismos e os relativismos é que são incompatíveis com a razão.

6. Os polilogistas defendem que duas lógicas não equivalentes podem ser igualmente válidas. Um polilogista, poderá defender, por exemplo, que os católicos têm a sua própria lógica e que a lógica racionalista não se aplica ao catolicismo.

7. Os relativistas defendem que existem muitas verdades e que todas estão certas. Um relativista poderá defender, por exemplo, que existe uma verdade religiosa que é diferente da verdade científica. Ou que existem proposições que são válidas no plano da fé, mas inválidas no plano científico.

8. Os polilogismos e os relativismos parecem-me uma forma demasiado complicada para defender que a fé não se discute. Não é necessário. Num certo sentido, a fé não se discute porque as teorias metafísicas não podem ser refutadas. Noutro sentido, é bom que os instrumentos de investigação filosófica sejam usados na investigação da fé. A qualidade da religião também depende disso.

9. Às vezes confunde-se má filosofia com tolerância. Uma sociedade tolerante não precisa de ser relativista ou polilogista.

10. O racionalismo é perfeitamente compatível com a tolerância e a liberdade religiosa. O irracionalismo e a má filosofia é que não são.

11. A Igreja Caólica não precisa de recorrer aos polilogismos e aos relativismos para se defender. Tem melhores instrumentos para isso. Mas se o fizer estará a renegar a sua própria tradição.