16.6.06

o que foi que se passou?

Repare-se neste breve excerto do Prefácio do «País das Maravilhas», escrito em Outubro de 1979, por Vasco Pulido Valente:
«O Estado que hoje existe, com os seus 400 mil funcionários, as suas infinitas empresas, a sua Reforma Agrária, o seu domínio da banca, do ensino, da comunicação social, não será uma fonte de igualdade.»
Note-se, também, que na altura em que o autor escreve Portugal era um país socialista, com a esmagadora maioria da economia nacionalizada, com a Reforma Agrária, com umas Forças Armadas ainda talhadas pela guerra em África, etc.
Todavia, vinte e sete anos após, com a privatização de largos sectores de intervenção estatal, o fim do serviço militar obrigatório, a revolução informática, etc., o número de funcionários públicos praticamente duplicou. Sem que proporcionalmente a população tenha acompanhado essa evolução, ou que se sintam consideráveis progressos nos serviços públicos nacionais dos quais, aliás, a generalidade dos portugueses continua a queixar-se. O que teria sido normal era a diminuição desse número e não o seu aumento para o dobro. O que foi, então, que se passou?