8.6.06

Quotas na avaliação

O sistema de avaliação proposto pela ministra da educação prevê quotas para as classificações máximas e para o acesso à posição de professor titular. A propósito disto, o José Barros pergunta:

Quem acredita que o sistema de quotas para promoção da participação das mulheres nos partidos é injusto por não ser meritocrático poderá aceitar um sistema de quotas que impede um professor excelente de avançar na carreira em virtude de as quotas já estarem preenchidas?


Alguns comentários:
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1. O objectivo da avaliação dos professores não é nem o de determinar o seu mérito nem o de premiar o seu mérito. Não existe essa coisa de direito ao reconhecimento do mérito.

2. A avaliação dos professores serve essencialmente para fazer o sistema de ensino funcionar. Premiar o mérito é um meio para um fim e não o fim em si mesmo.

3. O Ministério da Educação não tem interesse nenhum em ter 100% de professores excelentes porque não tem como pagar tanta excelência. Quem for excelente e não tiver lugar no ensino tem que levar a sua excelência para outras profissões.

4. Nenhuma empresa tem 100% de empregados excelentes nem nenhuma empresa tem 100% de chefes. Por boas razões: a excelência é cara e a divisão do trabalho requer que nem todos estejam no topo da hierarquia.

5. O Ministério da Educação não tem interesse nenhum em ter uma escola com 100% de professores excelentes quando ao lado está uma escola de professores mediocres. Esta medida serve também para garantir que a excelência se redistribua pelas escolas. Ao contrário do que é regra hoje em dia, os professores do topo do ranking não poderão ir todos para a mesma escola.

6. Se não fossem estabelecidas quotas, a avaliação interna não funcionaria. Todos os professores teriam "excelente", tal como hoje em dia todos têm "satisfaz". As quotas servem para impedir um acordo tácito entre avaliadores e avaliados benéfico para ambas as partes.