17.10.06

Por favor, nós fazemos campanha a favor dos ocupantes do Rivoli. Mas não façam poesia!!!

«Amigo OCUPANTE de fora
Tu que sorris tão-só e passas, desaparecendo noutra multidão
Tu que ficaste a casa a tomar conta das horas que passam
Tu que te quedas a falar como se o mundo parasse à nossa porta
Tu que trazes a família a passear e todos aproveitam para um banho de luta
Tu que passas maçãs pelas grades e de paraíso nos alimentas
Tu que ainda não nos percebeste mas queres a todo o custo perceber
Tu que bebeste à nossa saúde e assim nos embriagaste à distância
Tu que tinhas a barriga maior que os olhos e a ofereceste para nos carregar
Tu a quem o trabalho humilha e nos deste tuas poucas horas de ócio
Tu que trouxeste a bandeira no bolso e a trocaste por duas horas de troca
Tu que nem tanto ao mar nem tanto à terra e agora somente tempestade
Tu que vento semeias e vento colhes para que o ar se respire
Tu que saíste aperaltada e voltaste desfeita como que acabada de nascer
Tu que vieste ao engano e voltaste mais verdadeiro
Tu que trouxeste as tuas sobras de esperança e eram um banquete
Tu que quiseste a noite branca e de manhã choravas por mais
Tu que em vale de lençóis nos concedeste vidas nunca vividasTu e tu e tu e tu e tu e tu e tu e tu e tu e tu e tu e tu
Ocupa a rua como nós ocupámos este nosso teatro
Pinta a manta e a macaca pinta a negro pinta o sete pinta-te a ti e aos outros
Canta para o mal espantar para acordar animar embalar protestar discordar
Toca o sino e a trompete toca tambor clarinete toca a caixa e troca o mundo
Dança a roda dança a salsa dança o tango dança a valsa baila gira salta pula
Faz figas e faz de conta faz a sério ou a brincar faz mais para o mundo mudar
Troca tintas troca passos troca cartas troca abraços troca cromos e heróis
E, pelo meio, vem até trocar umas ideias, impressões, sensações connosco
Até já, até sempre
O Grupo de Ocupantes do Rivoli Teatro Municipal»