Uma das maiores interrogações a propósito da intervenção americana no Iraque diz(ia) respeito às consequências para a região da criação de um Estado democrático, com eleições livres e com um parlamento e um governo eleitos. Teria a implantação da democracia no Iraque um "efeito dominó", "arrastando" para a democracia os estados mais ou menos autocráticos vizinhos?
É, obviamente, cedo para retirar conclusões. A situação no próprio Iraque permanece tremendamente conturbada. O atentado desta manhã (o mais grave desde o fim proclamado da guerra é apenas um exemplo), mas, apesar de tudo e contra muitas expectativas, as eleições realizaram-se na data prevista e não há notícias de irregularidades graves.
Em todo o caso, o caminho para a democratização dos Estados vizinhos começa a ser visível.
No Líbano, 50.000 pessoas (segundo a oposição, 20.000 de acordo com o Público e as forças policiais) manifestam-se contra o regime pró-sírio e confraternizam com os militares.
Ao mesmo tempo, no Egipto, Hosni Mubarak, propõe uma revisão da constituição que acabe com o actual método de eleição presidencial, que, pura e simplesmente, impede qualquer candidatura alternativa à do presidente em funções, abrindo o caminho para eleições livres.
São pequenos passos. Muito pequenos, ainda. Mas passos impensáveis, não há muito tempo.