12.3.05

PORQUE NÃO DEVEM OS LIBERAIS FORMAR PARTIDOS "LIBERAIS" - IV

Razão Estética (I)
Porque um partido tem, por definição, a missão de angariar votos e ganhar eleições.
Para isso, promete aos eleitores o que não pode cumprir, porque, como afirmam os liberais, ninguém ou nenhum grupo, por mais dotado lato sensu que seja, se pode substituir com mais eficácia aos indivíduos na directa composição dos seus interesses. Ou seja, nenhum político ou governo se pode substituir ao mercado.
É por isso que os partidos e os políticos mentem invariavelmente aos eleitores. Sabem que dificilmente podem cumprir o que prometem (alguém ainda está recordado do "choque fiscal"?), embora não possam deixar de prometer o que não tencionam cumprir.
Ora, mentir é feio.

Razão Estética (II)
Porque ver e ouvir um fulano na televisão a dizer que vai resolver os nossos problemas, é assumir a nossa incompetência para o fazermos e aceitarmos que um sujeito que nem sequer conhecemos o possa fazer por nós. Trata-se de uma manifesta falta de educação do indivíduo, fundada num pretenciosismo intolerável. Muito feio, portanto.

Razão Ética
Um partido liberal teria de prometer aos eleitores que, se chegasse ao governo, lhes devolveria competências tradicionalmente confiadas ao poder soberano.
Por definição, também, essa atitude implicaria a negação da própria natureza dos partidos: conquistar poder e ampliá-lo.

Posto isto, nenhuma destas considerações implica que os liberais devam estar distantes da política.
Mas, a melhor maneira de estarem presentes não é lançar partidos com uma "ideologia" liberal, mas envolverem-se livre e transversalmente nos partidos democráticos do sistema, tentando influenciar as suas políticas. É isso que tem sido feito por muito lado, com a vantagem de não trazer amargos de boca a ninguém: nem aos eleitores que se podem sentir defraudados, nem aos políticos que não terão necessidade de mentir mais ainda do que já costumam fazer.