Muitas vezes os mais acérrimos defensores do que quer que seja prestam o pior serviço às causas da sua devoção.
Foi o que fizeram Mário Mesquita e Ana Sá Lopes ao tentarem construir um governo (e não só) exclusivamente feminino. À medida que surgiam os nomes e as suas justificações intrinsecamente sujectivas e demasiado pessoalizadas, dei-me conta que esta peça iria atingir os
objectivos contrários aos desejados pelos seus autores.
Atente-se nestes exemplos:
«Ambos desejámos designar Maria Barroso ou Maria Antónia Palla para Presidente da Assembleia da República, mas, como não são deputadas, decidimos cumprir as regras do jogo e acabámos por decidir por Teresa Portugal, cujo passado de lutadora pela democracia e de autarca, responsável pela Cultura na Câmara Municipal de Coimbra, a creditam plenamente para o lugar»
Valha-nos Deus, quem é essa senhora? Para além do apelido que outra qualidade notória detém para preencher aquele lugar (para lá de ser, obviamente, do conhecimento pessoal dos articulistas)?
Depois somos agredidos por nomes como Helena Roseta, Teresa Beleza (o «Trunfo») e Ana Gomes (?!), entre outros, liderados pela primeira-ministra, Elisa Ferreira...
Certamente, uma espécie de filme de terror com que os autores quiseram justificar a composição do actual Governo e a sua falta de alternativa em razão do género. Se for assim, é discutível mas, apesar de tudo, plausível.
P.S. Exibindo uma modéstia que tão bem lhe assenta, Ana Gomes comenta o artigo em que é nomeada:
«Faz pensar e reconhecer que temos, no PS e na orla do PS, mulheres competentes e experientes para governar e em número abundante. Não foi por falta delas que José Sócrates não integrou mais mulheres no seu governo.»
Pois...