1.8.05

O nível de serviço de um aeroporto

Como qualquer equipamento público, um aeroporto destina-se a prestar serviços aos seus utilizadores. O nível de serviço mede-se, entre outros factores, pelo grau de funcionalidade e de conveniência.

O aeroporto da Portela nao será 100% funcional - há, por exemplo, um défice de portas de embarque servidas por mangas, algo que pode ser resolvido com a expansao do terminal - mas tem uma conveniência como poucos. O facto de estar a 15 minutos do centro da cidade constitui uma enorme vantagem para todos os seus utilizadores, sejam eles residentes na área de Lisboa, sejam forasteiros que se deslocam à capital pelas mais variadas razoes.

Com a deslocaçao do aeroporto para a Ota todos perdem:
1. Os residentes, que terao de fazer - e custear - um percurso de mais de 100 kms, ida e volta;
2. Os turistas estrangeiros, que hoje constituirao uma grande parte dos visitantes;
3. Os nacionais do Porto, Faro ou Ilhas, que praticamente duplicarao o tempo de viagem;
4. O lucrativo sector dos Congressos, responsável pela atracçao de turistas de gama alta.

Acresce a tudo isto a manipulaçao de mercado que a ANA, entidade monopolista gestora dos principais aeroportos nacionais, tenderá a fazer a favor da Ota. Será irresistível a tentaçao de desviar tráfego internacional do Porto e de Faro, para tentar artificialmente fazer o tao sonhado Hub na Ota. Ou seja, há o risco de o mercado actualmente servido pelos aeroportos de Pedras Rubras e de Faro perder grande parte das ligaçoes directas que hoje tem para os principais Hubs europeus, bastando para tal que a ANA aumente as respectivas tarifas às companhias utilizadoras.

Ao contrário do que Vital Moreira aqui afirma, os privilegiados com a Portela nao sao apenas os lisboetas, mas todos os residentes em Portugal. O nível de serviço global ao País será sempre superior se tivermos 3 aeroportos internacionais em vez de apenas um. E os custos para o contribuinte serao incomensuravelmente inferiores.