É bom que não subsistam equívocos: uma coisa é a minha opinião acerca da liberdade de culto e da separação total entre o político e o religioso, pertencendo este último à esfera dos sentimentos e escolhas privadas, e o primeiro às opções públicas e com consequências sobre um número indeterminado de sujeitos, outra bem diferente é a opinião que tenho sobre determinado tipo de cultos e de práticas que lhe estão associadas.
Embora entenda e defenda a plena liberdade de cada um a fazer o que muito bem entender de si e do seu corpo (o que, numa visão ampla como a de Rothbard, poderá provocar algumas surpresas mais desagradáveis - e discutíveis - para os ortodoxos, como a posição sobre o aborto?), há coisas que, ultrapassando determinados limites, só julgo compreensíveis se analisadas do ponto de vista patológico. Contudo e uma vez mais, tratando-se da saúde mental de cada um, não me diz qualquer respeito.
Mas já me apetece dizer alguma coisa sobre as reclamadas práticas de sacrifício doloroso que, ao que julgo saber, alguns membros da (do) Opus Dei utilizam para ascenderem ao sagrado, isto é, a Deus, e que têm vindo a ser aqui, no Blasfémias, ultimamente tão debatidas.###
Independentemente da sua indiscutível liberdade pessoal para o fazerem, não obstante o meu juízo pessoal muito crítico e de censura desses comportamentos (o que, em bom rigor, é absolutamente irrelevante, já que não pertenço, nem aspiro a pertencer, à Obra), o que eles sempre me sugeriram, embora, reforço, os não conheça com precisão, é um imediato paralelismo com as práticas de algumas seitas gnósticas, tradicionalmente consideradas heréticas pela hierarquia católica.
Em boa verdade, o sacrifício físico, que pode ir da estimulação dos sentidos pela dor à própria mortificação, que alguns membros da Opus Dei utilizam como via de ascese a Deus, não deixa de ser uma forma humana, excessivamente humana, de O querer alcançar. Nessa medida, há aqui uma clara inversão da relação tradicional das religiões reveladas do Homem com Deus, que é exactamente a da revelação, e uma atitude do homem para com Deus que habitualmente é considerada como presunçosa (ou mesmo herética) pelas hierarquias. Ora, não terá sido exactamente por terem invertido o canal de comunicação com Deus que as várias gnoses ? dos cátaros, às múltiplas seitas cristãs esotéricas, passando inevitavelmente pela maçonaria tradicional ? foram sempre, ao longo dos tempos, consideradas heresias e, no passado, perseguidas impiedosamente pela Igreja?
Sendo-me legítimo, enquanto espectador, lançar a dúvida, já não me caberá responder-lhe, enquanto "ateu confessional" que me considero. A quem de direito, por isso, a resposta.
Embora entenda e defenda a plena liberdade de cada um a fazer o que muito bem entender de si e do seu corpo (o que, numa visão ampla como a de Rothbard, poderá provocar algumas surpresas mais desagradáveis - e discutíveis - para os ortodoxos, como a posição sobre o aborto?), há coisas que, ultrapassando determinados limites, só julgo compreensíveis se analisadas do ponto de vista patológico. Contudo e uma vez mais, tratando-se da saúde mental de cada um, não me diz qualquer respeito.
Mas já me apetece dizer alguma coisa sobre as reclamadas práticas de sacrifício doloroso que, ao que julgo saber, alguns membros da (do) Opus Dei utilizam para ascenderem ao sagrado, isto é, a Deus, e que têm vindo a ser aqui, no Blasfémias, ultimamente tão debatidas.###
Independentemente da sua indiscutível liberdade pessoal para o fazerem, não obstante o meu juízo pessoal muito crítico e de censura desses comportamentos (o que, em bom rigor, é absolutamente irrelevante, já que não pertenço, nem aspiro a pertencer, à Obra), o que eles sempre me sugeriram, embora, reforço, os não conheça com precisão, é um imediato paralelismo com as práticas de algumas seitas gnósticas, tradicionalmente consideradas heréticas pela hierarquia católica.
Em boa verdade, o sacrifício físico, que pode ir da estimulação dos sentidos pela dor à própria mortificação, que alguns membros da Opus Dei utilizam como via de ascese a Deus, não deixa de ser uma forma humana, excessivamente humana, de O querer alcançar. Nessa medida, há aqui uma clara inversão da relação tradicional das religiões reveladas do Homem com Deus, que é exactamente a da revelação, e uma atitude do homem para com Deus que habitualmente é considerada como presunçosa (ou mesmo herética) pelas hierarquias. Ora, não terá sido exactamente por terem invertido o canal de comunicação com Deus que as várias gnoses ? dos cátaros, às múltiplas seitas cristãs esotéricas, passando inevitavelmente pela maçonaria tradicional ? foram sempre, ao longo dos tempos, consideradas heresias e, no passado, perseguidas impiedosamente pela Igreja?
Sendo-me legítimo, enquanto espectador, lançar a dúvida, já não me caberá responder-lhe, enquanto "ateu confessional" que me considero. A quem de direito, por isso, a resposta.