15.6.06

Louçã administrador da fábrica de automóveis

Primeiro foi a Anita. Ele era a Anita na Praia, a Anita no Campo, a Anita viaja de avião, a Anita vai à escola... Depois vieram os tempos de Os Cinco ou, para os nascidos depois do 25 de Abril, dos livros da colecção Uma Aventura. Dos circos aos laboratórios, estivesses eles acampados ou dormissem em casas abandonadas, inevitavelmente o Júlio, o David, a Ana, o Xico, o Faial ou o Tim acabavam a viver mais uma aventura.

Nada existe de mais parecido com este «ser qualquer coisa por alguns dias» que caracteriza boa parte da literatura infanto-juvenil do que o Bloco de Esquerda. Um dia o Bloco vai à manifestação dos gays e perora sobre o que é ser gay e apresenta logo um leque de soluções perfeitas para acabar com o que define como a discriminação de que os gays são vítimas. No dia seguinte o Bloco vai à escola e imediatamente o seu líder se coloca na pele dum professor excluído das listas - já agora em que escolas estudam os filhos dos dirigentes do BE? - Horas depois os dirigentes do Bloco já estão no bairro das Marianas assumindo o ar de quem viveu toda a vida numa casa clandestina prestes a ser demolida...

Esta semana, a colecção 'Uma aventura aqui, Uma contestação ali' que pauta a agenda do BE ganhou novos rumos. Francisco Louçã vai tornar-se empresário. Mais precisamente empresário do sector automóvel. Louçã não só explicou que «Portugal não pode ser só uma etapa na fileira de montagem» como ainda defendeu a criação de um «cluster». Desde o design ao recurso às tecnologias, Louçã explicou claramente como se pode manter a fábrica da Azambuja a funcionar.
Ao ouvi-lo acreditei estar diante dum novo Agneli. Na Azambuja, Louçã vai fazer nascer a nossa Zara, a nossa Ikea, a nossa Microsoft. Francisco Louçã, o gestor que salvou a a fábrica da Opel na Azambuja - eis um título a não perder.

Ps - Já agora o que tem o Bloco contra os beduínos? Não há empresa que deslocalize, empresário que feche uma fábrica que não passe à condição de beduíno!