3.6.06

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Why Do Intellectuals Oppose Capitalism?

Este texto ajuda a perceber a impopularidade do sistema de avaliação dos professores pelos pais. Resumindo, o que o autor diz é que pessoas com um determinado status tenderão a rejeitar formas de avaliação diferentes daquelas que os levaram a esse status. Tipicamente, um intelectual atinge o seu status dentro do sistema de ensino onde foi avaliado por uma autoridade central (o professor) por critérios previsíveis. Por isso, os intelectuais tenderão a rejeitar um sistema como o capitalismo em que o que tem valor é determinado de forma descentralizada e caprichosa pelo consumidor. Os professores, por terem tido um percurso académico e profissional em que nunca tiveram que se sujeitar ao input do mercado, tenderão a rejeitar qualquer tipo de avaliação diferente daquela que tiveram que superar enquanto alunos*. Em geral, a avaliação pelo mercado, seja a avaliação por cruzinhas dos professores pelos pais, seja a avaliação pela via do cheque ensino, será rejeitada por todos aqueles que querem ver reproduzidos na sociedade o sistema de avaliação a que se habituaram e com que se deram bem ao longo do seu percurso escolar. O máximo que os intelectuais almejam é uma meritocracia. Mas, felizmente, uma sociedade capitalista é muito mais que isso porque permite a adequação dos talentos de uns às necessidades de outros permitindo aquilo que não é possível numa sociedade meritocrática: que as mais diversas necessidades sejam satisfeitas e que os mais diversos talentos sejam premiados. Não é por acaso que muitas vezes os piores alunos da turma se tornam mais bem sucedidos do que os melhores nem é por acaso que numa sociedade podem ser bem sucedidas pessoas tão diversas como o Luís Figo, o Prof. Sobrinho Simões, a Lili Caneças, Margarida Rebelo Pinto (TM) ou o Jerónimo de Sousa. Por muito impopulares que algumas destas pessoas sejam entre os intelectuais, porque elas falham o critério meritocrático, a verdade é que elas fazem a sociedade mais rica e complexa e respondem a necessidades muito humanas que de outra forma ficariam por satisfazer.


*Ou se calhar nem isso, porque muitos tenderão a considerar como uma perda de status o facto de terem que passar de avaliadores a avaliados.