Não sei quem gere o correio dos leitores do jornal «Avante» mas de algum modo hei-de dar conta ao director daquela publicação da estranha metamorfose sofrida por uma frase minha acontecida no «Avante». Mais precisamente o sujeito da frase mudou e a URSS sumiu-se!
Escreve acerca duma crónica minha José Manuel Jara, no Avante 1708, «Diz a articulista que «o fundamentalismo, ou o que vagamente se declare alternativo (não fazem mais do que servir uma das partes) - e simultaneamente praticar uma espécie de hostilidade selectiva perante a possibilidade de alguns povos poderem viver como nós vivemos.»
Na verdade não foi isto que escrevi. O que eu escrevi é substancialmente diferente. O que escrevi foi isto:
«Só aparentemente é paradoxal que dirigentes políticos como Pedro Zerolo ou os subscritores do abaixo assinado do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente tenham adoptado uma espécie de dupla linguagem quando se discute Israel. À semelhança do que faziam há alguns anos os membros de organizações como o Conselho Mundial para a Paz, o Movimento Não-Alinhado ou a Nova Ordem Mundial da Informação e Comunicação, não fazem mais do que servir uma das partes - no passado a URSS, hoje o fundamentalismo ou tudo o que vagamente se declare alternativo - e simultaneamente praticar uma espécie de hostilidade selectiva perante a possibilidade de alguns povos poderem viver como nós vivemos e não estamos a pensar deixar de viver, a começar pelos pregadores dos novos mundos.»
José Manuel Jara podia cortar a frase à sua vontade. O que não podia nem pode é mudar-lhe o sujeito.
Assim fica tudo mais claro. Realmente há hábitos que nunca se perdem. O de apagar fotografias e alterar textos é um deles.