Um crescimento de 0,5% ou 1% da economia até pode não ser uma notícia muito má, se tivermos em conta o que se tem passado por cá desde o início do milénio. Mas quer dizer, entre outras coisas, que continuamos a afastar-nos da Europa e dos EUA e que estamos quase a ser apanhados por todos os países de leste que vêm a pedalar a alto ritmo. O lado bom é que ganhamos espaço a quem está parado, o que é excelente, se houvesse alguém parado. E esses parados devem estar com uma inveja nossa que nem lhe digo nada.
Agora, poderíamos desconstruir o PIB, para perceber que o dito cujo quase parado da excelente notícia é a soma de várias parcelas e uma delas, uma grande parcela, monstruosamente grande, é a nossa tragédia corrente, a despesa pública que cresceu, cresceu, cresceu... cresceu muito mais que o PIB, mas essa era a tal notícia muito má que não saiu na primeira página.
Por favor, não diga a ninguém que um crescimento mínimo do PIB feito à custa da despesa pública é uma notícia muito, mas mesmo muito, boa. Já temos em Portugal um grave problema de iliteracia económica´e se os jornais generalistas dão quase sempre um contributo para este simplismo analítico, ao menos que se salvem os blogues.###
