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Mantendo o registo numa análise freudiana, a direita portuguesa parece, nesta rentrée, uma jovem lasciva de sexualidade recalcada: muitos a querem, mas ninguém se chega à frente e ela, pelo seu lado, quer oferecer-se mas não sabe como. O dr. Portas no CDS e o dr. Borges no PSD prometem mas não cumprem, enquanto que os respectivos directórios oficiais continuam sem dizer ao país o que têm para lhe oferecer: se mais do mesmo, se coisa diferente daquilo a que nos têm habituado. A continuar por este caminho, não será nas próximas legislativas que a direita perderá de novo a inocência e poderá regressar ao libidinoso cadeirão do poder, onde, da última vez que por lá passou, se estirou languidamente sem proveito para ninguém.
Saiu hoje o número 18 da Revista Atlântico. Apesar de criticável, como tudo na vida, a revista tem vindo a melhorar substancialmente de número para número e possui a incontornável virtude de ter conseguido reunir num só projecto um excelente grupo de colaboradores, representativo do melhor que a direita portuguesa consegue culturalmente produzir. Diga-se, também, que nestes dois anos que leva já a «refundação» da direita indígena, a Atlântico foi a única novidade a merecer registo. É pouco? Pois é, mas é o que há. Parabéns, portanto, ao Paulo Pinto Mascarenhas e a toda a equipa.