As Nações Unidas, por intermédio da UNIFIL II e da respectiva força militar no Sul do Líbano pretende alcançar 3 objectivos: 1) retirada de Israel; 2) o desarmamento do Hezbollah; 3) que o Estado e Exército do Líbano retomem a soberania e controle daquela região.
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Os 3 objectivos estão interligados, tanto mais que a invasão israelita deu-se também por nunca se ter implementado os pontos 2 e 3, objecto de resoluções anteriores.
Sucede que o líder do Hezbollah, uma das partes do conflito, afirmou que a sua organização «...não terá qualquer problema com a UNIFIL II, enquanto a sua missão não for desarmar» o Hezbollah.
Assim, a força da ONU apenas poderá alcançar os seus objectivos se tiver o poder e a vontade política de usar da força militar contra o Hezbollah, desarmando-o.
Não vejo no entanto que algum dos países que já anunciaram enviar tropas esteja na disposição de efectuar operações militares de desarmento daquela mílicia. Acrescendo as resistências da Síria, não se vê como tal missão possa ter o mínimo de êxito. A não ser que desde o início os 3 objectivos não sejam para cumprir, mas apenas um....
Em primeiro lugar, tal decisão sempre deveria ser tomada pelo Parlamento. O que deveria mesmo ser um princípio geral para a deslocação de forças militares para território fora da alçada do Estado português.
Em segundo, não se vê que interesse para Portugal possa existir nessa participação. A não ser o velho e parolo «prestígio».
Em terceiro, a companhia de engenharia é uma força desajustada à missão da UNIFIL. A sua actuação visará antes um objectivo de reconstrução e não de aplicação da força militar para o cumprimento dos 3 objectivos anunciados. A ONU pede forças armadas e Portugal manda-lhes especialistas da construção civil? Será certamente um cartaz português, mas se o objectivo nacional afinal é humanitário, melhor seria contratrar uma empresa que fizesse tais trabalhos recorrendo a mão-de-obra local, incentivando dessa forma a reconstrução económica e social.