23.8.06

Cheque ensino já!

23 de Agosto de 2006.

Dirigi-me hoje à escola pública que uma das minhas filhas vai frequentar.
Afixadas nos vidros dum pavilhão estavam as listas das turmas.
Estas indicam que as turmas terão aulas de manhã ou de tarde. E nada mais.
Após um contacto telefónico com a escola, fui informada que ainda não sabem/ não podem/ não querem dizer quando começam as aulas
Quanto aos horários propriamente ditos também não sabem se serão afixados ou entregues às crianças no primeiro dia de aulas

Ou seja os cidadãos portugueses são obrigados a
a) pagar obrigatoriamente o ensino público
b) caso optem pelo privado têm de pagar outra vez
c) sendo que obrigatoriamente todos temos de pagar a escola pública nem sequer podemos escolher a escola pública que nos interessa. Os nossos filhos são colocados na escola a "que pertencem". A possibilidade das famílias escolherem livremente entre público e privado e dentro do público qual a escola que lhes interessa colide com o princípio basilar da escola pública em Portugal: esta existe para dar trabalho a professores, educadores e funcionários, manter abertos os edifícios escolares e manter activa a máquina da 5 de Outubro + sindicatos. A liberdade de escolha é um interdito neste universo
d) com as crianças obrigatoriamente colocadas na escola "que lhes pertence" a mesma escola acha normal nesta altura do ano não só não saber em que dia inicia a sua actividade como também não divulgar o horário de cada turma
e) a questão da não afixação dos horários é reveladora da arrogância autista de quem não concebe a escola como um serviço mas sim como um auto-serviço. Os horários não são feitos todos os anos. Passam de ano para ano. Podem pontualmente sofrer acertos mas mais nada. Não são afixados porque umas luminárias da pedagogia acharam melhor distribuí-los numa espécie de recepção aos alunos. Resultado: até esse dia ninguém sabe que tardes ou manhãs estarão livres.