A ministra espanhola do Ambiente, Cristina Narbona, defendeu que a Galiza está perante uma situação de ?terrorismo florestal?. Na sua visita à Galiza, Rodríguez Zapatero «não tem dúvidas de que houve mão criminosa nestes incêndios como não duvida que a justiça terá mão pesada para punir os responsáveis.»
Dando como certo que este ano aconteceu uma migração de pirómanos para a Galiza e que o actual descalabro não tem nada a ver com o desmembramento dos serviços de combate aos incêndios efectuado pelo governo daquele a comunidade, estas declarações de Zapatero e Narbona são interessantissimas no actual contexto político espanhol.
Tendo em conta a forma como Zapatero está a lidar com os terroristas da ETA, no caso dos "terroristas florestais" não irá adoptar o comportamento arrogante e ultrapassado que, segundo ele, caracterizava Aznar nestas matérias. Para começar Zapatero terá de escolher um interlocutor que represente legalmente os terroristas-pirómanos, como Otegi faz com a ETA. Em seguida, Narbona terá de reunir com os representantes dos terroristas-pirómanos dizendo que estão a trabalhar num "alto-fuego" que rapidamente passará a processo de paz. Entretanto os terroristas-pirómanos não dizem que vão abdicar de provocar incêndios, antes pelo contrário tratam os pirómanos detidos como perseguidos pela Espanha franquista, gonzalista, aznarista... e quem sabe zapaterista.
Exigem a transferência desses companheiros para prisões a seu gosto e, ao abrigo do processo de paz, acertam com o governo da Galiza a colocação de vários companheiros de luta nas estruturas ambientais e de combate aos incêndios da Galiza já que as estruturas da educação foram afectadas aos companheiros da ETA/Batasuna.
Brevemente Zapatero terá também de explicar o que quis dizer com a expressão «mão pesada» para com os terroristas-pirómanos. O que há que fazer com os terroristas é dialogar. E os terroristas-pirómanos não são menos terroristas que os outros. Muito diálogo, muita manifestação pela paz, muito actor, "cantautor" e cineastas organizados em paltaformas "Nunca mais", marchando pela paz e pelo diálogo é o mínimo que se pode esperar. Também se aguarda informação sobre o traje típico destes terroristas-pirómanos para que o senhor Zapatero ponha ao pescoço ou na cabeça o lenço ou boina que os caracteriza. Um terrorista pirómano não merece menos consideração que a Fatah ou o Hezbollah.
Ps - o canal Euronews continua a dar por atacado os fogos em Portugal e na Galiza. Hoje mesmo, nas notícias da manhã, após dar conta da situação na Galiza acrescentava que "do outro lado", em Portugal, a situação era também grave dando como exemplo a situação na Aldeia da Serra que, por sinal, fica no Alentejo.