28.3.04

ABERTURAS



De acordo com os jornais, o PSD do Porto (?) pretende «abrir-se à sociedade», promovendo um «Conselho Estratégico Sectorial do Porto», que realizará debates entre «militantes e independentes», em torno dos assuntos do costume: saúde, justiça, educação, etc., etc., etc.
Quem o disse foi precisamente o líder da estrutura, que, ao fazê-lo, reconhece simplesmente que, ao fim de trinta anos de existência, o Partido Social Democrata é um aparelho de poder, hermeticamente fechado, no qual têm assento meia-dúzia de caciques que fundamentam a sua legitimidade em eleições manhosas para os órgãos locais, disputadas com votos de familiares, parentes e amigos, que eles «cacicam» uns dias antes, aos quais se juntam os inefáveis «jotinhas». No que, diga-se em abono da verdade, não se distingue de todos os outros partidos.
Evidentemente, que a proposta do líder Marco António é apenas mais um artifício pré-eleitoral, para que tudo se mantenha na mesma, passadas as eleições para o Parlamento Europeu. Qualquer proposta séria para alterar esta situação, para abrir os partidos e o sistema político à cidadania e democratizá-los, passa, naturalmente, por uma profunda alteração do sistema eleitoral para círculos uninominais, que admitam candidaturas independentes, com a eleição por maioria simples. Por isso mesmo, ninguém nos partidos fala nela. Não interessa.