25.3.04

OS 29 ARGUIDOS DO CASO DA PONTE DE ENTRE-OS-RIOS FORAM DESPRONUNCIADOS

O Juiz de Instrução concluiu não haver razão para prosseguir o processo até ao julgamento, fazendo cair a acusação do Ministério Público.

Não conheço os pormenores jurídicos do caso e prefiro não opinar acerca do sentido do despacho.

Mas entendo que, do ponto de vista lógico, é excessivamente estranho que se defenda que a ponte caiu devido a «causas naturais».
Quais? O mau tempo? A avançada idade? Ou outras, tipicamente lusitanas, como a inexorável fatalidade do destino? A ponte caiu "porque sim"? Porque "tinha de ser"? Por azar? Porque, desgraçadamente, um autocarro cheio de pessoas resolveu passar ali áquela hora da noite?

Repito que não conheço as minúcias jurídicas do processo. Mas o senso comum diz-me que a ponte não caiu por causas naturais, porque as que provocaram a queda correspondem à normalidade dos factos e deveriam ter sido previstas pelas entidades estatais competentes.

Evidentemente, o culpado é o Estado. O Estado que fiscalizou mal. O Estado que não atendeu aos muitos sinais que obrigavam à sua intervenção. O Estado que foi grosseiramente negligente e irresponsável. O Estado que fica sempre impune perante a placidez (serenidade?) vegetal das pessoas.

E, claro, como o culpado é o Estado ninguém é culpado - aqui sim, os culpados somos todos nós que assumimos esta tortuosa relação de cumplicidade passiva a que gostamos de chamar "cidadania".

Até à proxima ponte...