25.3.04

"Meninos-bomba" ...ou o insustentável peso da hipocrisia!

Tenho seguido com a atenção possível o debate blogosférico que, na sequência do assassinato do xeique Yassin pelo exercito Israelita, se intensificou sobre a questão palestiniana.
Convém dizer que subscrevo inteiramente aquilo que, aqui, os blasfemos cl (“nem sempre são os melhores que partem”) e caa escreveram. Foi sem surpresa que li, noutras paragens, certas postas que se enredavam na crítica subreptícia (e já esperada) a Israel; outras que, sob o "politicamente correcto" argumento de que de lado a lado as culpas se repartiam e as condenações morais se compensavam, batiam sempre (expressa ou implicitamente), no caracter inultrapassável do conflito, não deixando, contudo, de pender para uma certa antipatia e desconforto relativamente à posição Israelita.... Não falo de outras posições manifestamente marcadas ideologicamente, também já muito citadas e debatidas.....
No entanto, para mim, hoje, o que realmente me impressionou a propósito do dito conflito Israelo-palestiniano foi – fora da blogosfera (será que esta estará desatenta?!) – a notícia do jovem palestiniano-bomba (não, não falem de suicida) que, padecendo de uma notória incapacidade mental, foi enviado para explodir, tendo sido interceptado pelo exército Israelita..... como, há uns dias atrás, a notícia de que crianças palestinianas de dez anos são instrumentalizadas “para o martírio” (delas, é claro.....não dos mandantes)!
Pergunto-me, face a estas enormidades, face a estas aberrações humanas, será ainda possível enquadrar a discussão no plano dos quadros axiológicos e éticos (de normalidade! – da nossa normalidade!) que fundamentam a democracia, o Estado de Direito democrático, o Direito Internacional, etc., etc..... Que limiar é que já foi ultrapassado?....

Adenda: afinal, também na blogosfera houve quem notasse e se sentisse: Letras com Garfos.