Caro CN:
Fez muito bem em colocar um ponto de interrogação a seguir ao termo "direita". De facto, até hoje ainda não sei determinar com precisão o que isso seja. Nem o seu inverso. Conservador não sou. Sou (acho e dizem-me que sim), Liberal.
E como sabe, esta é uma ideologia que teve, tem e terá um caracter "revolucionário", no sentido de defesa de mudanças profundas e por vezes radicais em certas sociedades. Não necessáriamente pela via da violência ou da insurrecção, mas que as não exclue.
Citando-me (o que é esquisito!): "Os regimes democráticos deveriam, em qualquer caso, apoiar politica e financeiramente os grupos internos ou externos de opositores de qualquer regime não-democrático. Sempre."
Eis algo que me parece óbvio.
Pergunta se no Chile uns anos atrás. Claro que sim. Entendo que o anterior regime não era democrático, não respeitava as liberdades individuais, nem as leis, era opressor e tirânico, pelo que o derrube daquele regime só poderia ser positivo para o povo chileno. Só tenho pena que o seu principal responsável não esteja a dar com os ossinhos numa cela.
O facto de um Estado apoiar os resistentes e opositores internos ou externos de um outro Estado não implica necessáriamente que não possam coexistir relações diplomáticas, comerciais e outras entre os dois Estados. Serem amigos ou parceiros "preferenciais" é que me parece mais difícil.
A prática demonstra que é isso que se passa. Exemplo: o Reino Unido, a Alemanha , a França e outros acolhem com grande generosidade os opositores iranianos, apoiam as suas actividades e nem por isso deixam de ter relações cordiais com o Estado iraniano. Muitos outros exemplos podem ser dados. Acrescenta-se ainda que tal apoio nem sempre implica uma forma aberta e descarada, podendo revestir formas mais subtis e eficazes, como sejam as inúmeras "fundações", a política e critérios para acolhimento de refugiados, as actividades dos serviços secretos, empresas, etc.
Não vejo em que é que a democracia seja incompatível com a "propriedade e o contrato". Pelo contrário, não conheço melhor forma de salvaguardar a integridade da propriedade e o respeito dos contratos do que a democracia e o consequente respeito pela lei.
Por último: "se devia fomentar a revolução no Qatar, Kowet, Emirados Unidos, ou mesmo Arábia Saudita (...)? O método a utilizar (revolução violenta, evolução reformista, derrube pacífico), deverá ser deixado ao critério daqueles povos e ás circunstâncias de tempo, oportunidade e condicionantes internas e externas.
Mas respondo claramente que sim, que tais regimes deveriam ser derrubados e até rapidamente. No Qatar algumas reformas importantes tem vindo a ser implementadas pelo actual soberano. A Arábia Saudita é o exemplo mais flagrante de como "aquilo" não tem pés nem cabeça e o mundo em geral só ganhava com o seu derrube imediato. São fanáticos, apoiam todo e qualquer grupo fundamentalista por esse mundo fora (Afeganistão, Sudão, Iraque, UK, França, Argélia, etc.), são ladrões do seu próprio povo, tiranos e sanguinários.
O desenvolvimento económico não é tudo na vida, nem sequer o mais importante.