Depois de hoje de manhã ter lido o Público percebi que não há números fidedignos acerca da fome em Portugal. Ela existe mas ninguem a contabilizou devidamente.
Não importa. Agora existe um número redondo que enche uma primeira página: 200 mil! A tender para um milhão!
Já não vale a pena estudar mais a questão. As organizações públicas, privadas e as de natureza mais ou menos híbrida, já têm um estudo beatificado com a primeira página de um jornal de referência para reivindicarem subsídios, a reposição incrementada do rendimento mínimo e a contratação de mais funcionários.
No Público há quem diga que estes números não podem ser "absolutizados"«por não haver dados fidedignos sobre as questões alimentares. "Pode dizer-se que há um milhão de pessoas que vivem com uma forte restrição do rendimento, grandes dificuldades e graves carências. Mas dizer que essas carências correspondem a passar fome pode não ser verdade em todos os casos"», afirma uma investigadora da Universidade do Porto.
Não importa. Hoje, às 14 horas, o noticiário da Sic-Notícias anunciava que "as estatísticas" provavam que 200 mil portugueses passam fome e que esse número pode chegar a um milhão. Depois, às 15 horas, sentenciava esses números como "oficiais".
Já está. Passou a dogma. Amanhã o BE comandará iniciativas e manifestações de todo o restolho da esquerda sobre os "200 mil" e o "milhão". Como sempre, o Governo embarcará nessa lógica anunciando que "esses números" já foram reduzidos e que para o ano ainda o serão mais.
Assim se faz política em Portugal. E nada do que JPP faça ou diga adiantará coisa nenhuma.