Portugal não marcava um golo à Itália desde 24/02/93.
A última vitória de Portugal sobre os transalpinos foi em 22/12/1976 (era Natal).
Desde que é seleccionador nacional, Luiz Felipe ainda não conseguiu vencer nenhuma das equipas apuradas para o Euro2004.
Com 90% da táctica definida (palavas do próprio seleccionador), parece-me que Gilberto Madaíl não terá muito que se preocupar com os "excessos de empatia" dos adeptos com a seleccção das quinas.
31.3.04
Os trabalhos de Seguro
António José Seguro substitui hoje António Costa na liderança do "grupo parlamentar do PS". Entre aspas, já que Tozé Seguro vai ter uma árdua tarefa, a julgar por aquilo que parecem ser piadas antecipadas do 1.º de Abril.
Leio, no mesmo dia:
«A tarefa de diligenciar a obtenção daquele regime de excepção está a cargo dos deputados leirienses Paulo Baptista (PSD), Osvaldo Castro (PS) e Isabel Gonçalves (PP), que deverão entregar dentro em breve uma proposta nesse sentido à Assembleia da República.» (ver a posta continuidades mais abaixo).
e
«O PS admite vir a anular o processo de descentralização em curso, assim que regressar ao poder. No Fórum TSF desta quarta-feira, o deputado Ascenso Simões sublinhou que a prioridade socialista vai para a descentralização.»
Que a "Lei da Descentralização", aprovada pela coligação governamental, apresentava um inultrapassável problema de raiz - a "auto-organização dos concelhos" - já se sabia. Que o PS queira, ao mesmo tempo, alterar a lei (acompanhado de deputados de outros partidos, é certo), para a fazer tocar o completo absurdo e, ao mesmo tempo, revogá-la, sem mais, mal chegue ao poder é que me parece uma anedota maior do que a ideia da "continuidade marítima".
Por este andar, um dia destes, um qualquer concelho costeiro do continente, esquecido na arrumação das AM's e COMURB's, vai tentar obter um "estatuto de excepção" para se juntar à RA da Madeira ou à RA dos Açores, alegando a "continuidade marítima", com a vantagem de passar a ser considerado uma região "ultra-periférica".
Pensando melhor, porque não?
Leio, no mesmo dia:
«A tarefa de diligenciar a obtenção daquele regime de excepção está a cargo dos deputados leirienses Paulo Baptista (PSD), Osvaldo Castro (PS) e Isabel Gonçalves (PP), que deverão entregar dentro em breve uma proposta nesse sentido à Assembleia da República.» (ver a posta continuidades mais abaixo).
e
«O PS admite vir a anular o processo de descentralização em curso, assim que regressar ao poder. No Fórum TSF desta quarta-feira, o deputado Ascenso Simões sublinhou que a prioridade socialista vai para a descentralização.»
Que a "Lei da Descentralização", aprovada pela coligação governamental, apresentava um inultrapassável problema de raiz - a "auto-organização dos concelhos" - já se sabia. Que o PS queira, ao mesmo tempo, alterar a lei (acompanhado de deputados de outros partidos, é certo), para a fazer tocar o completo absurdo e, ao mesmo tempo, revogá-la, sem mais, mal chegue ao poder é que me parece uma anedota maior do que a ideia da "continuidade marítima".
Por este andar, um dia destes, um qualquer concelho costeiro do continente, esquecido na arrumação das AM's e COMURB's, vai tentar obter um "estatuto de excepção" para se juntar à RA da Madeira ou à RA dos Açores, alegando a "continuidade marítima", com a vantagem de passar a ser considerado uma região "ultra-periférica".
Pensando melhor, porque não?
O país que ainda somos....
Via Blogame mucho, deparei com isto!
Infelizmente, não é nada que já não tenha ouvido, com circunstâncias diferentes, com lugares e personagens diferentes! No entanto, há que meditar. Se isto ainda se passa (pelos vistos e dando um mínimo de crédito ao relato) em Portugal, que fazer?
Infelizmente, não é nada que já não tenha ouvido, com circunstâncias diferentes, com lugares e personagens diferentes! No entanto, há que meditar. Se isto ainda se passa (pelos vistos e dando um mínimo de crédito ao relato) em Portugal, que fazer?
CONTINUIDADES
A estupidez "continua" no seu melhor:
"Deputados de Leiria vão pedir que o mar sirva de continuidade geográfica com a Nazaré
A possibilidade de vir a ser proposto um regime de excepção à lei da divisão administrativa, para que o mar seja reconhecido como elemento de continuidade geográfica entre os concelhos da Nazaré e de Leiria - que têm Alcobaça a separá-los - , por forma a permitir a adesão dos nazarenos à futura Comunidade Urbana de Leiria, está a ser encarada com apreensão por alguns políticos locais.
A tarefa de diligenciar a obtenção daquele regime de excepção está a cargo dos deputados leirienses Paulo Baptista (PSD), Osvaldo Castro (PS) e Isabel Gonçalves (PP), que deverão entregar dentro em breve uma proposta nesse sentido à Assembleia da República.(...)" (Público)
Nomes de deputados a bold para que ninguém se esqueça deles.
"Deputados de Leiria vão pedir que o mar sirva de continuidade geográfica com a Nazaré
A possibilidade de vir a ser proposto um regime de excepção à lei da divisão administrativa, para que o mar seja reconhecido como elemento de continuidade geográfica entre os concelhos da Nazaré e de Leiria - que têm Alcobaça a separá-los - , por forma a permitir a adesão dos nazarenos à futura Comunidade Urbana de Leiria, está a ser encarada com apreensão por alguns políticos locais.
A tarefa de diligenciar a obtenção daquele regime de excepção está a cargo dos deputados leirienses Paulo Baptista (PSD), Osvaldo Castro (PS) e Isabel Gonçalves (PP), que deverão entregar dentro em breve uma proposta nesse sentido à Assembleia da República.(...)" (Público)
Nomes de deputados a bold para que ninguém se esqueça deles.
LEI SÁLICA
O deputado Massano Cardoso quer fazer aprovar uma lei que imponha a redução em 10% das quantidades de sal nos alimentos pré-confeccionados.
Nós sugeríamos que o âmbito da oportuna legislação se estendesse aos alimentos confeccionados e que S. Exª criasse brigadas fiscalizadoras, constituídas por implacáveis inspectores dotados dos mais amplos poderes, que entrassem pelas cozinhas domésticas adentro, de forma a fazerem cumprir a lei, apreendendo galinhas e porcos, cozidos e assados, que a não cumprissem escrupulosamente.
"Crise da Justiça" II - Crise de legitimidade democrática?
Na sua incisiva res...posta CARO JOSÉ, CAA toca num ponto importante e muitas vezes olvidado no contexto das discussões sobre a Justiça (com ou sem «crise»), quando fala num “dos segredos mais bem guardados das faculdades de direito portuguesas e dos juristas que conhecem o funcionamento das coisas do direito”, referindo-se “à qualidade profissional de grande parte da nossa magistratura”...
Na realidade, muitas e visionárias reformas legais, engenhosas teorias, motivantes e ambiciosos objectivos de várias Instituições, esbarram tão simplesmente na qualidade e (in)competência dos respectivos “recursos humanos”. E, no caso concreto, o que diz CAA, sendo inquestionavelmente certeiro, afinal de contas, é também extensível a outros “actores” que participam, directa e indirectamente, na função jurisdicional: desde logo, os funcionários judiciais; inevitavelmente, os advogados (e os juristas em geral). Em grande medida, certamente os próprios agentes das autoridades de investigação criminal.
Não perdendo de vista, contudo, os juizes, é certo que muitos deles são tecnicamente incompetentes; é verdade que a própria carreira não está estruturada de forma a incentivar a investigação permanente dos juizes - são honrosas excepções (apesar de tudo, mais frequentes recentemente) os casos de juizes que alcançam outros graus académicos para além da simples licenciatura ou que publicam obras de caracter científico.
No entanto, voltando ao declínio do paradigma do entendimento clássico do Estado (ver posta antecedente), há um ponto que me parece também decisivo e que potencia os efeitos negativos da eventual ocorrência de tais situações anómalas, eventualmente verificáveis em alguns magistrados: de certa forma, o estatuto do juiz ainda é, hoje em dia, tributário de um modelo de “juíz-funcionário” que encontra as suas raízes numa dada concepção burocrática da função jurisdicional, muito em voga no século XIX. Esta concepção – como escreve entre nós, por exemplo, Paulo C. Rangel (Repensar o Poder Judicial. Fundamentos e Fragmentos, 2001) teve (e tem) como “emblema uma frase isolada de Montesquieu, repetida a cada passo e em cada esquina, com a ressonância de quem tira da algibeira um argumento de autoridade: o juiz é «a boca da lei»”. Assim sendo, a legitimidade do juiz assentaria, quase exclusivamente, na lei e no seu primado, apagando-se a sua figura humana e a sua qualidade de jurista, reincarnando, na veste quase divina de juiz, a pele de personificação neutra e “bacteriologicamente pura” da vontade do Legislador. Ora, esta concepção da função jurisdicional, este modelo de juiz – auto-legitimado, em “circularidade auto-referencial”, exclusivamente pela Lei que é “ele” – dispensa qualquer tipo de experiência profissional e humana, qualquer esforço de investigação permanente que não passe pelo manter os conhecimentos da dita Lei actualizados; enfim, permite recatar o próprio juiz ao abrigo das complexidades dos tempos que correm, ao mesmo tempo que não lhe questiona (não tem necessidade disso!) a sua legitimidade (melhor, a sua não legitimidade democrática).
Só que, hoje em dia, a ilusão do “juiz neutro”, mero executor de um silogismo judiciário a-ideológico, caíu de vez! O juiz não é, nem pode ser, um perfeito robot legal! O juiz também é, cada vez mais, a própria Lei que aplica, na medida em que é impossível a sua decisão, no quadro da sociedade contemporânea, vincular-se exclusivamente à dita Lei.
Assim sendo, há aqui uma certa crise de legitimidade, que potencia uma espécie de “crise de identidade” : o juiz, hoje, não pode apenas conhecer a Lei, aplicando-a neutralmente - só que as prerrogativas do seu estatuto, advêm precisamente desse mito que o dispensa (apesar de, à luz da nossa Constituição, ser também um órgão de soberania) do inconveniente da busca de legitimidade política ou democrática!
Na realidade, muitas e visionárias reformas legais, engenhosas teorias, motivantes e ambiciosos objectivos de várias Instituições, esbarram tão simplesmente na qualidade e (in)competência dos respectivos “recursos humanos”. E, no caso concreto, o que diz CAA, sendo inquestionavelmente certeiro, afinal de contas, é também extensível a outros “actores” que participam, directa e indirectamente, na função jurisdicional: desde logo, os funcionários judiciais; inevitavelmente, os advogados (e os juristas em geral). Em grande medida, certamente os próprios agentes das autoridades de investigação criminal.
Não perdendo de vista, contudo, os juizes, é certo que muitos deles são tecnicamente incompetentes; é verdade que a própria carreira não está estruturada de forma a incentivar a investigação permanente dos juizes - são honrosas excepções (apesar de tudo, mais frequentes recentemente) os casos de juizes que alcançam outros graus académicos para além da simples licenciatura ou que publicam obras de caracter científico.
No entanto, voltando ao declínio do paradigma do entendimento clássico do Estado (ver posta antecedente), há um ponto que me parece também decisivo e que potencia os efeitos negativos da eventual ocorrência de tais situações anómalas, eventualmente verificáveis em alguns magistrados: de certa forma, o estatuto do juiz ainda é, hoje em dia, tributário de um modelo de “juíz-funcionário” que encontra as suas raízes numa dada concepção burocrática da função jurisdicional, muito em voga no século XIX. Esta concepção – como escreve entre nós, por exemplo, Paulo C. Rangel (Repensar o Poder Judicial. Fundamentos e Fragmentos, 2001) teve (e tem) como “emblema uma frase isolada de Montesquieu, repetida a cada passo e em cada esquina, com a ressonância de quem tira da algibeira um argumento de autoridade: o juiz é «a boca da lei»”. Assim sendo, a legitimidade do juiz assentaria, quase exclusivamente, na lei e no seu primado, apagando-se a sua figura humana e a sua qualidade de jurista, reincarnando, na veste quase divina de juiz, a pele de personificação neutra e “bacteriologicamente pura” da vontade do Legislador. Ora, esta concepção da função jurisdicional, este modelo de juiz – auto-legitimado, em “circularidade auto-referencial”, exclusivamente pela Lei que é “ele” – dispensa qualquer tipo de experiência profissional e humana, qualquer esforço de investigação permanente que não passe pelo manter os conhecimentos da dita Lei actualizados; enfim, permite recatar o próprio juiz ao abrigo das complexidades dos tempos que correm, ao mesmo tempo que não lhe questiona (não tem necessidade disso!) a sua legitimidade (melhor, a sua não legitimidade democrática).
Só que, hoje em dia, a ilusão do “juiz neutro”, mero executor de um silogismo judiciário a-ideológico, caíu de vez! O juiz não é, nem pode ser, um perfeito robot legal! O juiz também é, cada vez mais, a própria Lei que aplica, na medida em que é impossível a sua decisão, no quadro da sociedade contemporânea, vincular-se exclusivamente à dita Lei.
Assim sendo, há aqui uma certa crise de legitimidade, que potencia uma espécie de “crise de identidade” : o juiz, hoje, não pode apenas conhecer a Lei, aplicando-a neutralmente - só que as prerrogativas do seu estatuto, advêm precisamente desse mito que o dispensa (apesar de, à luz da nossa Constituição, ser também um órgão de soberania) do inconveniente da busca de legitimidade política ou democrática!
"Crise da Justiça" ou "Justiça em crise"?
A excelente posta Uma Lástima de Juiz e a relacionada CARO JOSÉ,
com que o blasfemo CAA nos brindou recentemente, reconduz-nos - pelo menos, reconduziu-me a mim - a um dos debates ultimamente mais mediatizados entre nós: a Justiça ou, de forma mais apelativa, a «Crise da Justiça» (rectius, os mass media é que recriaram o debate, logo, em consequência, trata-se, pela sua própria natureza genética, de um debate mediático!).
Mas, mesmo aceitando a expressão em causa (« a Crise da Justiça»), importa contudo precisar os termos do problema. Importa mesmo, desde logo, verificar se existe efectivamente – e porventura, em que sentido – um problema ou, no mínimo, um problema novo! Naturalmente, num certo sentido – que não é aquele que é trazido à colação usualmente – a Justiça está (sempre esteve) e, simultaneamente, não está em crise. A Justiça jurídica, o «atribuir a cada um o que é seu», a Justiça enquanto valor que se pretende em concretização na vida social, é sobretudo um critério referencial da ordenação social. Em si mesma é, em absoluto, inatingível e, por isso, a aplicação das suas manifestações afigura-se sempre, por definição, inacabada, imperfeita. A sua aplicação é também, por outro lado, duplamente dinâmica: dinâmica porque inacabada, logo, aberta a um continuum de aperfeiçoamento, resultante humanamente de experiência acumulada; por outro lado ainda, dinâmica porque o Homem e a sociedade também o são, evoluem e consequentemente configuram permanentemente novos cenários, novos problemas, novas encruzilhadas (sobretudo nos tempos que correm, de vivência de uma sociedade técnica em mutação rápida e complexa, de permanente quebra de paradigmas) que implicam novas respostas da Justiça em acção (ou talvez, diferentes caminhos para a realização da mesma Justiça).
Mas deixemos estes caminhos que não nos levam a outra conclusão senão a de que, então, é não só inevitável, pela natureza das coisas, a existência permanente de uma “crise” da Justiça, como é bom que a aplicação da Justiça em acção tenha consciência dessa inevitabilidade....ou seja, (em sentido corrente e mediático) não há – ou, então, sempre houve... o que equivale ao mesmo – problema algum com a Justiça!
Quando se fala – e muito se tem falado entre nós, recentemente e a reboque de uma lógica mediática (e, neste ponto, ainda bem!) – de «Crise da Justiça», o que habitualmente se pretende discutir é a existência de um mau funcionamento na máquina administrativa/estadual de aplicação do Direito (ver postas já referidas e ainda “OS 29 ARGUIDOS DO CASO DA PONTE DE ENTRE-OS-RIOS FORAM DESPRONUNCIADOS”). É a própria aplicação do Direito (logo, da Justiça jurídica) que se questiona.
Na medida em que tal pode significar, em concreto, uma denegação de Justiça para os cidadãos, na medida em que tal denegação nos pode afectar a todos e prejudicar, a qualquer momento, os nossos interesses e direitos, tal mau funcionamento da aplicação do Direito é uma causa forte de insegurança, generalizadamente sentida por todos nós. Noutra perspectiva, se falamos de um sistema que é (quase) exclusivamente estadual, que se identifica funcionalmente com aquilo que é uma das traves-mestras definidoras e justificativas do Estado, então, as deficiências de tal sistema minam a credibilidade do próprio Estado. No fundo, é o Estado de Direito Democrático/ democracia que são afectados sempre que há problemas com o sistema de aplicação do Direito.
Porém, tal sistema de aplicação do Direito (e não discutindo, por agora, o próprio Direito/ordem jurídica estatuída, existente - legislada, no nosso caso - num determinado momento) integra várias partes componentes, vários corpus de actores ou agentes, assim como várias Instituições. Ora, é a Instituição judicial (sistema judicial) e os agentes (recentemente, começou a ser utilizada a errónea expressão “agentes de justiça”) que a integram directa e indirectamente, que se tem especialmente discutido.
Dito de outro modo, é sobretudo do funcionamento dos Tribunais estaduais e da acção daqueles que neles principalmente operam – os magistrados – que se tem, entre nós, falado.
Pergunta-se, então, se estamos ou não confrontados com uma crise no funcionamento do sistema judicial?
Ora, se este sistema é eminentemente estadual, se atravessamos tempos conturbados (“tempos interessantes”, como dizem os chineses!) de mudança que nos trazem, entre outras coisas, a problematização da figura do Estado clássico, o declínio do paradigma estadual, então, é previsível que as dificuldades e provações sentidas por tal figura se reflictam num dos seus sistemas mais importantes. Ou seja, a crise do sistema judicial poderá ser (será também necessariamente) a actual “crise do paradigma do Estado”.
com que o blasfemo CAA nos brindou recentemente, reconduz-nos - pelo menos, reconduziu-me a mim - a um dos debates ultimamente mais mediatizados entre nós: a Justiça ou, de forma mais apelativa, a «Crise da Justiça» (rectius, os mass media é que recriaram o debate, logo, em consequência, trata-se, pela sua própria natureza genética, de um debate mediático!).
Mas, mesmo aceitando a expressão em causa (« a Crise da Justiça»), importa contudo precisar os termos do problema. Importa mesmo, desde logo, verificar se existe efectivamente – e porventura, em que sentido – um problema ou, no mínimo, um problema novo! Naturalmente, num certo sentido – que não é aquele que é trazido à colação usualmente – a Justiça está (sempre esteve) e, simultaneamente, não está em crise. A Justiça jurídica, o «atribuir a cada um o que é seu», a Justiça enquanto valor que se pretende em concretização na vida social, é sobretudo um critério referencial da ordenação social. Em si mesma é, em absoluto, inatingível e, por isso, a aplicação das suas manifestações afigura-se sempre, por definição, inacabada, imperfeita. A sua aplicação é também, por outro lado, duplamente dinâmica: dinâmica porque inacabada, logo, aberta a um continuum de aperfeiçoamento, resultante humanamente de experiência acumulada; por outro lado ainda, dinâmica porque o Homem e a sociedade também o são, evoluem e consequentemente configuram permanentemente novos cenários, novos problemas, novas encruzilhadas (sobretudo nos tempos que correm, de vivência de uma sociedade técnica em mutação rápida e complexa, de permanente quebra de paradigmas) que implicam novas respostas da Justiça em acção (ou talvez, diferentes caminhos para a realização da mesma Justiça).
Mas deixemos estes caminhos que não nos levam a outra conclusão senão a de que, então, é não só inevitável, pela natureza das coisas, a existência permanente de uma “crise” da Justiça, como é bom que a aplicação da Justiça em acção tenha consciência dessa inevitabilidade....ou seja, (em sentido corrente e mediático) não há – ou, então, sempre houve... o que equivale ao mesmo – problema algum com a Justiça!
Quando se fala – e muito se tem falado entre nós, recentemente e a reboque de uma lógica mediática (e, neste ponto, ainda bem!) – de «Crise da Justiça», o que habitualmente se pretende discutir é a existência de um mau funcionamento na máquina administrativa/estadual de aplicação do Direito (ver postas já referidas e ainda “OS 29 ARGUIDOS DO CASO DA PONTE DE ENTRE-OS-RIOS FORAM DESPRONUNCIADOS”). É a própria aplicação do Direito (logo, da Justiça jurídica) que se questiona.
Na medida em que tal pode significar, em concreto, uma denegação de Justiça para os cidadãos, na medida em que tal denegação nos pode afectar a todos e prejudicar, a qualquer momento, os nossos interesses e direitos, tal mau funcionamento da aplicação do Direito é uma causa forte de insegurança, generalizadamente sentida por todos nós. Noutra perspectiva, se falamos de um sistema que é (quase) exclusivamente estadual, que se identifica funcionalmente com aquilo que é uma das traves-mestras definidoras e justificativas do Estado, então, as deficiências de tal sistema minam a credibilidade do próprio Estado. No fundo, é o Estado de Direito Democrático/ democracia que são afectados sempre que há problemas com o sistema de aplicação do Direito.
Porém, tal sistema de aplicação do Direito (e não discutindo, por agora, o próprio Direito/ordem jurídica estatuída, existente - legislada, no nosso caso - num determinado momento) integra várias partes componentes, vários corpus de actores ou agentes, assim como várias Instituições. Ora, é a Instituição judicial (sistema judicial) e os agentes (recentemente, começou a ser utilizada a errónea expressão “agentes de justiça”) que a integram directa e indirectamente, que se tem especialmente discutido.
Dito de outro modo, é sobretudo do funcionamento dos Tribunais estaduais e da acção daqueles que neles principalmente operam – os magistrados – que se tem, entre nós, falado.
Pergunta-se, então, se estamos ou não confrontados com uma crise no funcionamento do sistema judicial?
Ora, se este sistema é eminentemente estadual, se atravessamos tempos conturbados (“tempos interessantes”, como dizem os chineses!) de mudança que nos trazem, entre outras coisas, a problematização da figura do Estado clássico, o declínio do paradigma estadual, então, é previsível que as dificuldades e provações sentidas por tal figura se reflictam num dos seus sistemas mais importantes. Ou seja, a crise do sistema judicial poderá ser (será também necessariamente) a actual “crise do paradigma do Estado”.
30.3.04
CARO JOSÉ
(resposta a um comentário de JOSÉ à minha posta "Uma Lástima de Juiz")
Quanto à "chico-espertice":
1 - Não era minha intenção "botar figura" ou transbordar informações acerca daquilo que se está a passar naquele processo;
2 - No entanto, sei alguma coisa para além do que "vem nos jornais". E, desde já, asseguro-lhe que essa informação já é mais do que suficiente para fundamentar uma opinião acerca do dr. Rui Teixeira;
3 - Já fui advogado e conheço relativamente bem o modus operandi do sistema judicial português;
4 -Hoje, a minha profissão é ensinar direito. Como já a exerço há alguns anos, muitos dos meus ex-alunos são hoje juízes;
5 - Donde, conheço os dois "lados da barricada" e estou em condições de exteriorizar um comentário;
6 - O dr. Rui Teixeira não tem culpa pessoal - esta pertence à maquina judicial que, acefalamente, lhe colocou um processo desta complexidade nas mãos, tendo em conta a sua falta de condições objectivas e subjectivas para o suportar;
7 - Acresce que a exposição pública que este caso aportou requer uma especial fibra para lhe resistir - o juiz em causa não o conseguiu fazer;
8 - Apenas quanto a este último episódio (não concedendo nos múltiplos anteriores): dar uma entrevista em que se formulam opiniões gravíssimas sobre o desenrolar do processo enquanto este ainda está pendente e numa das suas fases mais críticas, é demasiado errado. É desleal para com a sua colega que agora o titula. É deontologicamente inconcebível. Descredibiliza definitivamente a honorabilidade profissional de quem o faz.
9 - A magistratura tem de perceber, quanto antes, a imperiosa necessidade de se adaptar à actual conjuntura da opinião pública se debruçar prioritariamente sobre as questões da Justiça. De querer saber porquê. De pôr em dúvida a bondade das suas decisões;
10 - A magistratura portuguesa já não vive em sistema autopoiético, fechada sobre si mesma e em circularidade auto-referencial. As pessoas comuns vêem e querem ver mais acerca dos Tribunais e dos magistrados;
11 - E se os senhores não têm cuidado, as pessoas vão acabar por perceber, cedo demais, um dos segredos mais bem guardados das faculdades de direito portuguesas e dos juristas que conhecem o funcionamento das coisas do direito - e este, caro José, diz respeito à qualidade profissional de grande parte da nossa magistratura...
Quanto à "chico-espertice":
1 - Não era minha intenção "botar figura" ou transbordar informações acerca daquilo que se está a passar naquele processo;
2 - No entanto, sei alguma coisa para além do que "vem nos jornais". E, desde já, asseguro-lhe que essa informação já é mais do que suficiente para fundamentar uma opinião acerca do dr. Rui Teixeira;
3 - Já fui advogado e conheço relativamente bem o modus operandi do sistema judicial português;
4 -Hoje, a minha profissão é ensinar direito. Como já a exerço há alguns anos, muitos dos meus ex-alunos são hoje juízes;
5 - Donde, conheço os dois "lados da barricada" e estou em condições de exteriorizar um comentário;
6 - O dr. Rui Teixeira não tem culpa pessoal - esta pertence à maquina judicial que, acefalamente, lhe colocou um processo desta complexidade nas mãos, tendo em conta a sua falta de condições objectivas e subjectivas para o suportar;
7 - Acresce que a exposição pública que este caso aportou requer uma especial fibra para lhe resistir - o juiz em causa não o conseguiu fazer;
8 - Apenas quanto a este último episódio (não concedendo nos múltiplos anteriores): dar uma entrevista em que se formulam opiniões gravíssimas sobre o desenrolar do processo enquanto este ainda está pendente e numa das suas fases mais críticas, é demasiado errado. É desleal para com a sua colega que agora o titula. É deontologicamente inconcebível. Descredibiliza definitivamente a honorabilidade profissional de quem o faz.
9 - A magistratura tem de perceber, quanto antes, a imperiosa necessidade de se adaptar à actual conjuntura da opinião pública se debruçar prioritariamente sobre as questões da Justiça. De querer saber porquê. De pôr em dúvida a bondade das suas decisões;
10 - A magistratura portuguesa já não vive em sistema autopoiético, fechada sobre si mesma e em circularidade auto-referencial. As pessoas comuns vêem e querem ver mais acerca dos Tribunais e dos magistrados;
11 - E se os senhores não têm cuidado, as pessoas vão acabar por perceber, cedo demais, um dos segredos mais bem guardados das faculdades de direito portuguesas e dos juristas que conhecem o funcionamento das coisas do direito - e este, caro José, diz respeito à qualidade profissional de grande parte da nossa magistratura...
PORQUÊ?????
"Tolerância de ponto na quinta-feira santa
O governo concedeu tolerância de ponto aos funcionários públicos na tarde do dia 8 de Abril, Quinta-feira Santa, anunciou ontem o gabinete do primeiro-ministro."
PORQUÊ?
O governo concedeu tolerância de ponto aos funcionários públicos na tarde do dia 8 de Abril, Quinta-feira Santa, anunciou ontem o gabinete do primeiro-ministro."
PORQUÊ?
AVARIAS
«Não acredito que nenhum português se queira aproveitar do Euro 2004 para manchar a imagem do seu país»; «Não acredito que nenhum português se queira aproveitar do Euro 2004 para manchar a imagem do seu país»; «Não acredito que nenhum português se queira aproveitar do Euro 2004 para manchar a imagem do seu país»; «Não acredito que nenhum português se queira aproveitar do Euro 2004 para manchar a imagem do seu país».
Quatro respostas seguidas de José Luís Arnaut, a quatro perguntas de uma jornalista da TSF.
A BOMBA
Um pacato cidadão dirigiu-se aos serviços da Câmara de Estarreja para tratar de assuntos diversos. Foi de bicicleta, como é tão comum naquela região.
Ao chegar a casa, reparou que se tinha esquecido em cima do balcão de atendimento do seu saquinho, com a bomba de encher pneus.
Procura o número e telefona. "Boa tarde, olhe, desculpe, é que eu deixei aí um saco com uma bomba e queria saber se o encontraram....."
Trás!!. A telefonista desliga sem mais o telefone. Com sentida aflição e grande alvoroço avisa todos os seus colegas mais próximos que diligentemente e cívicamente telefonam para a polícia. Esta, prontamente manda evacuar e encerrar a Câmara Municipal e, rodeada das devidas e normais cautelas, inicia o processo de revista das instalações.
Entretanto, o pacto cidadão, não satisfeito com a forma de atendimento e preocupado com o paradeiro dos seus haveres, lá voltou à Camara. Onde não conseguiu entrar porque a polícia lhe barrava a entrada.
"Mas ó senhor guarda eu só queria ir buscar a minha bomba..."
"Como?"
Dadas as devidas explicações, lá se desmontou o aparato e regressou-se à plena normalidade.
(verídico)
Ao chegar a casa, reparou que se tinha esquecido em cima do balcão de atendimento do seu saquinho, com a bomba de encher pneus.
Procura o número e telefona. "Boa tarde, olhe, desculpe, é que eu deixei aí um saco com uma bomba e queria saber se o encontraram....."
Trás!!. A telefonista desliga sem mais o telefone. Com sentida aflição e grande alvoroço avisa todos os seus colegas mais próximos que diligentemente e cívicamente telefonam para a polícia. Esta, prontamente manda evacuar e encerrar a Câmara Municipal e, rodeada das devidas e normais cautelas, inicia o processo de revista das instalações.
Entretanto, o pacto cidadão, não satisfeito com a forma de atendimento e preocupado com o paradeiro dos seus haveres, lá voltou à Camara. Onde não conseguiu entrar porque a polícia lhe barrava a entrada.
"Mas ó senhor guarda eu só queria ir buscar a minha bomba..."
"Como?"
Dadas as devidas explicações, lá se desmontou o aparato e regressou-se à plena normalidade.
(verídico)
E LÁ FORAM MAIS 60 MIL EUROS
pagos por nós, torrados em anúncios de jornal, sobre um evento particular.
A proposta da oposição e consequente unanimidade diz muito (mal), sobre a cultura de poder da actual geração política.
Com aquele dinheiro era capaz de se fazer alguma coisa de útil pelo munícipes. Ou caso a imaginação não abunde por aquelas paragens, sempre se poupavam verbas que não são deles.
A proposta da oposição e consequente unanimidade diz muito (mal), sobre a cultura de poder da actual geração política.
Com aquele dinheiro era capaz de se fazer alguma coisa de útil pelo munícipes. Ou caso a imaginação não abunde por aquelas paragens, sempre se poupavam verbas que não são deles.
BOICOTE
ou incompetência? O que se tem vindo a passar com o processo das construções no Parque da Cidade é do mais estranho que já vi.
29.3.04
O MAPA DA DOR
Saimos do carro. Reparo que ele coxeia.
" - O que é que tens filho?"
"- olha papá, aqui!"
Calça levantada, vejo no tornozelo uma grande cruz feita com esferográfica.
" - O que é isso?"
" - É para não me esquecer que foi neste pé que me magoei."
E pronto, deixou de coxear.
" - O que é que tens filho?"
"- olha papá, aqui!"
Calça levantada, vejo no tornozelo uma grande cruz feita com esferográfica.
" - O que é isso?"
" - É para não me esquecer que foi neste pé que me magoei."
E pronto, deixou de coxear.
UMA LÁSTIMA DE JUIZ
Uma segunda-feira fatigante só me permitiu conhecer agora a entrevista de Rui Teixeira ao DN.
Lamentável. O homem parece não querer deixar de ser a figura de referência do caso ao mesmo tempo que denota uma preocupante vertigem pela ribalta.
Apesar de já não ser o juiz titular do processo, o recato e o bom senso deveriam ser um ponto de honra de quem já deteve tão importantes responsabilidades. Mas nada disso parece estar presente no comportamento de Rui Teixeira.
Fala de provas. Designa culpados. Julga e sentencia (sem contraditório). Manda recados para os que continuam em funções.
Enfim, uma evitável e triste de entrevista de alguém que, definitivamente, demonstrou não ter as condições mínimas de imparcialidade para ter desempenhado a função de JIC num caso desta dimensão.
Tudo isto num momento em que ainda faltam conhecer os efeitos processuais da última anulação do Tribunal da Relação de Lisboa.
Como me dizia um amigo, "vais ver que os pedófilos ainda se vão safar à custa das azelhices e da falta de tino dos magistrados". A avaliar pelo presente exemplo, não me custa admitir que talvez seja verdade.
Lamentável. O homem parece não querer deixar de ser a figura de referência do caso ao mesmo tempo que denota uma preocupante vertigem pela ribalta.
Apesar de já não ser o juiz titular do processo, o recato e o bom senso deveriam ser um ponto de honra de quem já deteve tão importantes responsabilidades. Mas nada disso parece estar presente no comportamento de Rui Teixeira.
Fala de provas. Designa culpados. Julga e sentencia (sem contraditório). Manda recados para os que continuam em funções.
Enfim, uma evitável e triste de entrevista de alguém que, definitivamente, demonstrou não ter as condições mínimas de imparcialidade para ter desempenhado a função de JIC num caso desta dimensão.
Tudo isto num momento em que ainda faltam conhecer os efeitos processuais da última anulação do Tribunal da Relação de Lisboa.
Como me dizia um amigo, "vais ver que os pedófilos ainda se vão safar à custa das azelhices e da falta de tino dos magistrados". A avaliar pelo presente exemplo, não me custa admitir que talvez seja verdade.
A DIREITA E O ESTADO
A direita nunca teve posições convergentes sobre o Estado, o seu papel na sociedade e as relações de poder que deve estabelecer com os indivíduos.
A direita tradicional, inspirada num pessimismo antropológico de origem hobbesiana, acha que o Estado deve ser forte, activo e interventor, de forma a evitar os males maiores da liberdade individual. Os homens entregues a si próprios tenderiam para o conflito e a destruição, pelo que apenas uma estrutura de soberania colectiva poderia evitar semelhante fatalidade.
A direita conservadora, no sentido actual da expressão, que não comporta, saliente-se, o seu significado original, vê o Estado como um aparelho ao serviço das elites dirigentes, de preferência se ele acolitar aquelas onde se encontra. A coisa pública seria assunto de uns poucos, de burocracias políticas formadas na tradição secular do serviço público, ao qual se tem acesso por mérito próprio e, obviamente, cooptação seleccionada. Para esta direita o Estado é um elemento neutro, ao sabor das vontades de quem o domina, útil ou inconveniente, conforme as circunstâncias.
A direita liberal entende o Estado como um mal evitável, já que concebe as sociedades humanas como grandes mercados, nos quais os processos de trocas livremente assumidas entre os interessados substituem, com vantagem, a autoridade pública. Nesta visão cataláctica, o Estado é apenas mais um parceiro social, no qual operam homens com interesses específicos, obedientes a uma racionalidade própria de uma empresa dotada de um poder muito especial. Por isso, quando muito, ao Estado poderão ser toleradas algumas funções, como a jurisdicional e a de defesa, sendo as demais manifestações de interesse social da inteira responsabilidade dos indivíduos. O critério terá de ser não o de aceitar que a gestão pública desses serviços possa ser mais eficaz do que a privada, mas que a iniciativa privada, ela própria, teria dificuldade em geri-los de forma isenta e imparcial. E, mesmo em relação a essas funções mínimas, há quem as considere perfeitamente privatizáveis, hipótese que nos não parece de excluir de imediato.
Para o liberalismo, o homem não é nem bom nem mau, muito menos esse deve ser um critério para estabelecer definições políticas. Os homens são como são, tal como a natureza os determinou, sendo porém absolutamente evidente que, nos órgãos do Estado, também encontramos homens, com as mesmas qualidades e os mesmos defeitos de todos os outros. Nem deuses, nem super-homens. Por isso, o pessimismo antropológico não nos pode servir como critério de atribuição de poderes ao Estado. Quando muito, se o perfilharmos, deverá conduzir-nos precisamente à posição inversa: se os homens são tendencialmente maus, então aqueles que nos governam e que detêm um especial poder sobre todos os outros, não estando imunes a essas propensões, devem ser muito limitados no uso dos seus poderes e das suas competências.
Em conclusão, eu diria que a polémica sobre a direita e a esquerda, que se estabeleceu entre o meu colega e amigo Gabriel Silva e o CN da Causa Liberal, está vazia de sentido. Hoje em dia, para além de um critério meramente instrumental de distinção parlamentar (tal como o foi na origem, em França, no pós 1789), não existem valores suficientemente identificadores das categorias esquerda e direita. Não existem denominadores comuns dentro de cada uma das categoria, que têm valor estritamente sociológico, isto é, nenhum. À esquerda há quem reconheça o primado do indivíduo sobre o Estado e vice-versa, e à direita passa-se rigorosamente o mesmo. Actualmente, mais importante do que nos querermos situar de um ou de outro lado da linha, é sobretudo importante averiguarmos o que cada um pensa sobre o Estado. Até porque, em minha opinião, essa linha é cada vez mais imaginária.
Imperdível
O texto neo-realista de Eduardo Prado Coelho, hoje, no Público:
«cara drª Manuela Ferreira Leite, sei que anda agora no espaço virtual um cheque meu de 1.300 contos. De noite acordo e vejo-o passar no tecto do quarto. Vou tentar recuperá-lo. Não sei se o conseguirei antes da retoma. E a minha retoma atrasou-se um pouco com este rombo inesperado nas finanças. As minhas, claro, as minhas finanças desassisadas.».
Melhor, só a confissão, no mesmo Jornal, de que as frases de (pré) campanha do PS, desta vez, são mesmo para levar a sério (lembram-se dos cartazes do cartão amarelo?):
«"Não queremos que o governo caia" após as europeias».
Para que serve, então, a nacionalização destas eleições?
P.S.: concordo cada vez mais, com o Manuel da Gande Loja: Marcelo Rebelo de Sousa vai ser o cabeça de lista da coligação às Europeias.
«cara drª Manuela Ferreira Leite, sei que anda agora no espaço virtual um cheque meu de 1.300 contos. De noite acordo e vejo-o passar no tecto do quarto. Vou tentar recuperá-lo. Não sei se o conseguirei antes da retoma. E a minha retoma atrasou-se um pouco com este rombo inesperado nas finanças. As minhas, claro, as minhas finanças desassisadas.».
Melhor, só a confissão, no mesmo Jornal, de que as frases de (pré) campanha do PS, desta vez, são mesmo para levar a sério (lembram-se dos cartazes do cartão amarelo?):
«"Não queremos que o governo caia" após as europeias».
Para que serve, então, a nacionalização destas eleições?
P.S.: concordo cada vez mais, com o Manuel da Gande Loja: Marcelo Rebelo de Sousa vai ser o cabeça de lista da coligação às Europeias.
DEMOCRACIA
Caro CN:
Fez muito bem em colocar um ponto de interrogação a seguir ao termo "direita". De facto, até hoje ainda não sei determinar com precisão o que isso seja. Nem o seu inverso. Conservador não sou. Sou (acho e dizem-me que sim), Liberal.
E como sabe, esta é uma ideologia que teve, tem e terá um caracter "revolucionário", no sentido de defesa de mudanças profundas e por vezes radicais em certas sociedades. Não necessáriamente pela via da violência ou da insurrecção, mas que as não exclue.
Citando-me (o que é esquisito!): "Os regimes democráticos deveriam, em qualquer caso, apoiar politica e financeiramente os grupos internos ou externos de opositores de qualquer regime não-democrático. Sempre."
Eis algo que me parece óbvio.
Pergunta se no Chile uns anos atrás. Claro que sim. Entendo que o anterior regime não era democrático, não respeitava as liberdades individuais, nem as leis, era opressor e tirânico, pelo que o derrube daquele regime só poderia ser positivo para o povo chileno. Só tenho pena que o seu principal responsável não esteja a dar com os ossinhos numa cela.
O facto de um Estado apoiar os resistentes e opositores internos ou externos de um outro Estado não implica necessáriamente que não possam coexistir relações diplomáticas, comerciais e outras entre os dois Estados. Serem amigos ou parceiros "preferenciais" é que me parece mais difícil.
A prática demonstra que é isso que se passa. Exemplo: o Reino Unido, a Alemanha , a França e outros acolhem com grande generosidade os opositores iranianos, apoiam as suas actividades e nem por isso deixam de ter relações cordiais com o Estado iraniano. Muitos outros exemplos podem ser dados. Acrescenta-se ainda que tal apoio nem sempre implica uma forma aberta e descarada, podendo revestir formas mais subtis e eficazes, como sejam as inúmeras "fundações", a política e critérios para acolhimento de refugiados, as actividades dos serviços secretos, empresas, etc.
Não vejo em que é que a democracia seja incompatível com a "propriedade e o contrato". Pelo contrário, não conheço melhor forma de salvaguardar a integridade da propriedade e o respeito dos contratos do que a democracia e o consequente respeito pela lei.
Por último: "se devia fomentar a revolução no Qatar, Kowet, Emirados Unidos, ou mesmo Arábia Saudita (...)? O método a utilizar (revolução violenta, evolução reformista, derrube pacífico), deverá ser deixado ao critério daqueles povos e ás circunstâncias de tempo, oportunidade e condicionantes internas e externas.
Mas respondo claramente que sim, que tais regimes deveriam ser derrubados e até rapidamente. No Qatar algumas reformas importantes tem vindo a ser implementadas pelo actual soberano. A Arábia Saudita é o exemplo mais flagrante de como "aquilo" não tem pés nem cabeça e o mundo em geral só ganhava com o seu derrube imediato. São fanáticos, apoiam todo e qualquer grupo fundamentalista por esse mundo fora (Afeganistão, Sudão, Iraque, UK, França, Argélia, etc.), são ladrões do seu próprio povo, tiranos e sanguinários.
O desenvolvimento económico não é tudo na vida, nem sequer o mais importante.
Fez muito bem em colocar um ponto de interrogação a seguir ao termo "direita". De facto, até hoje ainda não sei determinar com precisão o que isso seja. Nem o seu inverso. Conservador não sou. Sou (acho e dizem-me que sim), Liberal.
E como sabe, esta é uma ideologia que teve, tem e terá um caracter "revolucionário", no sentido de defesa de mudanças profundas e por vezes radicais em certas sociedades. Não necessáriamente pela via da violência ou da insurrecção, mas que as não exclue.
Citando-me (o que é esquisito!): "Os regimes democráticos deveriam, em qualquer caso, apoiar politica e financeiramente os grupos internos ou externos de opositores de qualquer regime não-democrático. Sempre."
Eis algo que me parece óbvio.
Pergunta se no Chile uns anos atrás. Claro que sim. Entendo que o anterior regime não era democrático, não respeitava as liberdades individuais, nem as leis, era opressor e tirânico, pelo que o derrube daquele regime só poderia ser positivo para o povo chileno. Só tenho pena que o seu principal responsável não esteja a dar com os ossinhos numa cela.
O facto de um Estado apoiar os resistentes e opositores internos ou externos de um outro Estado não implica necessáriamente que não possam coexistir relações diplomáticas, comerciais e outras entre os dois Estados. Serem amigos ou parceiros "preferenciais" é que me parece mais difícil.
A prática demonstra que é isso que se passa. Exemplo: o Reino Unido, a Alemanha , a França e outros acolhem com grande generosidade os opositores iranianos, apoiam as suas actividades e nem por isso deixam de ter relações cordiais com o Estado iraniano. Muitos outros exemplos podem ser dados. Acrescenta-se ainda que tal apoio nem sempre implica uma forma aberta e descarada, podendo revestir formas mais subtis e eficazes, como sejam as inúmeras "fundações", a política e critérios para acolhimento de refugiados, as actividades dos serviços secretos, empresas, etc.
Não vejo em que é que a democracia seja incompatível com a "propriedade e o contrato". Pelo contrário, não conheço melhor forma de salvaguardar a integridade da propriedade e o respeito dos contratos do que a democracia e o consequente respeito pela lei.
Por último: "se devia fomentar a revolução no Qatar, Kowet, Emirados Unidos, ou mesmo Arábia Saudita (...)? O método a utilizar (revolução violenta, evolução reformista, derrube pacífico), deverá ser deixado ao critério daqueles povos e ás circunstâncias de tempo, oportunidade e condicionantes internas e externas.
Mas respondo claramente que sim, que tais regimes deveriam ser derrubados e até rapidamente. No Qatar algumas reformas importantes tem vindo a ser implementadas pelo actual soberano. A Arábia Saudita é o exemplo mais flagrante de como "aquilo" não tem pés nem cabeça e o mundo em geral só ganhava com o seu derrube imediato. São fanáticos, apoiam todo e qualquer grupo fundamentalista por esse mundo fora (Afeganistão, Sudão, Iraque, UK, França, Argélia, etc.), são ladrões do seu próprio povo, tiranos e sanguinários.
O desenvolvimento económico não é tudo na vida, nem sequer o mais importante.
BLASFERAS (III Ed.)
Já está ali, na coluna da direita, a edição desta semana de blasfémias sem palavras.
Update para arquivo:
Update para arquivo:
Relativismos
Só agora li e imagino que terá também imperdoavelmente escapado aos outros blasfemos, dado que ainda nenhum fez o habitual destaque. Pronto, faço eu desta vez:
A “nossa” Helena Matos continua igual a si própria! Incisiva, oportuna, brilhante como sempre!
A “nossa” Helena Matos continua igual a si própria! Incisiva, oportuna, brilhante como sempre!
LEITURAS POLÍTICAS (SIMPLISTAS)
Se a vitória socialista em Espanha foi entendida por alguns como um voto contra a política de Aznar de apoio à intervenção no Iraque, poderemos ver na derrota estrondosa do governo de Chirac, uma brilhante vitória do socialismo de terceira via, "à Blair"?
28.3.04
ANA GOMES NO SEU PIOR
Ana Gomes diz:
"1) Como se combate o terrorismo internacional?
Com governos europeus competentes, inteligentes e determinados, capazes de perceber o que é o terrorismo internacional e o que são as suas causas profundas, designadamente conflitos politícos não resolvidos (como o conflito israelo-palestino, a ocupação estrangeira do Iraque e regimes ditatoriais violadores dos direitos humanos) e gritantes injustiças e desigualdades no mundo que tornam muita gente tão desesperada que recorre ao mais abjecto dos métodos: o terror indiscriminado."
Um naco de prosa sem classificação. É mau de mais.
Tudo o que ali está escrito é errado e profundamente chocante. É quase abjecto para com as vítimas da injustiças e do sofrimento por esse mundo fora. Sim, porque é que são tão cobardes que nem sequer recorrem ao terrorismo? Segundo Ana Gomes, em parte são coniventes com o seu próprio sofrimento, no mínimo por omissão.
Já agora, onde se enquadra a Al-quaeda naquele quadro? Na luta contra as injustiças?
Que pensamento perigoso!
Vá lá que teve a coragem de o publicar. Pelo menos ninguém pode um dia dizer que não sabia.
"1) Como se combate o terrorismo internacional?
Com governos europeus competentes, inteligentes e determinados, capazes de perceber o que é o terrorismo internacional e o que são as suas causas profundas, designadamente conflitos politícos não resolvidos (como o conflito israelo-palestino, a ocupação estrangeira do Iraque e regimes ditatoriais violadores dos direitos humanos) e gritantes injustiças e desigualdades no mundo que tornam muita gente tão desesperada que recorre ao mais abjecto dos métodos: o terror indiscriminado."
Um naco de prosa sem classificação. É mau de mais.
Tudo o que ali está escrito é errado e profundamente chocante. É quase abjecto para com as vítimas da injustiças e do sofrimento por esse mundo fora. Sim, porque é que são tão cobardes que nem sequer recorrem ao terrorismo? Segundo Ana Gomes, em parte são coniventes com o seu próprio sofrimento, no mínimo por omissão.
Já agora, onde se enquadra a Al-quaeda naquele quadro? Na luta contra as injustiças?
Que pensamento perigoso!
Vá lá que teve a coragem de o publicar. Pelo menos ninguém pode um dia dizer que não sabia.
MARCELO FAZ COMPARAÇÕES ABSURDAS
Revelando uma desonestidade intelectual que já está para além da redenção, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou o seu tempo de antena dominical na TVI para relacionar ideologicamente o PND com a força política extrema direita francesa, racista e estatizante, liderada pela nefanda figura de Jean Marie Le Pen.
Marcelo Rebelo de Sousa estava a falar há cerca de uma hora. Já tinha analisado vários temas da política nacional e internacional com aquela volúvel ligeireza que lhe é proverbial.
De acordo com a lógica que se consegue extrair daquilo que afirma, Marcelo Rebelo de Sousa tinha tentado demonstrar a facilidade gritante com que seriam resolvidos alguns dos principais problemas políticos contemporâneos: a questão do Iraque, o conflito na Palestina, os temores ocidentais face às ameaças globais do terrorismo, entre outros. Tudo o que seria necessário para que essas dificuldades fossem vencidas, depreende-se, limitar-se-ia a termos de seguir, com fidelidade, os sábios e avisados conselhos do Professor Marcelo.
Ou seja, os grandes temas da política actual seriam remediados se os líderes mundiais - Bush, Blair, Chirac, Puttin, Kofi Annan, Sharon, Arafat, Aznar, pelo menos - ouvissem os comentários do Professor Marcelo na TVI!
Ou então, caso as suas agendas ou o estorvo dos fusos horários não o permitissem, do mal o menos, lhe telefonassem de quando em vez para melhor se aconselharem...
A dado passo, o Professor Marcelo sentenciou acerca dos resultados da 2ª volta das eleições locais francesas. Falou em "cartões amarelos ao Governo", vaticinou remodelações e tempos amargos para a maioria governamental em França. Enfim, tudo coisas demasiado originais que nenhum outro mortal, desprovido das capacidades extraordinárias do Professor, teria, sequer, imaginado.
Foi então que o excessivamente macio e impressionável locutor de serviço da TVI inquiriu o verdadeiro oráculo que tinha pela frente da possibilidade de algo semelhante acontecer em Portugal.
- "Que não, que não" - certificou o Professor, sorrindo - "é que aqui em Portugal a extrema direita, A NOVA DEMOCRACIA, não tem a mesma força que o senhor Le Pen tem em França".
Há duas possibilidades para explicar este disparate. Ou o Professor estava demasiado cansado e foi negligente; ou não o foi, e esta comparação despropositada foi intencional e dolosa.
No primeiro caso o Professor Marcelo Rebelo de Sousa deverá pedir desculpas públicas pela sua grosseira falta de cuidado.
No segundo caso, revela uma lacuna séria na honestidade de uma figura pública que já deteve grandes responsabilidades antes de ser comentador dominical na TVI.
É quase ocioso lembrar que a Nova Democracia não tem aspecto algum que a possa conotar com qualquer forma extrema direita política, passada ou presente. Isso não existe no seu Manifesto. Nem na sua Declaração de Princípios. Nem na Moção aprovada no seu I Congresso. Nem em qualquer documento ou declaração política dos seus dirigentes.
Nenhum militante do Partido da Nova Democracia, independentemente das suas responsabilidades, defende causas, teses ou temas, vizinhos de qualquer extremismo ou totalitarismo. O partido de que sou militante é pela Liberdade. Defende inexoravelmente os direitos fundamentais. Qualquer forma de racismo ou de xenofobia é-nos repulsiva. Qualquer ideia que contrarie a dignidade da pessoa merece o nosso combate. Temo-lo afirmado vezes demais para alguém, supostamente tão bem informado como o Professor Marcelo, ainda de tal não se tenha apercebido.
O que deixa, apenas, as possibilidades do Professor ter tido um infeliz momento de extrema desatenção ou de estar a querer mistificar e deformar a realidade, servindo-se do veículo da TVI para atingir propósitos menos claros.
Em qualquer dos casos, este é um incidente revelador de manifesta irresponsabilidade, para além de atestar o estado de decrepitude moral do sistema político português, exemplificado por um dos seus mais reputados artífices.
Marcelo Rebelo de Sousa estava a falar há cerca de uma hora. Já tinha analisado vários temas da política nacional e internacional com aquela volúvel ligeireza que lhe é proverbial.
De acordo com a lógica que se consegue extrair daquilo que afirma, Marcelo Rebelo de Sousa tinha tentado demonstrar a facilidade gritante com que seriam resolvidos alguns dos principais problemas políticos contemporâneos: a questão do Iraque, o conflito na Palestina, os temores ocidentais face às ameaças globais do terrorismo, entre outros. Tudo o que seria necessário para que essas dificuldades fossem vencidas, depreende-se, limitar-se-ia a termos de seguir, com fidelidade, os sábios e avisados conselhos do Professor Marcelo.
Ou seja, os grandes temas da política actual seriam remediados se os líderes mundiais - Bush, Blair, Chirac, Puttin, Kofi Annan, Sharon, Arafat, Aznar, pelo menos - ouvissem os comentários do Professor Marcelo na TVI!
Ou então, caso as suas agendas ou o estorvo dos fusos horários não o permitissem, do mal o menos, lhe telefonassem de quando em vez para melhor se aconselharem...
A dado passo, o Professor Marcelo sentenciou acerca dos resultados da 2ª volta das eleições locais francesas. Falou em "cartões amarelos ao Governo", vaticinou remodelações e tempos amargos para a maioria governamental em França. Enfim, tudo coisas demasiado originais que nenhum outro mortal, desprovido das capacidades extraordinárias do Professor, teria, sequer, imaginado.
Foi então que o excessivamente macio e impressionável locutor de serviço da TVI inquiriu o verdadeiro oráculo que tinha pela frente da possibilidade de algo semelhante acontecer em Portugal.
- "Que não, que não" - certificou o Professor, sorrindo - "é que aqui em Portugal a extrema direita, A NOVA DEMOCRACIA, não tem a mesma força que o senhor Le Pen tem em França".
Há duas possibilidades para explicar este disparate. Ou o Professor estava demasiado cansado e foi negligente; ou não o foi, e esta comparação despropositada foi intencional e dolosa.
No primeiro caso o Professor Marcelo Rebelo de Sousa deverá pedir desculpas públicas pela sua grosseira falta de cuidado.
No segundo caso, revela uma lacuna séria na honestidade de uma figura pública que já deteve grandes responsabilidades antes de ser comentador dominical na TVI.
É quase ocioso lembrar que a Nova Democracia não tem aspecto algum que a possa conotar com qualquer forma extrema direita política, passada ou presente. Isso não existe no seu Manifesto. Nem na sua Declaração de Princípios. Nem na Moção aprovada no seu I Congresso. Nem em qualquer documento ou declaração política dos seus dirigentes.
Nenhum militante do Partido da Nova Democracia, independentemente das suas responsabilidades, defende causas, teses ou temas, vizinhos de qualquer extremismo ou totalitarismo. O partido de que sou militante é pela Liberdade. Defende inexoravelmente os direitos fundamentais. Qualquer forma de racismo ou de xenofobia é-nos repulsiva. Qualquer ideia que contrarie a dignidade da pessoa merece o nosso combate. Temo-lo afirmado vezes demais para alguém, supostamente tão bem informado como o Professor Marcelo, ainda de tal não se tenha apercebido.
O que deixa, apenas, as possibilidades do Professor ter tido um infeliz momento de extrema desatenção ou de estar a querer mistificar e deformar a realidade, servindo-se do veículo da TVI para atingir propósitos menos claros.
Em qualquer dos casos, este é um incidente revelador de manifesta irresponsabilidade, para além de atestar o estado de decrepitude moral do sistema político português, exemplificado por um dos seus mais reputados artífices.
Chirac muito pior que Aznar
Chirac perdeu (e bem) as regionais. Mas isto deixou-me algo confuso: será que aquele rapaz também fazia parte do “bando dos Açores”?
Outro facto que nos alegra: Giscard d’Estaing, cabeça de lista na região de Auvergne, não conseguiu manter a vantagem da 1ª volta sobre o socialista Pierre-Joel Bonté (36% contra 28%) e perdeu hoje para este (47,5% contra 52,5%).
Providencial “aliado” dos socialistas nesta autêntica “cilindragem” foi, em várias regiões, a Frente Nacional de Le Pen. Onde houve 2ª volta “a três”, a esquerda foi sempre vencedora, mesmo não obtendo, como aconteceu na maioria dos casos, mais de 50% dos votos. Vejam-se os resultados na Île de France, Provence-Alpes-Côte d’Azur (PACA) e Rhône-Alpes.
Tudo somado, teremos uma França rosa carregado: 20 regiões governadas pela esquerda, 1 pela direita e 1 ainda indecisa. Comparando com as anteriores regionais, a direita detinha o poder em 14 regiões e a esquerda em 8. Uma autêntica hecatombe!
Outro facto que nos alegra: Giscard d’Estaing, cabeça de lista na região de Auvergne, não conseguiu manter a vantagem da 1ª volta sobre o socialista Pierre-Joel Bonté (36% contra 28%) e perdeu hoje para este (47,5% contra 52,5%).
Providencial “aliado” dos socialistas nesta autêntica “cilindragem” foi, em várias regiões, a Frente Nacional de Le Pen. Onde houve 2ª volta “a três”, a esquerda foi sempre vencedora, mesmo não obtendo, como aconteceu na maioria dos casos, mais de 50% dos votos. Vejam-se os resultados na Île de France, Provence-Alpes-Côte d’Azur (PACA) e Rhône-Alpes.
Tudo somado, teremos uma França rosa carregado: 20 regiões governadas pela esquerda, 1 pela direita e 1 ainda indecisa. Comparando com as anteriores regionais, a direita detinha o poder em 14 regiões e a esquerda em 8. Uma autêntica hecatombe!
O (DE)MISSIONÁRIO
Voltou! E dá "explicações" da sua saída. Fica-se na mesma: se tinha maioria relativa + queijo porque não continuou? Estava o seu "projecto" dependente das autarquias que perdeu? Foi uma questão de poder interno do PS? Já ninguém o suportava, já ninguém queria ir para o Governo? Não seria culpa sua?
Projecto? Qual projecto?
Deixe-se estar como político inactivo na Internacional Socialista!
Projecto? Qual projecto?
Deixe-se estar como político inactivo na Internacional Socialista!
PRESUNÇÃO
"(...)o Presidente francês, Jacques Chirac, (...), teve uma achega a próposito:" independentemente do "charme" da cidade de Lisboa, este termo de Estratégia de Lisboa não é muito invocador da realidade", afirmou. E atalhou, meio irónico, que deveria antes chamar-se "Estratégia do Porto, porque o Porto é muito bom". Presume-se que se referia ao dinamismo económico da cidade Invicta".
Isabel Arriaga e Cunha, "Público", 27/03
Dinamismo económico? Onde e qual?
Certamente que se referia aos 2-0 ao Lyon.
Isabel Arriaga e Cunha, "Público", 27/03
Dinamismo económico? Onde e qual?
Certamente que se referia aos 2-0 ao Lyon.
INTERVENCIONISMO
O ministro Bagão prepara-se para aprovar legislação que permita ao governo descontar nos subsídios de desemprego dos trabalhadores dependentes os montantes recebidos como indemnização de despedimento, acima do valor mínimo estabelecido pela lei de um mês por cada ano de serviço.
Esclareçamos, de imediato, que somos absolutamente contrários a esses e a quaisquer subsídios provenientes do Estado que, quase sem excepção, contribuem para o empobrecimento do país e, sobretudo, de quem os recebe.
Porém, há que assinalar que, enquanto se mantiver a actual carga fiscal incidente sobre os rendimentos dos cidadãos, esses e os outros subsídios são-lhes mais do que devidos, na medida em que o Estado obriga coercivamente os cidadãos a contribuirem para os seus sistemas de segurança social, impedindo-os, na prática, de recorrerem a sistemas privados, onde a oferta seria garantidamente mais barata e de melhor qualidade.
Assim, é bom que o ministro Bagão entenda o seguinte: o governo a que pertence deverá pagar os subsídios de desemprego, porque cobra aos trabalhadores elevados impostos para esse efeito; os acordos de rescisão laboral entre trabalhadores e as suas entidades patronais são de natureza exclusivamente privada, e o Estado não deve imiscuir-se neles. Ir buscar dinheiro a um lado para evitar ter que pôr pelo outro é um roubo puro e simples. Vindo de um governo supostamente conservador, avesso ao socialismo e respeitador da propriedade e da iniciativa privadas.
ABERTURAS
De acordo com os jornais, o PSD do Porto (?) pretende «abrir-se à sociedade», promovendo um «Conselho Estratégico Sectorial do Porto», que realizará debates entre «militantes e independentes», em torno dos assuntos do costume: saúde, justiça, educação, etc., etc., etc.
Quem o disse foi precisamente o líder da estrutura, que, ao fazê-lo, reconhece simplesmente que, ao fim de trinta anos de existência, o Partido Social Democrata é um aparelho de poder, hermeticamente fechado, no qual têm assento meia-dúzia de caciques que fundamentam a sua legitimidade em eleições manhosas para os órgãos locais, disputadas com votos de familiares, parentes e amigos, que eles «cacicam» uns dias antes, aos quais se juntam os inefáveis «jotinhas». No que, diga-se em abono da verdade, não se distingue de todos os outros partidos.
Evidentemente, que a proposta do líder Marco António é apenas mais um artifício pré-eleitoral, para que tudo se mantenha na mesma, passadas as eleições para o Parlamento Europeu. Qualquer proposta séria para alterar esta situação, para abrir os partidos e o sistema político à cidadania e democratizá-los, passa, naturalmente, por uma profunda alteração do sistema eleitoral para círculos uninominais, que admitam candidaturas independentes, com a eleição por maioria simples. Por isso mesmo, ninguém nos partidos fala nela. Não interessa.
27.3.04
ONDE ESTÃO ELES?
«Hamas promete «vingança devastadora» contra Israel
O líder do grupo armado palestino Hamas, Khaled Mashaal, declarou este sábado à estação televisiva Al-Arabiya que Israel enfrentará uma vingança «devastadora» por ter assassinado o fundador do Hamas, o xeque Ahmed Yassin».
Onde estão agora os arautos do pacifismo, os defensores da paz a todo o custo, os anti-americanos do costume, os anti-sionistas de sempre, os bloquistas da esquerda que temos, os barnabés da nossa blogosfera? É estranho! Ainda não ouvi ninguém a pronunciar-se sobre isto. Mas aposto que hão-de encontrar bons fundamentos para (mais) esta ameaça deste assassino. Como sempre costumam fazer.
CUIDADO:LÍDER!
O PS precisa de um semáforo senão atropelam-se todos:
João Soares quer avançar se...
Sócrates disponível em Novembro se ....
Jorge Coelho avança se...
Jaime Gama ainda é um esperança para avançar se ...
ESTRANHOS CONSENSOS
Segundo o "Público" de ontem o PM e o líder do Ps estarão de acordo quanto às medidas de reforço ao combate ao terrorismo a nível da Ue, nomeadamente: 1. "criação do cargo de coordenador contra o terrorismo"; 2. "reforço dos mecanismos de cooperação operacional entre os serviços de segurança dos vários estados membros"; 3. "aplicação imediata, em casos de atatques terroristas da cláusula de solidariedade prevista no projecto do Tratado Constitucional da UE"; 4. "criação de um mecanismo de compensação das vítimas do terrorismo"; 5. "recomendação para que os vários Estados membros promovam, com a maior celeridade, a aplicação nos respectivos países medidas, orientações e directivas aprovadas no seio da União";
Tirando o ponto 4, não é explicado em nenhum lado, o que significam na prática tais "medidas". Em que sentido as leis penais, os actuais dispositivos e sistemas de segurança, os mecanismos de vigilância, as liberdades individiuais, a coordenação policial, os poderes próprios dos organismos de segurança nacionais serão afectados. É um estranho consenso no vazio, um cheque em branco, uma linguagem hermética, um passa a bola para a UE. E perigoso, quando se sabe como nestes casos a tentação de cortar/limitar as liberdades individuais em nome da segurança são grandes. O bloco central e o regime parecem estar de acordo, mas nós, os cidadãos, não sabemos ao certo em quê.
E no entanto, nas coisas práticas, como seja indicarem elementos para o conselho de acompanhamento dos serviços de segurança (uma medida prática e fundamental num regime democrático) não conseguem (há 8 meses!),chegar a acordo e perdem tempos infinitos em politiquices típicas do actual regime.
Tirando o ponto 4, não é explicado em nenhum lado, o que significam na prática tais "medidas". Em que sentido as leis penais, os actuais dispositivos e sistemas de segurança, os mecanismos de vigilância, as liberdades individiuais, a coordenação policial, os poderes próprios dos organismos de segurança nacionais serão afectados. É um estranho consenso no vazio, um cheque em branco, uma linguagem hermética, um passa a bola para a UE. E perigoso, quando se sabe como nestes casos a tentação de cortar/limitar as liberdades individuais em nome da segurança são grandes. O bloco central e o regime parecem estar de acordo, mas nós, os cidadãos, não sabemos ao certo em quê.
E no entanto, nas coisas práticas, como seja indicarem elementos para o conselho de acompanhamento dos serviços de segurança (uma medida prática e fundamental num regime democrático) não conseguem (há 8 meses!),chegar a acordo e perdem tempos infinitos em politiquices típicas do actual regime.
DITADURAS, DEMOCRACIAS E OS AMIGOS
Que os Estados democráticos tenham relações com Estados não-democráticos, é algo que decorre da natureza das relações internacionais normais, às quais qualquer Estado, independentemente do respectivo regime, está obrigado.
Daí a que a democracias sejam “amigas” de Estados e regimes não-democráticos é que já é um passo inaceitável, na medida em que um democrata não pode aceitar o relativismo de que o que é bom e desejável para a sua comunidade seja mau ou inoportuno para outra comunidade. Nesse sentido, a democracia e a liberdade tem um alcance global.
Que um Estado como a Líbia, com um passado de apoio e formação a grupos terroristas, reformule a sua posição e adopte medidas de combate ao terrorismo é algo de naturalmente positivo. Que um ditador e um regime como o Líbio passe a ser considerado “amigo” não é aceitável. Que o Estado Líbio passe a ser apontado como “um exemplo a seguir” pelos demais Estados árabes é um exagero de mau gosto.
Um dirigente democrata deverá advogar sempre, sem excepção, a rápida transformação de um Estado ou regime não-democrático numa plena democracia. Sempre, sempre.
Tal atitude, coerente com os princípios que as sociedades democráticas respeitam e defendem para todos, em nada colidirá com as relações institucionais que sejam necessárias estabelecer com as não-democracias. Mas no plano dos princípios, tal deverá ser sempre dito e reafirmado.
Não é portanto credível que a Líbia seja apresentada como exemplo para ninguém, quando um democrata o que naturalmente deseja é o derrube imediato do líder Líbio. Sabe-se os acordos de exploração petrolífera assinados pelas principais companhias britânicas na mesma ocasião da visita de Blair à Líbia têm o seu peso político e económico. Mas mesmo assim, há coisas que não se devem aceitar e que a longo prazo tem os seus custos.
No mesmo sentido, Colin Powell ao afirmar que o ditador do Paquistão é um parceiro incortornável e fiável dos EUA prestou um péssimo serviço à democracia e aos próprios interesses dos EUA e das democracias em geral. Pensemos apenas nos opositores democráticos paquistaneses que continuarão a ser reprimidos, agora com a benção ou no mínimo com o fechar de olhos dos americanos. Um dia, esses opositores serão levados a virar-se para outro lado: ou para a violência radical ou para parceiros mais seguros.
Também Arábia saudita é encarada pelo ocidente e pelos Eua em especial como um parceiro de confiança. Santa estupidez! Estes dois países (Paquistão e Arábia) eram os únicos a ter relações diplomáticas, forneciam comercial, militar e financeiramente o regime afegão dos talibans. E permanecem com total impunidade e confiança reforçada!
Os regimes democráticos deveriam, em qualquer caso, apoiar politica e financeiramente os grupos internos ou externos de opositores de qualquer regime não-democrático. Sempre. Por questões exactamente de princípio e da própria salvaguarda dos seus interesses de longo prazo.
Com a confiança demonstrada por Blair na Líbia e Powell nos sauditas e no ditador paquistanês, está-se a dar campo e a incentivar os opositores a procurarem novos apoios, que de certeza encontrarão com maior facilidade junto de grupos islâmicos radicais. Na prática, não terão grande alternativa. Depois queixem-se.
Daí a que a democracias sejam “amigas” de Estados e regimes não-democráticos é que já é um passo inaceitável, na medida em que um democrata não pode aceitar o relativismo de que o que é bom e desejável para a sua comunidade seja mau ou inoportuno para outra comunidade. Nesse sentido, a democracia e a liberdade tem um alcance global.
Que um Estado como a Líbia, com um passado de apoio e formação a grupos terroristas, reformule a sua posição e adopte medidas de combate ao terrorismo é algo de naturalmente positivo. Que um ditador e um regime como o Líbio passe a ser considerado “amigo” não é aceitável. Que o Estado Líbio passe a ser apontado como “um exemplo a seguir” pelos demais Estados árabes é um exagero de mau gosto.
Um dirigente democrata deverá advogar sempre, sem excepção, a rápida transformação de um Estado ou regime não-democrático numa plena democracia. Sempre, sempre.
Tal atitude, coerente com os princípios que as sociedades democráticas respeitam e defendem para todos, em nada colidirá com as relações institucionais que sejam necessárias estabelecer com as não-democracias. Mas no plano dos princípios, tal deverá ser sempre dito e reafirmado.
Não é portanto credível que a Líbia seja apresentada como exemplo para ninguém, quando um democrata o que naturalmente deseja é o derrube imediato do líder Líbio. Sabe-se os acordos de exploração petrolífera assinados pelas principais companhias britânicas na mesma ocasião da visita de Blair à Líbia têm o seu peso político e económico. Mas mesmo assim, há coisas que não se devem aceitar e que a longo prazo tem os seus custos.
No mesmo sentido, Colin Powell ao afirmar que o ditador do Paquistão é um parceiro incortornável e fiável dos EUA prestou um péssimo serviço à democracia e aos próprios interesses dos EUA e das democracias em geral. Pensemos apenas nos opositores democráticos paquistaneses que continuarão a ser reprimidos, agora com a benção ou no mínimo com o fechar de olhos dos americanos. Um dia, esses opositores serão levados a virar-se para outro lado: ou para a violência radical ou para parceiros mais seguros.
Também Arábia saudita é encarada pelo ocidente e pelos Eua em especial como um parceiro de confiança. Santa estupidez! Estes dois países (Paquistão e Arábia) eram os únicos a ter relações diplomáticas, forneciam comercial, militar e financeiramente o regime afegão dos talibans. E permanecem com total impunidade e confiança reforçada!
Os regimes democráticos deveriam, em qualquer caso, apoiar politica e financeiramente os grupos internos ou externos de opositores de qualquer regime não-democrático. Sempre. Por questões exactamente de princípio e da própria salvaguarda dos seus interesses de longo prazo.
Com a confiança demonstrada por Blair na Líbia e Powell nos sauditas e no ditador paquistanês, está-se a dar campo e a incentivar os opositores a procurarem novos apoios, que de certeza encontrarão com maior facilidade junto de grupos islâmicos radicais. Na prática, não terão grande alternativa. Depois queixem-se.
JOÃO SOARES CANDIDATO À LIDERANÇA DO PS
Pode não ser o líder socialista ideal, mas tudo, absolutamente tudo, é preferível à desgraça que é a actual direcção de Ferro Rodrigues.
A VINGANÇA
Em 18 de Fevereiro passado, Luís Villas-Boas espantou o "politicamente correcto" nacional ao declarar-se frontalmente contra a possibilidade de adopção por "casais" homossexuais.
Na altura as várias associações "gays" exigiram a sua cabeça. Os profissionais das causas que "ficam bem" iniciaram a sua imolação pública.
Mas, contra as minhas expectativas iniciais, a coisa ficou por aí.
Notando o pouco êxito da sua campanha, os "justiceiros" frentistas tentaram outra táctica de aniquilação.
Ela aí está, abrindo os noticiários da SIC: «Refúgio Aboim Ascensão em Faro rejeita crianças deficientes e portadoras de HIV - Confrontado com este crivo apertado, o director da instituição explica que o refúgio só está vocacionado para crianças normais com menos de 6 anos»; com as necessárias repercussões: «O Refúgio Aboim Ascensão recusa crianças com SIDA e deficiências» e por aí adiante.
A Abraço já se indignou. As vozes do "politicamente correcto" exultaram e afiaram os dentes. A secretária de estado Teresa Caeiro, não percebeu (novamente!) e disparatou.
Não vale a pena salientar que aquele tipo de instituições necessita de meios e logísticas especiais para poder receber crianças com essas doenças ou portadoras de certas deficiências. Nem sequer adianta alegar que essa é uma prática comum nos estabelecimentos do mesmo tipo. Será, também, inútil referir que Villas-Boas está a envidar esforços para criar uma instituição capaz de receber crianças deficientes.
Não, tudo isso é esforço vão. Luís Villas-Boas enfrenta um dos mais poderosos lobbys deste país. Que lhe jurou pela pele e que não vai desistir enquanto não o destruir.
Assistamos, pois, devidamente refastelados no nosso sofá, aos próximos episódios do sacrifício anunciado.
Na altura as várias associações "gays" exigiram a sua cabeça. Os profissionais das causas que "ficam bem" iniciaram a sua imolação pública.
Mas, contra as minhas expectativas iniciais, a coisa ficou por aí.
Notando o pouco êxito da sua campanha, os "justiceiros" frentistas tentaram outra táctica de aniquilação.
Ela aí está, abrindo os noticiários da SIC: «Refúgio Aboim Ascensão em Faro rejeita crianças deficientes e portadoras de HIV - Confrontado com este crivo apertado, o director da instituição explica que o refúgio só está vocacionado para crianças normais com menos de 6 anos»; com as necessárias repercussões: «O Refúgio Aboim Ascensão recusa crianças com SIDA e deficiências» e por aí adiante.
A Abraço já se indignou. As vozes do "politicamente correcto" exultaram e afiaram os dentes. A secretária de estado Teresa Caeiro, não percebeu (novamente!) e disparatou.
Não vale a pena salientar que aquele tipo de instituições necessita de meios e logísticas especiais para poder receber crianças com essas doenças ou portadoras de certas deficiências. Nem sequer adianta alegar que essa é uma prática comum nos estabelecimentos do mesmo tipo. Será, também, inútil referir que Villas-Boas está a envidar esforços para criar uma instituição capaz de receber crianças deficientes.
Não, tudo isso é esforço vão. Luís Villas-Boas enfrenta um dos mais poderosos lobbys deste país. Que lhe jurou pela pele e que não vai desistir enquanto não o destruir.
Assistamos, pois, devidamente refastelados no nosso sofá, aos próximos episódios do sacrifício anunciado.
26.3.04
JOSÉ SARAMAGO CANDIDATO DA CDU AO PARLAMENTO EUROPEU
INCRÍVEL: Scolari convocou Miguel!!!
Fiquei estupefacto! Como é possível? Um dos maiores erros de casting do futebol português, o defesa (!?) Miguel, foi uma vez mais convocado para a selecção nacional!
Um jogador que ataca mais ou menos mas que a defender é um autêntico desastre, que, ontem mesmo, foi o principal culpado em 3 (três) dos 4 golos do Inter, o jogador em quem as equipas adversárias do Benfica mais depositam confiança para poderem vencer, corre o risco de vir a jogar durante o Euro 2004.
Que o Benfica, a imprensa que o apoia fanaticamente e a cegueira de alguns adeptos não queiram ver o óbvio, é lá com eles (e nós até agradecemos esses brindes). Agora que, à conta disso, se lese a nossa selecção, isso é que não.
É por essas e por outras que, cada vez mais, considero que a irracionalidade de tonalidades sebásticas que é timbre do Benfica está a prejudicar Portugal. No presente caso, dolosa e desabridamente.
Um jogador que ataca mais ou menos mas que a defender é um autêntico desastre, que, ontem mesmo, foi o principal culpado em 3 (três) dos 4 golos do Inter, o jogador em quem as equipas adversárias do Benfica mais depositam confiança para poderem vencer, corre o risco de vir a jogar durante o Euro 2004.
Que o Benfica, a imprensa que o apoia fanaticamente e a cegueira de alguns adeptos não queiram ver o óbvio, é lá com eles (e nós até agradecemos esses brindes). Agora que, à conta disso, se lese a nossa selecção, isso é que não.
É por essas e por outras que, cada vez mais, considero que a irracionalidade de tonalidades sebásticas que é timbre do Benfica está a prejudicar Portugal. No presente caso, dolosa e desabridamente.
Será verdade?
Acabei de ouvir na Antena 1 a seguinte notícia, que não consegui confirmar em mais lado nenhum:
O Governo vai requisitar (ou permitir às Câmaras Municipais que requisitem) os titulares do rendimento mínimo garantido (ou social de insersão, como também é chamado) para a limpeza das matas do país entre os meses de Abril a Setembro. Quem se recusar, poderá perder o subsídio. Serão requisitáveis os indivíduos com idades compreeendidas entre os 18 e os 30 anos. Será uma medida de prevenção dos incêndios ou de controlo da despesa? Suspeito que grande parte dos "candidados" não terão muito interese em pegar na enxada ou na roçadeira, mas espero estar enganado.
O Governo vai requisitar (ou permitir às Câmaras Municipais que requisitem) os titulares do rendimento mínimo garantido (ou social de insersão, como também é chamado) para a limpeza das matas do país entre os meses de Abril a Setembro. Quem se recusar, poderá perder o subsídio. Serão requisitáveis os indivíduos com idades compreeendidas entre os 18 e os 30 anos. Será uma medida de prevenção dos incêndios ou de controlo da despesa? Suspeito que grande parte dos "candidados" não terão muito interese em pegar na enxada ou na roçadeira, mas espero estar enganado.
A final da Taça e o Estádio de Oeiras (III)
O Joaquim Varela também postou sobre este tema e, na página de comentários, rebate a minha tese com estas pérolas:
a) Desde que existe o Jamor, só seis finais não foram lá disputadas, daí estarmos perante uma fortíssima tradição, portanto intocável;
b) A final não é nenhum privilégio dos lisboetas, pois para a ela assistir não se exige atestado de residência a ninguém e agora temos boas vias de comunicação...
c) Como é propriedade do Estado, o Jamor é um campo neutro, portanto o sítio adequado para a final.
Reafirmo o que já aqui disse: é paupérrima a argumentação em defesa da “vaca sagrada” e não sai destes lugares comuns. Vamos à tréplica:
1) Não há tradição nenhuma, estamos sim perante uma imposição. A tradição é algo a que as pessoas aderem de forma espontânea e não necessita de estar regulamentada. Por conseguinte, se de facto existe aquela, não há necessidade que a FPF disponha de forma imperativa ser o Jamor o local de realização da final. Ou seja, se amanhã tivéssemos uma final entre o Mirandela e o Mogadourense, ninguém, desde os presidentes destes clubes aos mais humildes adeptos, equacionaria jamais a hipótese de disputarem a final no estádio mais próximo, em Chaves ou em Bragança, mesmo que para tal tivessem plena liberdade. Deslocar-se-iam sim, de forma ruidosa e espontânea até ao Jamor, cumprindo alegremente a tradição...
2) As boas vias de comunicação são-no para todos, seja para quem se desloca a Lisboa ou para quem se desloca de Lisboa. Este tipo de argumentos é aliás típico da sobranceria centralista e são debitados de forma inconsciente por quem, não estando habituado a deslocações, considera desprezível o custo destas. Assume-se pois um dado adquirido que, para a rapaziada de Mirandela e de Mogadouro detentora, como é sabido, de um elevadíssimo poder de compra, seria perfeitamente irrelevante o custo e o tempo da deslocação até Oeiras. Teríamos então o estádio a abarrotar, com cerca de 500 pessoas... Deixe-me dizer-lhe Caro Joaquim, que se você, na sua actividade de empresário tem essa postura de “venham a mim os Clientes”, não lhe auguro grande futuro. Qualquer empresa que tenha um produto vendável a um determinado estrato de Clientes, vai bater-lhes à porta e não fica à espera que estes façam 400 quilómetros. Só desta forma consegue maximizar as vendas. Quer isto dizer que, se todos actuassem de forma racional, os promotores e “fabricantes” do produto Final da Taça (FPF e clubes finalistas), teriam todo o interesse, no caso do exemplo que acima referi, em ir disputar a competição em Trás-os-Montes, região onde se concentrava o mercado-alvo.
3) Campo neutro pode ser qualquer um deste País! A “neutralização” de um estádio não tem nada a ver com a respectiva propriedade - constitui aliás uma autêntica aberração o Estado ou as autarquais deterem estes equipamentos - operando-se antes com a suspensão das condições especiais dos sócios do clube proprietário do dito (lugares cativos, preços reduzidos dos bilhetes, etc) e repartição dos ingressos de forma equitativa pelos adeptos dos clubes finalistas. Em tese, o estádio do Jamor não é mais neutro do que seriam os estádios da Luz ou de Alvalade para o efeito em causa. Ou seja, estando sempre garantida a neutralidade formal, ela na prática não existe na perspectiva dos consumidores, ficando o espectáculo sempre mais caro para uns (os que têm de se deslocar) do que para outros (os residentes na região de Lisboa, onde existe o maior poder de compra do País).
4) Em suma, uma equipa lisboeta que atinja a final, jogará tendencialmente num ambiente mais favorável pelas razões acima expostas. Mas isso por si só não lhe garante a vitória e quando levantei o problema, fi-lo por outras razões: a falta de equidade para o conjunto dos consumidores no acesso a um determinado produto (neste caso, o espectáculo final da Taça). Isto é um facto e estamos perante um injustiça flagrante com claro benefício económico de quem mais pode, os residentes na região de Lisboa. Infelizmente, já concluí que uma discussão destas é inviável, dado que vem sempre ao de cima o tribalismo clubístico...
a) Desde que existe o Jamor, só seis finais não foram lá disputadas, daí estarmos perante uma fortíssima tradição, portanto intocável;
b) A final não é nenhum privilégio dos lisboetas, pois para a ela assistir não se exige atestado de residência a ninguém e agora temos boas vias de comunicação...
c) Como é propriedade do Estado, o Jamor é um campo neutro, portanto o sítio adequado para a final.
Reafirmo o que já aqui disse: é paupérrima a argumentação em defesa da “vaca sagrada” e não sai destes lugares comuns. Vamos à tréplica:
1) Não há tradição nenhuma, estamos sim perante uma imposição. A tradição é algo a que as pessoas aderem de forma espontânea e não necessita de estar regulamentada. Por conseguinte, se de facto existe aquela, não há necessidade que a FPF disponha de forma imperativa ser o Jamor o local de realização da final. Ou seja, se amanhã tivéssemos uma final entre o Mirandela e o Mogadourense, ninguém, desde os presidentes destes clubes aos mais humildes adeptos, equacionaria jamais a hipótese de disputarem a final no estádio mais próximo, em Chaves ou em Bragança, mesmo que para tal tivessem plena liberdade. Deslocar-se-iam sim, de forma ruidosa e espontânea até ao Jamor, cumprindo alegremente a tradição...
2) As boas vias de comunicação são-no para todos, seja para quem se desloca a Lisboa ou para quem se desloca de Lisboa. Este tipo de argumentos é aliás típico da sobranceria centralista e são debitados de forma inconsciente por quem, não estando habituado a deslocações, considera desprezível o custo destas. Assume-se pois um dado adquirido que, para a rapaziada de Mirandela e de Mogadouro detentora, como é sabido, de um elevadíssimo poder de compra, seria perfeitamente irrelevante o custo e o tempo da deslocação até Oeiras. Teríamos então o estádio a abarrotar, com cerca de 500 pessoas... Deixe-me dizer-lhe Caro Joaquim, que se você, na sua actividade de empresário tem essa postura de “venham a mim os Clientes”, não lhe auguro grande futuro. Qualquer empresa que tenha um produto vendável a um determinado estrato de Clientes, vai bater-lhes à porta e não fica à espera que estes façam 400 quilómetros. Só desta forma consegue maximizar as vendas. Quer isto dizer que, se todos actuassem de forma racional, os promotores e “fabricantes” do produto Final da Taça (FPF e clubes finalistas), teriam todo o interesse, no caso do exemplo que acima referi, em ir disputar a competição em Trás-os-Montes, região onde se concentrava o mercado-alvo.
3) Campo neutro pode ser qualquer um deste País! A “neutralização” de um estádio não tem nada a ver com a respectiva propriedade - constitui aliás uma autêntica aberração o Estado ou as autarquais deterem estes equipamentos - operando-se antes com a suspensão das condições especiais dos sócios do clube proprietário do dito (lugares cativos, preços reduzidos dos bilhetes, etc) e repartição dos ingressos de forma equitativa pelos adeptos dos clubes finalistas. Em tese, o estádio do Jamor não é mais neutro do que seriam os estádios da Luz ou de Alvalade para o efeito em causa. Ou seja, estando sempre garantida a neutralidade formal, ela na prática não existe na perspectiva dos consumidores, ficando o espectáculo sempre mais caro para uns (os que têm de se deslocar) do que para outros (os residentes na região de Lisboa, onde existe o maior poder de compra do País).
4) Em suma, uma equipa lisboeta que atinja a final, jogará tendencialmente num ambiente mais favorável pelas razões acima expostas. Mas isso por si só não lhe garante a vitória e quando levantei o problema, fi-lo por outras razões: a falta de equidade para o conjunto dos consumidores no acesso a um determinado produto (neste caso, o espectáculo final da Taça). Isto é um facto e estamos perante um injustiça flagrante com claro benefício económico de quem mais pode, os residentes na região de Lisboa. Infelizmente, já concluí que uma discussão destas é inviável, dado que vem sempre ao de cima o tribalismo clubístico...
NOVOS IMPOSTOS
Lê-se hoje em manchete no DN que, a partir de 2006, os municípios portugueses «vão cobrar novos impostos». A notícia desenvolvida no interior não é muito clara, dando a entender, no entanto, que, apesar de se tratarem de impostos novos, eles resultarão da transferência de receitas já cobradas pela administração central para a local.
Ora, sabendo nós que muito dificilmente o Estado prescinde daquilo que considera seu, tememos que esta nova modalidade se traduza numa sobreposição fiscal, em mais rendimentos cobrados, numa palavra, no aumento da carga fiscal real que incidirá sobre os portugueses. É, com elevado grau de probabilidade, a hipótese mais plausível.
O que é espantoso é que este sucessivo aumento da carga fiscal, verificado de há dois anos para cá, seja da responsabilidade de um governo dito conservador, avesso ao socialismo e defensor da iniciativa privada. Parece que ninguém por lá percebeu que sempre que o Estado vai buscar dinheiro aos cidadãos e às suas empresas está a empobrecer o país, a fomentar o desemprego e a adiar qualquer sombra de uma hipotética recuperação económica.
Ora, sabendo nós que muito dificilmente o Estado prescinde daquilo que considera seu, tememos que esta nova modalidade se traduza numa sobreposição fiscal, em mais rendimentos cobrados, numa palavra, no aumento da carga fiscal real que incidirá sobre os portugueses. É, com elevado grau de probabilidade, a hipótese mais plausível.
O que é espantoso é que este sucessivo aumento da carga fiscal, verificado de há dois anos para cá, seja da responsabilidade de um governo dito conservador, avesso ao socialismo e defensor da iniciativa privada. Parece que ninguém por lá percebeu que sempre que o Estado vai buscar dinheiro aos cidadãos e às suas empresas está a empobrecer o país, a fomentar o desemprego e a adiar qualquer sombra de uma hipotética recuperação económica.
25.3.04
Bush pede ajuda a Durão para melhorar relações com França e Alemanha
Parece mentira, mas foi anunciado pela Casa Branca. Ver aqui.
O BENFICA CAIU DE PÉ
Grande jogo, grande exibição da equipa lisboeta. Bom meio-campo, ataque de luxo, defesa miserável. O Benfica não merece ter uma defesa assim.
NOTA: considero que a simples hipótese de Scolari poder vir a convocar para a Selecção nacional qualquer um dos jogadores daquela defesa encarnada um crime lesa pátria.
NOTA: considero que a simples hipótese de Scolari poder vir a convocar para a Selecção nacional qualquer um dos jogadores daquela defesa encarnada um crime lesa pátria.
O Benfica merecia ter ganho
As vitórias morais valem o que valem.
Ainda assim, aqui ficam os parabéns de um portista que hoje torceu (e sofreu!) pelos vermelhos.
Este homem é o meu herói
A sério:
Se o terrorismo da Al-Qaeda nos interpela como niilismo, não é possível "falar com ele", "explicá-lo", "justificá-lo", sem corroermos os fundamentos do nosso próprio modo de pensar. O terrorismo é para nós o absoluto Outro, a antimatéria. Se o acolhermos no nosso seio, pensando-o como qualquer outra coisa que não seja o puro niilismo, ele destrói-nos o pensamento como nos destrói o corpo. Não se fala com a Morte, ponto final.
Pacheco Pereira ao seu melhor nível. Vale a pena ler, pensar e agir de acordo.
Se o terrorismo da Al-Qaeda nos interpela como niilismo, não é possível "falar com ele", "explicá-lo", "justificá-lo", sem corroermos os fundamentos do nosso próprio modo de pensar. O terrorismo é para nós o absoluto Outro, a antimatéria. Se o acolhermos no nosso seio, pensando-o como qualquer outra coisa que não seja o puro niilismo, ele destrói-nos o pensamento como nos destrói o corpo. Não se fala com a Morte, ponto final.
Pacheco Pereira ao seu melhor nível. Vale a pena ler, pensar e agir de acordo.
KFOR(am) fazer?
Para se ter uma ideia do que é que os soldados da Nato/UE estão a fazer no Kosovo, não perder este artigo (via Alex)
OS 29 ARGUIDOS DO CASO DA PONTE DE ENTRE-OS-RIOS FORAM DESPRONUNCIADOS
O Juiz de Instrução concluiu não haver razão para prosseguir o processo até ao julgamento, fazendo cair a acusação do Ministério Público.
Não conheço os pormenores jurídicos do caso e prefiro não opinar acerca do sentido do despacho.
Mas entendo que, do ponto de vista lógico, é excessivamente estranho que se defenda que a ponte caiu devido a «causas naturais».
Quais? O mau tempo? A avançada idade? Ou outras, tipicamente lusitanas, como a inexorável fatalidade do destino? A ponte caiu "porque sim"? Porque "tinha de ser"? Por azar? Porque, desgraçadamente, um autocarro cheio de pessoas resolveu passar ali áquela hora da noite?
Repito que não conheço as minúcias jurídicas do processo. Mas o senso comum diz-me que a ponte não caiu por causas naturais, porque as que provocaram a queda correspondem à normalidade dos factos e deveriam ter sido previstas pelas entidades estatais competentes.
Evidentemente, o culpado é o Estado. O Estado que fiscalizou mal. O Estado que não atendeu aos muitos sinais que obrigavam à sua intervenção. O Estado que foi grosseiramente negligente e irresponsável. O Estado que fica sempre impune perante a placidez (serenidade?) vegetal das pessoas.
E, claro, como o culpado é o Estado ninguém é culpado - aqui sim, os culpados somos todos nós que assumimos esta tortuosa relação de cumplicidade passiva a que gostamos de chamar "cidadania".
Até à proxima ponte...
Não conheço os pormenores jurídicos do caso e prefiro não opinar acerca do sentido do despacho.
Mas entendo que, do ponto de vista lógico, é excessivamente estranho que se defenda que a ponte caiu devido a «causas naturais».
Quais? O mau tempo? A avançada idade? Ou outras, tipicamente lusitanas, como a inexorável fatalidade do destino? A ponte caiu "porque sim"? Porque "tinha de ser"? Por azar? Porque, desgraçadamente, um autocarro cheio de pessoas resolveu passar ali áquela hora da noite?
Repito que não conheço as minúcias jurídicas do processo. Mas o senso comum diz-me que a ponte não caiu por causas naturais, porque as que provocaram a queda correspondem à normalidade dos factos e deveriam ter sido previstas pelas entidades estatais competentes.
Evidentemente, o culpado é o Estado. O Estado que fiscalizou mal. O Estado que não atendeu aos muitos sinais que obrigavam à sua intervenção. O Estado que foi grosseiramente negligente e irresponsável. O Estado que fica sempre impune perante a placidez (serenidade?) vegetal das pessoas.
E, claro, como o culpado é o Estado ninguém é culpado - aqui sim, os culpados somos todos nós que assumimos esta tortuosa relação de cumplicidade passiva a que gostamos de chamar "cidadania".
Até à proxima ponte...
"Meninos-bomba" ...ou o insustentável peso da hipocrisia!
Tenho seguido com a atenção possível o debate blogosférico que, na sequência do assassinato do xeique Yassin pelo exercito Israelita, se intensificou sobre a questão palestiniana.
Convém dizer que subscrevo inteiramente aquilo que, aqui, os blasfemos cl (“nem sempre são os melhores que partem”) e caa escreveram. Foi sem surpresa que li, noutras paragens, certas postas que se enredavam na crítica subreptícia (e já esperada) a Israel; outras que, sob o "politicamente correcto" argumento de que de lado a lado as culpas se repartiam e as condenações morais se compensavam, batiam sempre (expressa ou implicitamente), no caracter inultrapassável do conflito, não deixando, contudo, de pender para uma certa antipatia e desconforto relativamente à posição Israelita.... Não falo de outras posições manifestamente marcadas ideologicamente, também já muito citadas e debatidas.....
No entanto, para mim, hoje, o que realmente me impressionou a propósito do dito conflito Israelo-palestiniano foi – fora da blogosfera (será que esta estará desatenta?!) – a notícia do jovem palestiniano-bomba (não, não falem de suicida) que, padecendo de uma notória incapacidade mental, foi enviado para explodir, tendo sido interceptado pelo exército Israelita..... como, há uns dias atrás, a notícia de que crianças palestinianas de dez anos são instrumentalizadas “para o martírio” (delas, é claro.....não dos mandantes)!
Pergunto-me, face a estas enormidades, face a estas aberrações humanas, será ainda possível enquadrar a discussão no plano dos quadros axiológicos e éticos (de normalidade! – da nossa normalidade!) que fundamentam a democracia, o Estado de Direito democrático, o Direito Internacional, etc., etc..... Que limiar é que já foi ultrapassado?....
Adenda: afinal, também na blogosfera houve quem notasse e se sentisse: Letras com Garfos.
Convém dizer que subscrevo inteiramente aquilo que, aqui, os blasfemos cl (“nem sempre são os melhores que partem”) e caa escreveram. Foi sem surpresa que li, noutras paragens, certas postas que se enredavam na crítica subreptícia (e já esperada) a Israel; outras que, sob o "politicamente correcto" argumento de que de lado a lado as culpas se repartiam e as condenações morais se compensavam, batiam sempre (expressa ou implicitamente), no caracter inultrapassável do conflito, não deixando, contudo, de pender para uma certa antipatia e desconforto relativamente à posição Israelita.... Não falo de outras posições manifestamente marcadas ideologicamente, também já muito citadas e debatidas.....
No entanto, para mim, hoje, o que realmente me impressionou a propósito do dito conflito Israelo-palestiniano foi – fora da blogosfera (será que esta estará desatenta?!) – a notícia do jovem palestiniano-bomba (não, não falem de suicida) que, padecendo de uma notória incapacidade mental, foi enviado para explodir, tendo sido interceptado pelo exército Israelita..... como, há uns dias atrás, a notícia de que crianças palestinianas de dez anos são instrumentalizadas “para o martírio” (delas, é claro.....não dos mandantes)!
Pergunto-me, face a estas enormidades, face a estas aberrações humanas, será ainda possível enquadrar a discussão no plano dos quadros axiológicos e éticos (de normalidade! – da nossa normalidade!) que fundamentam a democracia, o Estado de Direito democrático, o Direito Internacional, etc., etc..... Que limiar é que já foi ultrapassado?....
Adenda: afinal, também na blogosfera houve quem notasse e se sentisse: Letras com Garfos.
24.3.04
FRACASSO
Em 1999 a Nato (e Portugal) atacaram, à margem do chamado Direito Internacional a Jugoslávia e foram instalar-se no Kosovo, província da hoje simplesmente Sérvia, tendo ali instalado um "protetorado" de tipo colonial.
O motivo para aquela guerra foi o de evitar uma limpeza étnica, tendo-se no entanto verificado e permitido uma limpeza étnica de sinal contrário.
Passados todos estes anos, o território continua a não ter autonomia política, militar, económica ou outra, não foi integrado (ou devolvido) à administração da Sérvia, os responsáveis por massacres, terrorismo e limpeza étnicas continuam impunes. E tudo isto, apesar da presença de milhares de tropas da Nato.
No passado fim de-semana, numa operação orquestrada e bem organizada, deu-se mais uma tentativa para completar a limpeza total da Província, tentando-se intimidar, aterrorizar e forçar à expulsão dos últimos milhares de sérvios que ali habitam. O número de mortes não foi muito alto, mas foram destruídas igrejas, conventos medievais e milhares de habitações.
A organização conseguiu mobilizar 51 mil pessoas naqueles actos insurreccionais, sob as barbas da Nato e da UE.
O inenarrável Solana lá veio reconhecer o falhanço total.
E lá para 2005 estão previstas umas tais de conversações sobre o "estatuto final" do Kosovo. Não deve ser preciso esperar tanto, para não exista com quem negociar. Aos bocadinhos, a coisa vai. E tudo a assobiar.
SHOT GUN
Um cidadão português foi baleado e morto por um polícia.
O agente foi absolvido. O juiz, para além de outras considerações "salientou ainda o facto de o agente desconhecer que as espingardas "shot-gun" poderiam ser letais quando disparadas a curta distância, dado não lhe ter sido ministrada qualquer formação específica sobre a referida arma". (Público)
Dúvidas: 1. se não tinha qualquer formação, deveria então logicamente pensar que era um arma igual às outras, logo letal, não? 2. Quem foi o responsável pela não formação? 3. Porque é que o Estado permite, autoriza e manda pessoas andarem armadas, sem formação de utilização de armas de fogo?
PARA QUE SERVE O ESTADO?
Um amigo propôs-me que debatêssemos o tema em epígrafe, que ele considera o cerne da política contemporânea. Eu colocaria a questão noutros moldes, reformulando a pergunta nestes termos: a quem serve actualmente o Estado?
Obviamente que partimos os dois da convicção de que o Estado não é mais do que a organização política da comunidade, através da instituição contratual de um aparelho de administração que exerce um poder público. Somos ambos naturalistas no que toca à natureza desse aparelho, o mesmo é dizer que o Estado, cada Estado concreto e não sob uma forma generalista e abstracta, deve a sua existência e a sua permanência à vontade expressa dos cidadãos sobre quem exerce prerrogativas de autoridade.
A origem do Estado encontra-se, portanto, nas mesmas razões que levam os homens a associarem-se em formas societárias, seja para produzir bens e serviços, seja para os comercializar, seja para qualquer outra finalidade que entendam promover em conjunto. O objecto deste contrato social está, como repararam os clássicos, na prestação de serviços aos cidadãos que estes provavelmente desempenhariam em piores condições, nomeadamente garantindo-lhes a sua segurança e a possibilidade de desfrutarem em liberdade daquilo que é seu, o mesmo é dizer, da sua propriedade.
Só que, o século XX introduziu alterações substanciais ao objecto desse contrato, ampliando-o sem o consentimento dos principais interessados que são os cidadãos outorgantes. Sob bons pretextos e a coberto de boas intenções, o Estado começou a prestar outros serviços que não constavam do contrato original, ao ponto de se dispor a produzir bens e serviços que, desde sempre, estiveram a cargo dos cidadãos. Vejam-se os exemplos da educação, dos transportes, da banca, dos seguros sociais (segurança social), da comunicação social, entre muitos outros, para não referirmos exemplos caricatos como aquele loja de flores de que o Estado português foi proprietário e administrador, em virtude das nacionalizações do PREC, nos idos de 1975.
Para o desempenho destas novas finalidades contratuais, às quais a doutrina política favorável subtraiu a necessidade de expresso consentimento dos destinatários pela verificação do silêncio, o Estado do século XX contratou funcionários, ampliando imensamente o seu pessoal administrativo e assalariado. Para lhes pagar, uma vez que, em regra, por deficiente gestão, a exploração desses sectores é deficitária, teve de cobrar aos cidadãos mais impostos. Fundamenta essa imposição como uma necessidade, argumentando que o Estado presta melhor esses serviços à comunidade do que o fariam os cidadãos no exercício da actividade de livre comércio.
Ora, nada disto se encontra provado: nem que a maioria dos cidadãos tenha desejado ou deseje que o Estado desempenhe aquelas e outras funções, muito menos que, ao fazê-lo, o faz melhor do que o fariam os particulares. Pelo contrário, está demonstrado à saciedade que os critérios de gestão desses sectores não são empresariais mas políticos, não visam uma boa exploração de recursos tendo em vista os fins naturais da actividade, mas o seu aproveitamento eleitoral ou a satisfação de clientelas partidárias. Como, também, por falta de recursos financeiros utilizados em actividades que não deveriam dizer respeito ao Estado, aquelas que são as suas funções contratuais – a segurança dos cidadãos, as garantias de bom uso da sua propriedade – estão longe de serem eficazmente asseguradas.
Por conseguinte, podemos dizer que o Estado contemporâneo desrespeitou o contrato social que há muito outorgara. Entrou em incumprimento contratual. Em consequência do que, nos parece que a outra parte – os cidadãos – lhe não deva qualquer obediência. Não se mantêm, a nosso ver, as obrigações contratuais do primeiro outorgante que somos todos nós, aqueles que instituíram o Estado como organização política, lhe transferiram poderes e mantêm o seu funcionamento com o produto dos seus rendimentos, cobrados por via tributária, por incumprimento contratual atribuído ao segundo outorgante. Se alguém com quem contratamos um serviço, por exemplo, de pintura de uma casa, o não fizer ou o fizer deficientemente, não estamos obrigados a cumprir com a nossa prestação contratual, isto é, o pagamento de um serviço que não foi prestado. O mesmo se deveria passar na relação contratual estabelecida com o Estado.
O problema, porém, é que este último desenvolveu uma máquina coerciva que lhe permite impor todas as arbitrariedades que entenda, legitimado pelo uso quase formal do voto universal e democrático. Na verdade, actualmente, a democracia tem um valor exclusivamente negativo, importante sem dúvida, que nos permite afastar do governo quem lá se encontra, sem recurso a métodos violentos. Mas esgota-se nisto. Encontrar no voto um fundamento legitimador para o uso do poder é, hoje em dia, com a quase absoluta ausência de limites para o exercício desse poder, um excesso.
E aqui estamos na reformulação da pergunta inicial: a quem serve este Estado? Aos indivíduos não, seguramente. Às classes políticas e ao funcionalismo público, aparentemente, sim. Mas, em rigor, nem a estes é de muita utilidade, já que, incapazes, os primeiros, de encontrar soluções que agradem a quem vota, perdem o poder com facilidade, enquanto que os segundos mantêm-se numa mediocridade profissional e salarial que lhes condiciona as existências. Não interessa, portanto, a ninguém.
Como se poderá sair disto, como abandonar o Wellfare State no grau de dependência que ele gerou, é já outra questão. A ficar para uma outra altura.
GUTERRES. UM ESTILO.
Diz-se que se retirou da vida política.
Não, não é bem assim pois é Presidente da Internacional Socialista. Ou esta organização tem alguém que não é político (um “civil”?) como seu máximo dirigente, ou de facto não se retirou e continua activo. Assumiu apenas um handicap, não se pronunciar sobre assuntos políticos portugueses, “não fazer política activa”. Passiva, portanto, mais ao seu gosto e estilo pessoal. Está, mas não está. Está mais ou menos. Está quando dá jeito. Não está quando não lhe interessa ou não convém.
Aliás, mesmo quando deveria “estar activo” não está. Continua, pela segunda semana consecutiva, o seu pesado silêncio sobre a aliança do partido social democrata austríaco com o partido de Joerg Heider numa região daquele país. E a esse propósito, recorda-se a sua verbosidade e indignação aquando da coligação governamental entre os conservadores e Haider. Até um amuo/semi-boicote foi imposto por toda a UE. Mas agora...
Também sobre os “massacrezinhos” do seu colega de Internacional, (membro efectivo!) MPLA/Zé Edu, Guterres faz de conta que “não está na política activa”. (O PM também "não sabe" de nada).
Enfim, as sondagens presidenciáveis são favoráveis.
Não, não é bem assim pois é Presidente da Internacional Socialista. Ou esta organização tem alguém que não é político (um “civil”?) como seu máximo dirigente, ou de facto não se retirou e continua activo. Assumiu apenas um handicap, não se pronunciar sobre assuntos políticos portugueses, “não fazer política activa”. Passiva, portanto, mais ao seu gosto e estilo pessoal. Está, mas não está. Está mais ou menos. Está quando dá jeito. Não está quando não lhe interessa ou não convém.
Aliás, mesmo quando deveria “estar activo” não está. Continua, pela segunda semana consecutiva, o seu pesado silêncio sobre a aliança do partido social democrata austríaco com o partido de Joerg Heider numa região daquele país. E a esse propósito, recorda-se a sua verbosidade e indignação aquando da coligação governamental entre os conservadores e Haider. Até um amuo/semi-boicote foi imposto por toda a UE. Mas agora...
Também sobre os “massacrezinhos” do seu colega de Internacional, (membro efectivo!) MPLA/Zé Edu, Guterres faz de conta que “não está na política activa”. (O PM também "não sabe" de nada).
Enfim, as sondagens presidenciáveis são favoráveis.
MÁRIO SOARES DE MAL A PIOR
Ouvi a interpretação autêntica de Mário Soares acerca da sua extraordinária proposta de «diálogo com Al-Qaeda em vez do uso da força».
Depois de na sua versão originária ter comparado essa organização terrorista com os movimentos de libertação da ex-colónias portuguesas (?!) - aí começamos já a entender melhor o conceito soarista de "negociação" -, agora Soares faz outras analogias, com as Brigadas Vermelhas, os Bhader Meinhof e, também desta vez, com o "caso" Khadafi. Disse que com o ditador líbio se negociou e os resultados estão à vista.
Não partilho desta visão. Em primeiro lugar, porque o terrorismo que emerge da Al-Qaeda me parece substancialmente diferente de quase todos os outros que já conhecemos. Depois porque, ainda assim, na Alemanha foi principalmente através da força que se deu fim aos Bhader Meinhof. Enquanto que na Itália a promiscuidade (negocial?) entre o Estado e o terrorismo esteve na origem do desabar daquele sistema político italiano - e, de todo, não me parece ser um exemplo a seguir.
Quanto a Khadafi, estou convicto que a sua cedência se deveu fundamentalmente ao medo. Nos anos 80 Ronald Reagan pô-lo na ordem duas vezes.
Depois, Khadafi viu o que estava a acontecer a Sadham - ele próprio o referiu publicamente. E mudou de estratégia com o receio de lhe poder acontecer coisa semelhante. Não terá sido o uso directo da força, mas foi a ameaça, a possibilidade bastante real desta poder vir a ser utilizada contra si, que transformou Kadhafi num cordeirinho.
No contexto actual, apelar à negociação é a cedência mais irresponsável que é possível fazer-se.
Até agora, nem Zapatero atingiu esse limite. Aliás, basta ver o pacto de regime entre o PP e o PSOE acerca do combate à ETA.
Depois de na sua versão originária ter comparado essa organização terrorista com os movimentos de libertação da ex-colónias portuguesas (?!) - aí começamos já a entender melhor o conceito soarista de "negociação" -, agora Soares faz outras analogias, com as Brigadas Vermelhas, os Bhader Meinhof e, também desta vez, com o "caso" Khadafi. Disse que com o ditador líbio se negociou e os resultados estão à vista.
Não partilho desta visão. Em primeiro lugar, porque o terrorismo que emerge da Al-Qaeda me parece substancialmente diferente de quase todos os outros que já conhecemos. Depois porque, ainda assim, na Alemanha foi principalmente através da força que se deu fim aos Bhader Meinhof. Enquanto que na Itália a promiscuidade (negocial?) entre o Estado e o terrorismo esteve na origem do desabar daquele sistema político italiano - e, de todo, não me parece ser um exemplo a seguir.
Quanto a Khadafi, estou convicto que a sua cedência se deveu fundamentalmente ao medo. Nos anos 80 Ronald Reagan pô-lo na ordem duas vezes.
Depois, Khadafi viu o que estava a acontecer a Sadham - ele próprio o referiu publicamente. E mudou de estratégia com o receio de lhe poder acontecer coisa semelhante. Não terá sido o uso directo da força, mas foi a ameaça, a possibilidade bastante real desta poder vir a ser utilizada contra si, que transformou Kadhafi num cordeirinho.
No contexto actual, apelar à negociação é a cedência mais irresponsável que é possível fazer-se.
Até agora, nem Zapatero atingiu esse limite. Aliás, basta ver o pacto de regime entre o PP e o PSOE acerca do combate à ETA.
QUE INJUSTIÇA!
Ao fim de mais de vinte e cinco anos de andarem com o homem às costas, a comunidade internacional, alguma pelo menos, acusa o camarada presidente José Eduardo dos Santos de ser um gatuno sem escrúpulos, que terá roubado dezenas de milhões de dólares ao Estado (?) de Angola, que transferiu para contas particulares suas na Suiça, no Luxemburgo, nas ilhas Caimão, entre outros paradeiros por apurar.
Pelo menos é o que se lê no Público, que dedica o espaço nobre da edição de hoje a um relatório de uma ONG, a Global Witness, onde se lêm estas e outras supostas aleivosias do camarada Zédú. Acusações, de resto, absolutamente surpreendentes e insuspeitas.
Obviamente que, em tudo isto, existe um paradoxo intransponível: não se rouba aquilo que é nosso. Rigorosamente, Angola é propriedade de Zédú: herdou-a (do camarada Agostinho), conquistou-a (com a ajuda de toda a comunidade internacional) e comprou-a, colhendo apoios insuspeitos (como o dos EUA), a troco de direitos de concessão de exploração petrolífera e de apoios na prestigiada ONU. Tem, por conseguinte, as mãos limpas. Como se pode ver pela fotografia.
A final da Taça e o estádio de Oeiras (II)
Luís Filipe Vieira dixit:
O dirigente máximo do Benfica aproveitou ainda para comentar a confirmação por parte de Gilberto Madaíl de que a final da Taça de Portugal vai ser mesmo no Estádio Nacional, algo que, na sua opinião, nunca deveria mudar.
«Desde que se definam regras claras, para o próximo ano podem decidir onde é a final da Taça, seja na Luz, em Alvalade ou nas Antas».
Emerge daqui o conservadorismo mais retrógrado - mudar nunca, suprema heresia. Mas também um feudalismo serôdio, comum aos 3 grandes - então a mudar, que seja na Luz, em Alvalade ou nas Antas (agora é Dragão, mas é a resistência à mudança). Ou seja, o resto do País não existe!
«Agora ninguém podia cortar uma expectativa que é fazer uma final que há muitos anos não se vê, no Estádio Nacional, que é o estádio de todos os portugueses e onde aquela romaria começa às oito da manhã. Acho que seria um verdadeiro atentado ao futebol»
Aqui está um exemplo típico das justificações perfeitamente imbecis para a intocabilidade do Jamor. Isto é salazarismo do mais rasca.
O dirigente máximo do Benfica aproveitou ainda para comentar a confirmação por parte de Gilberto Madaíl de que a final da Taça de Portugal vai ser mesmo no Estádio Nacional, algo que, na sua opinião, nunca deveria mudar.
«Desde que se definam regras claras, para o próximo ano podem decidir onde é a final da Taça, seja na Luz, em Alvalade ou nas Antas».
Emerge daqui o conservadorismo mais retrógrado - mudar nunca, suprema heresia. Mas também um feudalismo serôdio, comum aos 3 grandes - então a mudar, que seja na Luz, em Alvalade ou nas Antas (agora é Dragão, mas é a resistência à mudança). Ou seja, o resto do País não existe!
«Agora ninguém podia cortar uma expectativa que é fazer uma final que há muitos anos não se vê, no Estádio Nacional, que é o estádio de todos os portugueses e onde aquela romaria começa às oito da manhã. Acho que seria um verdadeiro atentado ao futebol»
Aqui está um exemplo típico das justificações perfeitamente imbecis para a intocabilidade do Jamor. Isto é salazarismo do mais rasca.
IN AND OUT
Franciso José Viegas, Pedro Mexia e Pedro Lomba criaram o FORA DO MUNDO. Com a qualidade de escrita de cada um dos 3, será mais do que um super-blog. Será uma revista.
Bem re-vindos.
Bem re-vindos.
NULIDADES
Já tinha ouvido falar do tal Acordão que vinha dizer que o processo Casa Pia tinha tido vícios na sua distribuição inicial, pondendo serem postos em causa todos os actos e diligências até hoje praticados.
Hoje, no Público, pelo menos fiquei a saber o nome do juiz responsável por tal "nulidade insanável": Avelino Frescata. É uma fraca consolação, mas já é um princípio a identificação dos incompetentes.
Hoje, no Público, pelo menos fiquei a saber o nome do juiz responsável por tal "nulidade insanável": Avelino Frescata. É uma fraca consolação, mas já é um princípio a identificação dos incompetentes.
23.3.04
BLOGUES EM ESTADO DE CHOQUE?
Pois é, o post racista de Filipe Moura no BdE muita poeira levantou. Afinal...
Só não entendo porque é que para o criticar justamente, seja “moda” vir invocar 25% de uma qualquer descendência. Então, aquilo é negativo por si mesmo, ou apenas porque também “nos toca” pessoalmente? Estamos a falar de valores ou a defender a nossa casinha? É que “razões” dessas, para além de irrelevantes, são típicamente argumentos tribalistas, próprios de quem vê o mundo de acordo com o seu umbigo. O que julgo ser sempre de evitar. Ou não?
Só não entendo porque é que para o criticar justamente, seja “moda” vir invocar 25% de uma qualquer descendência. Então, aquilo é negativo por si mesmo, ou apenas porque também “nos toca” pessoalmente? Estamos a falar de valores ou a defender a nossa casinha? É que “razões” dessas, para além de irrelevantes, são típicamente argumentos tribalistas, próprios de quem vê o mundo de acordo com o seu umbigo. O que julgo ser sempre de evitar. Ou não?
TRANQUILIDADE
O Presidente da Empresa Municipal de Gestão de Obras Públicas (Porto), anunciou que a instalação de um viaduto sobre a VCI será realizada na madrugada de domingo, implicando o corte de trânsito total naquela via principal da cidade.
Ora, parece que tal pretensão contraria os pressupostos do caderno de encargos que determinou a adjudicação daquela empreitada a certa empresa. Uma sua concorrente, preterida no concurso, veio já anunciar um pedido de indeminização, uma vez que supostamente a sua proposta contemplava a solução agora adoptada.
Perante tal pretensão, Vitorino Ferreira, o dito presidente, mais não disse: “Estamos plenamente tranquilos. O que tiver de ser discutido em tribunal discute-se”.
Claro que sim, sobretudo se toda e qualquer consequência não te sair dos bolsos e for paga pelo contribuinte, não é? Santa traquilidade!
Por mais que eu veja, não me consigo habituar a este fartar vilanagem geral.
AGORA PERCEBO AS MANIFS. DO FIM DE SEMANA...
Ilustração oferecida a alguma verbosidade deslocada nos blogues da Nova Esquerda.
Para desanuviar...
F.C. Porto 2 Ol. de Lyon 0.
Boas perspectivas para as meias-finais. Exibição q.b., excepto as de Ricardo Carvalho e de Paulo Ferreira - FANTÁSTICOS!
Boas perspectivas para as meias-finais. Exibição q.b., excepto as de Ricardo Carvalho e de Paulo Ferreira - FANTÁSTICOS!
ASSIM, QUERO SER ISRAELITA!
Via Rua da Judiaria, deparei com este sintomático comentário de Filipe Moura, do BdE, a uma posta do Renas e Veados:
«É por causa desta duplicidade de critérios, deste complexo do Holocausto que o Ocidente tem em relação a Israel, que houve o 11 de Setembro, o 11 de Março e há-de haver mais. Quando é que o Ocidente se aperceberá de que antes os israelitas do que nós».
Esta é mais uma das asserções anti-semitas que a Nova Esquerda tem vindo a produzir. Umas vezes tentando racionalizar o ódio, outras libertando-o sem freios (ver como exemplo dos juízos contemporâneos anti-semitas da Nova Esquerda, utlizando argumentos tão populares nos anos 30 do século passado, esta posta do mesmo Filipe Moura).
No plano puramente político, é o zapaterismo na sua mais pura expressão. A rendição do próprio a empurrar o assassino para o outro. E não me venham, desta vez, falar na política dos interesses...
Por mim, se os dados do jogo são esses, também quero ser israelita.
«É por causa desta duplicidade de critérios, deste complexo do Holocausto que o Ocidente tem em relação a Israel, que houve o 11 de Setembro, o 11 de Março e há-de haver mais. Quando é que o Ocidente se aperceberá de que antes os israelitas do que nós».
Esta é mais uma das asserções anti-semitas que a Nova Esquerda tem vindo a produzir. Umas vezes tentando racionalizar o ódio, outras libertando-o sem freios (ver como exemplo dos juízos contemporâneos anti-semitas da Nova Esquerda, utlizando argumentos tão populares nos anos 30 do século passado, esta posta do mesmo Filipe Moura).
No plano puramente político, é o zapaterismo na sua mais pura expressão. A rendição do próprio a empurrar o assassino para o outro. E não me venham, desta vez, falar na política dos interesses...
Por mim, se os dados do jogo são esses, também quero ser israelita.
22.3.04
DESGRAÇA DO FUTURO
“Dos onze mil alunos que frequentam actualmente o 7.º ano nas escolas públicas do distrito de Braga, apenas quatro mil vão atingir o último ano do ensino secundário.”
E se assim é em Braga, o Distrito com maior percentagem de gente nova, por esse Portugal fora será bastante semelhante.
E vai toda esta gente ser “escravo” no futuro. Sem qualificações, obrigados a esquemas, socialmente dependentes, a aceitarem os trabalhos mais desqualificados, sem futuro, sem esperança. Se não emigrarem para paragens com melhores oportunidades, vai ser daqui, desta vasta camada da população, que um dia sairão os extremistas, que com desdém, inveja e ódio olharão para a primeira e segunda geração de emigrantes e cobiçarão o seu sucesso, o seu emprego, a sua estabilidade, o seu futuro. Que se virarão contra os “ricos”, contra os que serão livres porque terão alguma liberdade de escolha ou de opção sobre o seu próprio futuro. Que envergonhados e ressabiados se recusarão a reconhecer que os emigrantes e as pessoas com empregos qualificados serão os que suportarão a engenharia financeira necessária que lhes assegure a segurança e as políticas sociais mínimas. A geração dos pais destes alunos serão os infelizes e frustados idosos de amanhã que olharão para os seus filhos e para os seus netos e se revoltarão contra o sucesso, o trabalho e liberdade dos emigrantes e dos “ricos”, a quem culparão pelo “infortúnio” e falta de hipóteses dos seus familiares. Que não suportarão que lhes digam que “essa gente” é quem lhes assegura o sustento da segurança social, mediante o pagamento de impostos
E estas duas gerações, serão, dentro de muito poucos anos também entre nós, o terreno fértil dos inimigos da liberdade “Penistas” que acabam de conseguir 17% em França. A esses há que somar ainda os 5% da extrema-esquerda e temos um quadro muito esclarecedor da “Grandeur de la France” de hoje.
E se assim é em Braga, o Distrito com maior percentagem de gente nova, por esse Portugal fora será bastante semelhante.
E vai toda esta gente ser “escravo” no futuro. Sem qualificações, obrigados a esquemas, socialmente dependentes, a aceitarem os trabalhos mais desqualificados, sem futuro, sem esperança. Se não emigrarem para paragens com melhores oportunidades, vai ser daqui, desta vasta camada da população, que um dia sairão os extremistas, que com desdém, inveja e ódio olharão para a primeira e segunda geração de emigrantes e cobiçarão o seu sucesso, o seu emprego, a sua estabilidade, o seu futuro. Que se virarão contra os “ricos”, contra os que serão livres porque terão alguma liberdade de escolha ou de opção sobre o seu próprio futuro. Que envergonhados e ressabiados se recusarão a reconhecer que os emigrantes e as pessoas com empregos qualificados serão os que suportarão a engenharia financeira necessária que lhes assegure a segurança e as políticas sociais mínimas. A geração dos pais destes alunos serão os infelizes e frustados idosos de amanhã que olharão para os seus filhos e para os seus netos e se revoltarão contra o sucesso, o trabalho e liberdade dos emigrantes e dos “ricos”, a quem culparão pelo “infortúnio” e falta de hipóteses dos seus familiares. Que não suportarão que lhes digam que “essa gente” é quem lhes assegura o sustento da segurança social, mediante o pagamento de impostos
E estas duas gerações, serão, dentro de muito poucos anos também entre nós, o terreno fértil dos inimigos da liberdade “Penistas” que acabam de conseguir 17% em França. A esses há que somar ainda os 5% da extrema-esquerda e temos um quadro muito esclarecedor da “Grandeur de la France” de hoje.
A verdade a que temos direito
O Causa Nossa conta a história assim: "Assassinar com três mísseis disparados de um helicóptero um idoso tetraplégico numa cadeira de rodas à saída de um serviço religioso numa mesquita...". Espantoso. Li e reli. Há gente que está na mesma há mais de 30 anos.
Prefiro este.
Prefiro este.
ESPANCAMENTO PÚBLICO
Acabei de assistir a um na Sic-Notícias. Miguel Portas fez o que quis daquela, cada vez mais, inacreditável figura de político lerdo, que é o líder parlamentar do PSD, dr. Guilherme Silva.
Que alguém com responsabilidades e algum senso naquele partido lhe faça a caridade de o retirar rapidamente dos "frente-a-frente", caso contrário a coisa ameaça tornar-se mais pungente ainda do que a cena do chicoteamento de Cristo no "The Passion...".
Ou, então, ponham-no só a discutir com a sua par, a dra. Ana Gomes...
Que alguém com responsabilidades e algum senso naquele partido lhe faça a caridade de o retirar rapidamente dos "frente-a-frente", caso contrário a coisa ameaça tornar-se mais pungente ainda do que a cena do chicoteamento de Cristo no "The Passion...".
Ou, então, ponham-no só a discutir com a sua par, a dra. Ana Gomes...
Estatísticas e Valores
O Daniel publica uma curiosa relação, nomeando todos os (imagino que “heróicos”) dirigentes palestinianos mortos por Israel desde 1973.
Tudo somado, temos 36 dirigentes/comandantes do Hamas, 6 de Jihad Islâmica, 4 da OLP, 1 do Hezbollah e 1 de uma denominada Brigada dos Mártires Al Aqsa (xiça, que o Daniel é um vivaço, conhece esta malta toda...). Em suma, 48 dirigentes mortos, a que se juntam 31 “civis” (nenhum destes seria terrorista?) dos quais uma criança de 12 anos – só uma??? E quanto a mulheres grávidas, nada??? – totalizando 79 mortes em 31 anos.
É óbvio que, falando em mortandade, o saldo é-lhes claramente favorável. Qualquer bomba colocada por um “mártir” num restaurante ou num autocarro, fará mais de 79 mortos, todos civis e certamente com várias mulheres e crianças incluídas. Não tenho estatísticas tão exactas mas, se necessário for, recorro ao nosso Serviço Público.
Mais curiosa ainda é a discrepância de Valores que existe pelas bandas do BE no que à vida concerne. “Lamentam-se” as mortes de vários facínoras, ocorridas numa conjuntura que é e sempre foi de guerra contra grupos terroristas; “compreendem-se” as bombas lançadas por estes que visam sempre objectivos civis; “defende-se” a morte de seres totalmente indefesos, apenas por uma questão de direito ao corpo, à barriga ou qualquer outra materialidade – ok, pronto, não se trata de seres humanos, nem sequer fetos, apenas embriões...
Tudo somado, temos 36 dirigentes/comandantes do Hamas, 6 de Jihad Islâmica, 4 da OLP, 1 do Hezbollah e 1 de uma denominada Brigada dos Mártires Al Aqsa (xiça, que o Daniel é um vivaço, conhece esta malta toda...). Em suma, 48 dirigentes mortos, a que se juntam 31 “civis” (nenhum destes seria terrorista?) dos quais uma criança de 12 anos – só uma??? E quanto a mulheres grávidas, nada??? – totalizando 79 mortes em 31 anos.
É óbvio que, falando em mortandade, o saldo é-lhes claramente favorável. Qualquer bomba colocada por um “mártir” num restaurante ou num autocarro, fará mais de 79 mortos, todos civis e certamente com várias mulheres e crianças incluídas. Não tenho estatísticas tão exactas mas, se necessário for, recorro ao nosso Serviço Público.
Mais curiosa ainda é a discrepância de Valores que existe pelas bandas do BE no que à vida concerne. “Lamentam-se” as mortes de vários facínoras, ocorridas numa conjuntura que é e sempre foi de guerra contra grupos terroristas; “compreendem-se” as bombas lançadas por estes que visam sempre objectivos civis; “defende-se” a morte de seres totalmente indefesos, apenas por uma questão de direito ao corpo, à barriga ou qualquer outra materialidade – ok, pronto, não se trata de seres humanos, nem sequer fetos, apenas embriões...
VINGANÇA OU ESTRATÉGIA?
Ahmed Yassin era um assassino fanático responsável moral pela morte de milhares de inocentes. A sua morte não me causa qualquer comiseração.
Mas porquê agora? Israel já o poderia ter eliminado antes. Que motivos levaram Israel a tomar esta atitude e, certamente, a sujeitar-se aos balidos incoerentes dos dirigentes europeus, a uma ou duas condenações inconsequentes na ONU, ao eventual embaraço da administração americana em espinhoso ano de eleições e a mais do que prováveis represálias sangrentas contra a sua população civil? Porquê? Quem ganha com isso?
Só vejo duas hipóteses - ou este acto foi uma imbecilidade extemporânea, estilo vingança", ou os seus objectivos estão ligados à tentativa de repristinação do "Mapa da Paz" e só conseguirão ser perceptíveis a médio prazo.
Espero que a verdade resida nesta última possibilidade. A ser assim, Israel acaba de fazer um enorme favor ao actual primeiro-ministro palestiniano Ahmed Qorei. E de dar alguma chance a uma paz em que já quase ninguém acredita. Veremos daqui a alguns meses.
HOJE FOI NOTÍCIA:
1895 - Os irmãos Lumière fazem a primeira apresentação pública do cinematógrafo.
1917 - Os Estados Unidos são o primeiro país a reconhecer o novo governo da Rússia que derrubou o regime czarista.
1963 - Os Beatles lançam seu primeiro disco, Please, Please Me, que incluía o primeiro single da banda, Love Me do, gravado no ano anterior.
1982 - Têm início os combates entre as forças britânicas e as argentinas no Atlântico Sul, devido à ocupação argentina das ilhas Malvinas/Faklands.
1917 - Os Estados Unidos são o primeiro país a reconhecer o novo governo da Rússia que derrubou o regime czarista.
1963 - Os Beatles lançam seu primeiro disco, Please, Please Me, que incluía o primeiro single da banda, Love Me do, gravado no ano anterior.
1982 - Têm início os combates entre as forças britânicas e as argentinas no Atlântico Sul, devido à ocupação argentina das ilhas Malvinas/Faklands.
Ingenuidades
A postura cândida da esquerda está bem expressa neste artigo de EPC sobre os arrumadores. Apreciem só esta pérola:
(...) e nós habituámo-nos a dar uma gorjeta, que é a nossa contribuição para a recuperação dos drogados...
(...) e nós habituámo-nos a dar uma gorjeta, que é a nossa contribuição para a recuperação dos drogados...
"sheik" Ahmed Yassin
A aviação israelita abateu hoje este homem.
Muito começou já a ser dito sobre a forma utilizada pelos israelitas para eliminarem o "lider espiritual" do Hamas. Ouvi há pouco o representante da Autoridade Palestiniana em Portugal dizer que um homem paraplégico, numa cadeira de rodas, não representava "qualquer perigo", sendo, inclusivamente, incapaz de pegar numa arma. Fraco argumento, certamente devido à falta de qualquer outro melhor.
É verdade que o "sheik" era incapaz de pegar numa "arma". Mas as suas palavras de incitamento aos ataques suicidas eram mais mortíferas do que os tanques israelitas.
Nem sempre são os melhores que partem.
Muito começou já a ser dito sobre a forma utilizada pelos israelitas para eliminarem o "lider espiritual" do Hamas. Ouvi há pouco o representante da Autoridade Palestiniana em Portugal dizer que um homem paraplégico, numa cadeira de rodas, não representava "qualquer perigo", sendo, inclusivamente, incapaz de pegar numa arma. Fraco argumento, certamente devido à falta de qualquer outro melhor.
É verdade que o "sheik" era incapaz de pegar numa "arma". Mas as suas palavras de incitamento aos ataques suicidas eram mais mortíferas do que os tanques israelitas.
Nem sempre são os melhores que partem.
O imperialismo corânico integrista, Madrid e o Kosovo (lembram-se?!)
Ainda (e sempre?...) sobre a abordagem política ocidental ao terrorismo e à questão islâmica, este contributo francês, nada "politicamente correcto" (Ivan Rioufol) é muito significativo (talvez mesmo incontornável). Aqui fica apenas uma passagem de um importante, extenso e pluri-tópico artigo:
Na tragédia espanhola, o Iraque não é mais do que um pretexto. Como refere Gustavo Aristegui, professor de Direito Internacional em Madrid, os islamitas querem que a Espanha acabe por ser terra muçulmana: « Desde há mais de vinte anos, o islão está obcecado pela reconquista da Al-Andalous (...) o arcebispo de Granada poderá testemunhar que as compras de terra e de imóveis por islamitas integristas assumem uma grande dimensão».
Ora, esse mesmo islamismo conquistador e niilista queima também, neste preciso momento, igrejas e mosteiros sérvios no Kosovo e mata cristãos.
É este imperialismo corânico, humilhado pela memória da sua grandeza e habitado pelo desejo de vingança, que inúmeros Ocidentais continuam a não querer olhar de frente, preferindo acusar aqueles que escolheram combatê-lo! (tradução livre de um artigo de Ivam Rioufol, publicado aqui, no Figaro)
Claro está que haverá sempre quem diga, desde logo, que este tipo de conclusões é susceptível de acicatar uma "guerra de civilizações" e não é nada "multicultural" (num certo sentido - ainda bem!)....; no entanto, acho que este tipo de estigmatização acaba sempre por ser ultrapassado, desde logo, porque o facto é que os grupos, células, operacionais terroristas fundamentalistas, não representam o modo de pensar e de agir maioritário, nos países muçulmanos! Acreditemos mesmo que possam ser a excepção à regra da tolerância e coexistência inter-civilizacionais...
Na tragédia espanhola, o Iraque não é mais do que um pretexto. Como refere Gustavo Aristegui, professor de Direito Internacional em Madrid, os islamitas querem que a Espanha acabe por ser terra muçulmana: « Desde há mais de vinte anos, o islão está obcecado pela reconquista da Al-Andalous (...) o arcebispo de Granada poderá testemunhar que as compras de terra e de imóveis por islamitas integristas assumem uma grande dimensão».
Ora, esse mesmo islamismo conquistador e niilista queima também, neste preciso momento, igrejas e mosteiros sérvios no Kosovo e mata cristãos.
É este imperialismo corânico, humilhado pela memória da sua grandeza e habitado pelo desejo de vingança, que inúmeros Ocidentais continuam a não querer olhar de frente, preferindo acusar aqueles que escolheram combatê-lo! (tradução livre de um artigo de Ivam Rioufol, publicado aqui, no Figaro)
Claro está que haverá sempre quem diga, desde logo, que este tipo de conclusões é susceptível de acicatar uma "guerra de civilizações" e não é nada "multicultural" (num certo sentido - ainda bem!)....; no entanto, acho que este tipo de estigmatização acaba sempre por ser ultrapassado, desde logo, porque o facto é que os grupos, células, operacionais terroristas fundamentalistas, não representam o modo de pensar e de agir maioritário, nos países muçulmanos! Acreditemos mesmo que possam ser a excepção à regra da tolerância e coexistência inter-civilizacionais...
Geração
Recebi esta do Brasil e talvez já seja conhecida. Mas como também sou desse tempo, transcrevo-a:
Para quem já tem mais de 30 anos... faz pensar que até tivemos sorte...
Olhando para trás, é difícil acreditar que estejamos vivos. Nós viajávamos em carros sem cintos de segurança ou air bag. Não tivemos nenhuma tampa à prova de crianças em frascos de remédios, portas, ou armários e andávamos de bicicleta sem capacete, sem contar que pedíamos boleia. Bebíamos água directamente da mangueira e não da garrafa.
Gastámos horas a construir os nossos carrinhos de rolamentos para descer ladeira abaixo e só então descobríamos que nos tínhamos esquecido dos travões. Depois de colidir com algumas árvores, aprendemos a resolver o problema.
Saíamos de casa de manhã, brincávamos o dia inteiro, e só voltávamos quando se acendiam as luzes da rua. Ninguém nos podia localizar. Não havia telemóveis.
Nós partimos ossos e dentes, e não havia nenhuma lei para punir os culpados. Eram acidentes. Ninguém para culpar, só a nós próprios. Tivemos brigas e esmurramo-nos uns aos outros e aprendemos a superar isto.
Comemos doces e bebemos refrigerantes mas não éramos obesos. Estávamos sempre ao ar livre, a correr e a brincar.
Compartilhamos garrafas de refrigerante e ninguém morreu por causa disso. Não tivemos Playstations, Nintendo 64, vídeo games, 99 canais a cabo, filmes em vídeo, surround sound, telemóveis, computadores ou Internet.
Nós tivemos amigos. Nós saíamos e íamos ter com eles. Íamos de bicicleta ou a pé até casa deles e batíamos à porta. Imaginem tal coisa! Sem pedir autorização aos pais, por nós mesmos!
Lá fora, no mundo cruel! Sem nenhum responsável! Como conseguimos fazer isto?
Fizemos jogos com bastões e bolas de ténis e comemos minhocas e, embora nos tenham dito que aconteceria, nunca nos caíram os olhos ou as minhocas ficaram vivas na nossa barriga para sempre.
Nos jogos da escola, nem toda a gente fazia parte da equipa. Os que não fizeram, tiveram que aprender a lidar com a decepção...
Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros. Eles repetiam o ano! Que horror! Não inventavam testes extras. Éramos responsáveis por nossas acções e arcávamos com as consequências. Não havia ninguém que pudesse resolver isso.
A ideia de um pai sempre a defender-nos, se desrespeitássemos alguma lei, era inadmissível! Eles protegiam as leis! Imaginem!
A nossa geração produziu alguns dos melhores compradores de risco, criadores de soluções e inventores. Os últimos 50 anos foram uma explosão de inovações e novas ideias. Tivemos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade, e aprendemos a lidar com isso.
Alguns de nós fazem parte desta geração. Aqueles que tiveram a sorte de crescer como crianças, e de serem educados com rigor e sem mimo em excesso até se tornarem gente responsável.
Para quem já tem mais de 30 anos... faz pensar que até tivemos sorte...
Olhando para trás, é difícil acreditar que estejamos vivos. Nós viajávamos em carros sem cintos de segurança ou air bag. Não tivemos nenhuma tampa à prova de crianças em frascos de remédios, portas, ou armários e andávamos de bicicleta sem capacete, sem contar que pedíamos boleia. Bebíamos água directamente da mangueira e não da garrafa.
Gastámos horas a construir os nossos carrinhos de rolamentos para descer ladeira abaixo e só então descobríamos que nos tínhamos esquecido dos travões. Depois de colidir com algumas árvores, aprendemos a resolver o problema.
Saíamos de casa de manhã, brincávamos o dia inteiro, e só voltávamos quando se acendiam as luzes da rua. Ninguém nos podia localizar. Não havia telemóveis.
Nós partimos ossos e dentes, e não havia nenhuma lei para punir os culpados. Eram acidentes. Ninguém para culpar, só a nós próprios. Tivemos brigas e esmurramo-nos uns aos outros e aprendemos a superar isto.
Comemos doces e bebemos refrigerantes mas não éramos obesos. Estávamos sempre ao ar livre, a correr e a brincar.
Compartilhamos garrafas de refrigerante e ninguém morreu por causa disso. Não tivemos Playstations, Nintendo 64, vídeo games, 99 canais a cabo, filmes em vídeo, surround sound, telemóveis, computadores ou Internet.
Nós tivemos amigos. Nós saíamos e íamos ter com eles. Íamos de bicicleta ou a pé até casa deles e batíamos à porta. Imaginem tal coisa! Sem pedir autorização aos pais, por nós mesmos!
Lá fora, no mundo cruel! Sem nenhum responsável! Como conseguimos fazer isto?
Fizemos jogos com bastões e bolas de ténis e comemos minhocas e, embora nos tenham dito que aconteceria, nunca nos caíram os olhos ou as minhocas ficaram vivas na nossa barriga para sempre.
Nos jogos da escola, nem toda a gente fazia parte da equipa. Os que não fizeram, tiveram que aprender a lidar com a decepção...
Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros. Eles repetiam o ano! Que horror! Não inventavam testes extras. Éramos responsáveis por nossas acções e arcávamos com as consequências. Não havia ninguém que pudesse resolver isso.
A ideia de um pai sempre a defender-nos, se desrespeitássemos alguma lei, era inadmissível! Eles protegiam as leis! Imaginem!
A nossa geração produziu alguns dos melhores compradores de risco, criadores de soluções e inventores. Os últimos 50 anos foram uma explosão de inovações e novas ideias. Tivemos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade, e aprendemos a lidar com isso.
Alguns de nós fazem parte desta geração. Aqueles que tiveram a sorte de crescer como crianças, e de serem educados com rigor e sem mimo em excesso até se tornarem gente responsável.
PELA PAZ?
As manifestações «pela paz» que assolaram a Europa Ocidental na passada semana, limitaram-se a repetir uma tradição continental muito frequente nas últimas décadas e deixaram uma desagradável sensação de dejá vu, desta vez, à custa do sangue inocente dos mortos do 11 de Março. Sempre em nome da «paz», vimo-los manifestarem-se em momentos de um passado ainda recente, fosse contra a presença da NATO na Europa, a estratégia de armamento americano para fazer face à ameaça soviética e a guerra do Vietname, ou em defesa da «pureza» da revolução cubana, de Fidel e do «Che», das revoluções «libertadoras» da América Latina e da África, de Ortega na Nicarágua, de Allende no Chile.
Mas já os não vimos aparecer quando, em 1956, a URSS invadiu a Hungria, ou a Checoslováquia e o Afeganistão, em 1968 e 1979. Nem os sentimos preocupados com os mísseis soviéticos de Cuba direccionados para os EUA, ou na RDA virados para a Europa Ocidental. Como também, não reza a história que tenham vertido lágrimas pelos povos africanos e asiáticos subjugados pelos interesses imperialistas de Brejnev que, aliás, inventara, com alguma ironia, um patético «Conselho Mundial para a Paz», onde alguns tontos úteis, como o descolonizador Costa Gomes, se entretinham a lançar anátemas sobre o «imperialismo americano», embalados pelas doces intenções do paraíso socialista soviético.
Nesta visão redutora do mundo, o que verdadeiramente ostentam estes «pacifistas» de pacotilha é um profundo ódio aos Estados Unidos da América e aos valores da democracia liberal e do mundo ocidental, que eles exemplarmente têm defendido desde, pelo menos, 1917. Não é o amor à paz, que qualquer ser humano normal prefere à guerra, nem a compaixão pelos povos do Médio Oriente escravizados por bonzos e ditadores locais, ayatollahs e líderes iluminados, que os faz movimentarem-se. É o ódio à América, símbolo do capitalismo liberal. Nem mais
Esta forma de olhar para a América e o que ela representa, é filha dilecta do mais puro leninismo ideológico. Vladimir Ilitch Ulianov, pensador medíocre e revolucionário eficaz, definiu como inimigo principal da «gloriosa» revolução de Outubro e do novo regime que ela implantara, o «imperialismo capitalista». Pouco inspirado e nada original, Lenine segue de muito perto John Hobson e Rudolph Hilferding, quando diz que «o imperialismo é o grau superior de desenvolvimento do capitalismo» e que «a divisão do mundo entre grupos de empresas (trusts) começou». Contudo, esta fórmula pegou, divulgou-se nas décadas seguintes e ganhou uma legião de adeptos que continuam por aí.
Os regimes comunistas soviéticos pulverizaram-se com a queda do muro de Berlim em 1989. Mas a mentalidade que criaram subsistiu. É conveniente tê-lo presente na avaliação de certos acontecimentos.
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