Ontem, seguindo a cobertura televisiva da Convenção do PS – 1.500 pessoas, talvez o aparelho em peso, para escolher os candidatos ao PE – apanhei a mensagem de Mário Soares à dita. Como é sabido, este nosso “patriarca” regrediu cerca de 30 anos e voltou a uma linguagem repleta de chavões que fizeram o seu sucesso nos idos de 74/75, tendo ainda aderido à moda de sempre, o anti-americanismo. A sua mensagem à Convenção era toda ela repleta de um palavreado banal, tudo lugares comuns, escasso conteúdo.
Com quase 80 anos, um curriculum político invejável, o homem tinha todas as condições para gozar tranquilamente da sua reforma numa postura senatorial e patriarcal de fundador do regime, pairando superiormente por cima das tricas e da pequena política.
O que fará então correr Mário Soares? Uma recandidatura à Presidência? Pouco provável, passou o seu prazo de validade. Um espírito de missão e a defesa e luta eterna por nobres princípios e valores? Balelas, o homem é do mais elitista e arrogante que há. Garantir a sucessão pelo filho João? É provável, ele sempre defendeu o clã, no fundo é monárquico e família real é a sua e mais nenhuma.
Julgo porém que Mário Soares se move (como sempre) pelos seus ódios de estimação. E desde há uns tempos que no top dos ditos se encontra Paulo Portas. Pelo seu populismo desenfreado? Por representar uma direita algo cavernícola? Por... ? O motivo será bem mais prosaico: o “despedimento” de Maria Barroso da Cruz Vermelha e o enxovalho que tal representou na honra da “família real”.