A posta do Gabriel provocou-me um certo mal estar – mal estar esse que, de resto, acaba sempre por me assaltar quando penso o Porto!
Mas, vamos por partes.
A notícia/reportagem do Público é, de facto, estranha. Merece-me algumas reticências. Na realidade, o Público (sobretudo, através da sua secção “local Porto”) foi o órgão de comunicação social que, mal Fernando Gomes perdeu inesperadamente as últimas eleições autárquicas, desencadeou uma autentica campanha intencional de oposição directa e bombástica ao novo executivo camarário. Pude, por razões várias, designadamente, por circunstâncias ocasionais e pessoais, acompanhar e testemunhar alguns dos eventos, polémicas, discussões políticas relatados pelo Público, verificando, quase sempre, num determinado período, a sanha persecutória contra Rui Rio (?) e a desonestidade intelectual de quem produzia as notícias, distorcendo a realidade, apresentando, sistematicamente, apenas um dos lados da questão, criando e ampliando “fogos” – sobretudo, é certo que em quem já estava predisposto a incendiar-se! -, omitindo aquilo que, ao invés, circunstancialmente tinha sido feito (e porventura bem feito) pela Câmara, etc., etc.. No entanto, com o passar do tempo, sem que os ódios de estimação que se geraram logo nesse período pós-derrota de Fernando Gomes (mais do que vitória de R. Rio) se tivessem extinto, o facto é que as coisas voltaram progressivamente a um ponto de equilíbrio!
De todo o modo, a circunstancia de tal reportagem sobre a inefável Laura Rodrigues ter sido obra do Público (que, apesar de tudo, considero pessoalmente um excelente jornal), levanta-me sempre, algumas reservas....Porém, factos são factos! E não dei conta que os interessados, até agora, tenham desmentido o Público!
Mas, avancemos para o essencial.
Talvez o essencial nem seja aquilo que foi descrito pelo Público; talvez o essencial seja aquilo que, indirectamente e da reportagem em causa, resulta claro que não existe! Ou seja, pode até nem ocorrer nenhuma ilegalidade directa e objectiva, alguma intenção de auto benefício da inefável e impagável senhora, em proveito próprio, assim como do seu núcleo familiar - porém, toda esta infeliz rede de factos, coincidências (há quem diga que nunca existem coincidências...), afirmações bombásticas e infelizes da dita D. Laura e retractados no Público, provam-nos aquilo que muitos portuenses empenhados e sofridos com o rumo da cidade (área metropolitana, região) já sabiam: uma das associações representativas do comércio local (o histórico comércio portuense, gerado na velha tradição oitocentista burguesa e liberal, o comércio que, há alguns anos a esta parte, no Porto, era reconhecido como uma actividade elevada, nobre e respeitável), não tem estado à altura dos desafios e das (putativas) responsabilidades! Não existe!
Dizia-me, não há muito tempo atrás, alguém que sendo precisamente comerciante e, ainda por cima, “tripeiro de gema”, o seguinte: essa associação da D. Laura tem sido, já de há alguns anos a esta parte, a instituição mais esclerosada desta cidade! Agora, a questão é que, por necessidades meramente tácticas, alguém lhe deu a incumbência de transportar mais areia do que a sua (dela, associação, D. Laura) camioneta pode transportar! Resultado, temos uma instituição que, actualmente, parece não passar organicamente de um grupúsculo fechado para manter na Direcção quem já lá está, esclerosada é certo, porém, com alguns milhões de €uros na mão!
Enfim, mas isto leva-me a outras paragens contíguas: o problema do Porto, sobretudo, do Porto/baixa e do famigerado, proclamado, endeusado, mitificado “comércio local”!....que ficará para outra posta.