5.3.04

A MÃE TEM SEMPRE RAZÃO

Há certas coisas que uma mulher, quando vive no Porto, não pode esquecer.
Uma delas, como diz a Mãe, é ir em certos preparos para a baixa da cidade em dias de semana, a certas horas do dia.
É verdade que já não ia ao Majestic há algum tempo. Tenho saudades das tardes longas que lá passei, no dolce fare niente, quando era mais nova e estudava Direito. Nessa altura era alheia a quase tudo e ouvir piropos de rua, dados por tipos remelosos e com mau ar, não me afectava minimamente.
Mas, a partir de uma certa idade já não é assim. E hoje resolvi sair do escritório a meio da manhã e ir tomar café e relaxar um bocadinho, enquanto o tempo não escurecia por completo. O mau tempo põe-me neura e fútil. Como não frequento solários, ao contrário da maior parte das minhas amigas, nesta época do ano a sensação de verão só me é dada quando me vejo ao espelho a pôr um blushezito. E o calor faz-me tanta falta!... (disse-me, hoje, ao telefone uma amiga de Lisboa que o nosso Francisco decidiu virar-se para terras de Vera Cruz... se for verdade, como eu o compreendo).
Mas voltando ao ponto, vai uma mulher a meio da manhã à baixa do Porto, para descansar e descontrair, e vem de lá espavorida com a assobiadelas e palavrões que ouve duns rafeirotes manhosos. Já não tenho idade para aturar isto e ainda não tenho idade para precisar disto. Eu não sou uma fashion victim, mas é certo que ia bem compostinha, com a minha saia nova da Max Mara que comprei nos saldos. A Mãe costuma dizer que as minhas saias mais curtas não são saias, mas cintos. Se calhar a Mãe tem, como quase sempre, razão.