18.3.04

O JUIZ NUNO MELO



Vi de relance na televisão uma peça sobre o julgamento do caso da Ponte de Entre-os-Rios e que me chamou a atenção.
Lá estava o responsável do processo, o juiz Nuno Melo a dar explicações aos jornalistas antes de entrar no tribunal. Explicou para que servia a diligência daquele dia, qual o papel dos advogados, o que era de esperar que ele próprio a seguir fizesse e os prazos de decisão. Isto de manhã.
Depois, em directo, já noite, o juiz explicou o que se tinha passado durante o dia, anunciando em que dia seria agendada a decisão seguinte, afirmando que a diligência tinha sido necessária e útil e que o que tinha sido apresentado iria ser tido em conta, embora ele próprio já tivesse uma convicção, mas que os esclarecimento foram úteis para alguns pontos concretos.

E tudo isto, com um ar calmo, disponível, esclarecedor e seguro.

E pergunta-se: mas não podiam ser todos assim? Darem conta do que fazem? Apontar datas concretas? Explicar claramente às pessoas o que se vai fazendo, o porquê, o para quê, o quando e o como?

Estaremos perante o novo modelo de juiz do século XXI? Seria bom. Mas não, infelizmente não. Para além dos seus notórios méritos profissionais e de cidadania, a sua atitude apenas se compreende pelo facto de ele exercer a profissão como uma missão, pessoal e profissional. Um serviço.
E sobretudo, porque pura e simplesmente não está preso a uma carreira, não tem de se salvaguardar para obter uma boa colocação, nem está prisioneiro do que pensam os colegas. Não faz parte do corporativismo. É simplesmente livre. E por isso é diferente.