Com excepção da Bolsa eslovaca, que fechou marginalmente positiva a ganhar uns míseros 0,06%, todas as Bolsas europeias fecharam com fortes quedas, se bem que tenham inflectido ligeiramente face aos mínimos do dia. Frankfurt liderou as perdas, desvalorizando-se quase 3,5%, seguida de Paris, com quase 3%. Londres, o maior mercado europeu, encerrou a perder 2,2%, ligeiramente pior que Madrid (-2,1%), mas ambas melhor que Lisboa que caiu 2,6%.
Mas as perdas fizeram-se sobretudo sentir nos sectores de viagens e turismo e relacionados, como o hoteleiro e o da aviação. Duas das maiores agências de viagens europeias, a alemã TUI e a britânica First Choice Holidays, viram as suas acções depreciarem-se em 7,2% e 4,2%, respectivamente. Qualquer destas empresas, está bastante exposta ao mercado espanhol, que representa o seu principal destino em viagens de lazer. Aliás, o impacto do atentado de hoje na economia espanhola pode ser significativo, tendo em atenção o elevado peso do turismo (cerca de 12% do PIB), com os turistas britânicos a representarem quase um terço do total.
A indústria hoteleira também se ressentiu seriamente. A Accor, o maior grupo hoteleiro europeu – que detém, entre outras, as cadeias Novotel, Mercure e Ibis, que cobrem toda a Europa – viu as suas acções perderem 4%; outro gigante do sector, o Club Med, baixou 4,6%.
Outra “vítima” foram as companhias aéreas, com a British Airways a liderar as perdas (-7,9%), duplamente afectada pelo atentado e pelo anúncio de que os seus custos irão aumentar nos próximos 12 meses cerca de 400 milhões de libras. Outros pesos pesados da aviação também sofreram, com destaque para a alemã Lufthansa (-4,7%), a holandesa KLM (-4,8%) e a espanhola Iberia (-3,7%), todas elas muito sensíveis às rotas para Espanha. As estrelas do sector, as low-cost Ryanair e EasyJet, com uma estrutura de custos que já lhes permitiu enfrentar piores crises, apresentaram perdas menores (2,5% e 1,7%, respectivamente). Uma hipotética recessão no turismo espanhol será muito problemática para as companhias aéreas, atendendo ao elevado peso do destino Espanha quer nos voos charter europeus – quase 60% - quer nos voos regulares.
Determinados mercados podem ser mais sensíveis do que outros aos atentados de hoje, em função da autoria dos mesmos. A eventual responsabilidade da Al-Quaeda, pode ser entendida como o início de ataques contra países que apoiaram os Estados Unidos na invasão do Iraque. É o caso do Reino Unido, da Espanha, da Itália e de... Portugal. Mas caso se confirme que a autoria foi da ETA, nem por isso ficaremos imunes e o afluxo turístico motivado pelo Euro 2004 pode ressentir-se seriamente, pondo em causa a própria retoma da economia.
Como já aqui escrevi, a paz é fundamental ao crescimento económico.
P.S.: No seguimento deste apelo da Sara e tendo em conta mensagens que já recebemos, proponho a todos os blogues que amanhã a mensagem seja antes “TERRORISMO NÃO!”