Via Abrupto conheci este comunicado do BE. Lamentavelmente, não se conseguiram superar a si mesmos. Qualificar esta matança como um «acto criminoso e fascizante» é uma triste forma de tentar branquear responsabilidades óbvias.
O seu a seu dono. Se gestos de desprezo sobranceiro pela vida humana em prol de uma ideia que se diz superior a todos os outros valores civilizacionalmente relevantes são «fascizantes», então Estaline foi um “fascista” de primeira categoria e desmultiplicou-se em actos «fascizantes».
O mesmo se poderia afirmar, dentro do quadro de qualificativos do BE, a propósito de Mao-Tze-Tung, Ceausescu, Phol Phot, Lénine, Ho Chi Min e, até, do vosso Trotsky que perpetrou muitos desses actos «fascizantes» durante a guerra civil russa.
Também os principais grupos terroristas deverão ser – ainda na perspectiva do BE – considerados «fascizantes». Os Bhader Meinhof; as Brigadas Vermelhas italianas; os vários braços armados do Sinn Fein; o Hamas que tanto gosta de assassinar em massa nos autocarros de Jerusalém; as suas confrades, as brigadas Al Aqsa; a Al Quaeda que o BE tanto quis compreender e desculpar depois do 11 de Setembro e antes da guerra do Iraque; o verdadeiro mentor de destas e de tantas outras organizações terroristas, Yasser Arafat que, com tanto sangue de inocentes nas suas mãos, só poderá receber dos excessivamente incoerentes ideólogos do BE o epíteto de «fascizante» honoris causa.
E, claro, as vossas tão prezadas Brigadas Revolucionárias portugueses (lembram-se do PRP-BR? E do atolambado Otelo, a personificação antiga do BE?), de onde tantos bloquistas emergiram, um autêntico proto-BE, que, na medida dos meios de que dispunham, também semearam a morte e o terror da mesma forma «fascizante».
Mas nunca ouvimos ninguém do BE dizer aquilo que realmente pensa do terrorismo e dos terroristas. Tudo o que lhes importa direccionarem politicamente os factos, retorcendo-os até ao absurdo. Tudo o que fazem é desviar as atenções daquilo que é a verdade mais incómoda e inoportuna: a maioria dos grandes criminosos políticos da história recente, sejam chefes de Estado ou grupos terroristas, têm uma insuportável afinidade política com o mostruário ideológico do BE. Defendem o mesmo tipo de sociedade que o BE. Têm um discurso análogo ao do BE. Só as armas que utilizam são diferentes – uns põem bombas e matam inocentes, Louçã e seus camaradas assassinam a verdade todos os dias no Parlamento e na imprensa.
Ao dizerem o que disseram, neste comunicado e no Parlamento, o BE auto-classificou-se: eles, os seus aliados em todo o lado, juntamente com os idiotas úteis que, agora mesmo, se interrogam acerca das “causas do terrorismo”, são os legítimos «fascizantes» do nosso tempo.