12.10.05

Café Blasfémias

Foi com som de fundo de jazz, vindo do concerto que à mesma hora se realizava na sala principal, que ontem decorreu a terceira edição do «Café Blasfémias».
«Municipalismo» era o tema.
A pertinência, mais-valia ou defeitos congénitos dos diferentes modelos de poder político-administrativo, nas soluções de 3, 4 ou mesmo 60 diferentes níveis de distribuição de poder, foram devidamente escalpelizados pelos presentes, que, protegidos da outonal chuva que, em boa, mas tardia hora se fez sentir, sentenciaram à morte futura o actual modelo de freguesia/município.
Das competências e formas de financiamento, várias foram as correntes de pensamento que marcaram presença, se bem que tenha sido devidamente recordado o princípio liberal de que o poder emana e reside no indivíduo/cidadão, sendo que este geralmente apenas disso se apercebe quando efectivamente é chamado a contribuir directa e financeiramente para o seu exercício. Pertinentes as questões levantadas do porquê de tanta gente pretender ser autarca, sendo consensual que o desejo de prestar um serviço cívico ou o vencimento tabelado não constariam como sendo das principais motivações.
Houve quem defendesse que o actual modelo autárquico é o principal redistribuidor, transmissor e condicionador da propriedade privada, sendo que muitas foram as situações e exemplos apresentados como argumento.
Das regras discricionárias e autocráticas, no plano urbanístico e do exercício fácil de descortinar a quem tais situações aproveitam, em prejuízo e à margem da intervenção do cidadão se falou, não sem que o debate terminasse com uma análise plural sobre alguns dos recentes resultados eleitorais.
Valeu a pena. E para o próximo mês haverá mais.