O Dr. Rui Moreira pronunciou-se, no Fórum TSF de hoje de manhã, contra a decisão tomada pela Câmara Municipal do Porto de privatizar a gestão do Teatro Rivoli, acto que considerou uma «abdicação do poder político» local. Não tendo a presunção ou a veleidade de pretender reproduzir integralmente o pensamento do Dr. Rui Moreira sobre o assunto, sempre adiantarei que me pareceu ouvi-lo dizer que o poder político, neste caso a CMP, deve ter a cultura como um bem público a apoiar e a sustentar, quer isto dizer, a financiar.###
Acontece que a cultura é um bem como outro qualquer, com pessoas e entidades que a produzem e com indivíduos que a consomem. Como tal, o seu valor só poderá ser o valor de mercado e não propriamente uma qualquer abstracção determinada por avaliações subjectivas dos políticos, que servem habitualmente para agradar a clientelas ou para impressionar os eleitores. Dito por outras palavras: se eu tiver um quadro de Dali enfiado no meu escritório particular, o quadro não vale nada, ou antes, terá o valor exacto que eu lhe atribuir. Por isso é que os quadros estão expostos em museus pagos por quem os quer ver, assim como os filmes, as peças de teatro, etc., são exibidos em salas próprias para uma clientela que está disposta a pagar para lhes ter acesso. No caso do Teatro Rivoli, ou de qualquer outro equipamento com vocação cultural, o que interessa é saber se ele é visitado, frequentado e sustentado por quem dele beneficia, isto é, se tem verdadeira utilidade. Querer impor o Rivoli como espaço de cultura, com porta aberta para a cidade, para manter artificialmente a oferta dos serviços que lá se prestam, é um grave erro político e de gestão, sem qualquer justificação social. Por isso, a decisão da Câmara Municipal do Porto só pode ser bem vinda e a pecar por alguma coisa, só pecará por defeito.
Obviamente que não estão em causa as opiniões pessoais do Dr. Rui Moreira sobre o papel do poder autárquico no domínio da cultura. Como qualquer cidadão, ele tem direito a tê-las e a manifestá-las livremente. Já me entristece, porém, saber que essas são as opiniões do Presidente da Associação Comercial do Porto, de quem certamente esperaria outro arrojo e outra visão da iniciativa privada, em consonância com as tradições burguesas e comerciais da cidade.
Acontece que a cultura é um bem como outro qualquer, com pessoas e entidades que a produzem e com indivíduos que a consomem. Como tal, o seu valor só poderá ser o valor de mercado e não propriamente uma qualquer abstracção determinada por avaliações subjectivas dos políticos, que servem habitualmente para agradar a clientelas ou para impressionar os eleitores. Dito por outras palavras: se eu tiver um quadro de Dali enfiado no meu escritório particular, o quadro não vale nada, ou antes, terá o valor exacto que eu lhe atribuir. Por isso é que os quadros estão expostos em museus pagos por quem os quer ver, assim como os filmes, as peças de teatro, etc., são exibidos em salas próprias para uma clientela que está disposta a pagar para lhes ter acesso. No caso do Teatro Rivoli, ou de qualquer outro equipamento com vocação cultural, o que interessa é saber se ele é visitado, frequentado e sustentado por quem dele beneficia, isto é, se tem verdadeira utilidade. Querer impor o Rivoli como espaço de cultura, com porta aberta para a cidade, para manter artificialmente a oferta dos serviços que lá se prestam, é um grave erro político e de gestão, sem qualquer justificação social. Por isso, a decisão da Câmara Municipal do Porto só pode ser bem vinda e a pecar por alguma coisa, só pecará por defeito.
Obviamente que não estão em causa as opiniões pessoais do Dr. Rui Moreira sobre o papel do poder autárquico no domínio da cultura. Como qualquer cidadão, ele tem direito a tê-las e a manifestá-las livremente. Já me entristece, porém, saber que essas são as opiniões do Presidente da Associação Comercial do Porto, de quem certamente esperaria outro arrojo e outra visão da iniciativa privada, em consonância com as tradições burguesas e comerciais da cidade.