31.7.06

A "silly season" JÁ COMEÇOU

"The hypocrite's crime is that he bears false witness against himself"
Hannah Arendt, On Revolution

O RAP aproveitou o ensejo do boicote ao Abrupto para dar um ar de Almada requentado com um ensaio anti-JPP. Falhou na oportunidade. E no resto.
Escrevi sobre o caso e disse que não partilhava a onda de riso excessivamente fácil que o ataque ao blogue de JPP estava a provocar em alguns lugares da blogosfera (embora com várias excepções). Em post scriptum fiz uma menção minimalista à macaqueação do Manifesto de Negreiros (sem link porque não achei relevância).
O RAP assumiu as dores com exuberante verbosidade. Respondeu-me. Muito.
Trata-me por "professor" esquecendo que não há disso na blogosfera. Acusa-me de moralizar onde apenas existe uma opinião. E insinua incoerência, hipocrisia, até, fundando-se numa conhecida alarvidade minha. O que me acontece pela enésima vez.
Mas uma alarvidade (a enigmática alusão às caricaturas do profeta deriva da etimologia?) não exclui outra. Nem a atenua. Pelo contrário.
O RAP disparatou com premeditação quando quis ter graça à custa do azar do Abrupto. Eu asneei por precipitação quando me enfureci após um debate político.
Mas o RAP pretende reabilitar o seu erro evidenciando o meu próprio. Um esforço de ilibação impossível. Apenas consegue exibir a redundância do disparate.
O RAP é um dos cómicos mais talentosos deste país. E a lógica da argumentação que emprega tem de ser percebida através dessa sua qualidade. Mas, também por isso, o RAP deveria estar em boas condições de entender o valor da crítica e a diferença entre moralizar e discordar. Sobretudo quando fala de política. Porque é só disso que o RAP está a falar. Infelizmente, com muito menos piada do que é costume.