25.7.06

Contra a gestão privada, ou a favor do subsídio encapotado?

Rui Rio decidiu privatizar a gestão do Rivoli. Note-se que decidiu privatizar a gestão e não o Rivoli. As reacções das elites do Porto são muito esclarecedoras. Em primeiro lugar, ficamos a perceber que o Rivoli é mal gerido e que andava muita gente a viver dessa má gestão. Ficamos ainda a perceber que a má gestão do Rivoli esconde formas pouco transparentes e arbitrárias de financiar as instituições culturais da cidade. Descobrimos que o estado deve subsidiar a cultura, desde que isso não beneficie o La Feria e desde que o subsídio se faça da forma mais opaca possível. As elites descobriram uma súbita vocação e interesse pela gestão de espaços culturais, desde que ela permaneça na esfera pública. Finalmente ficamos a saber que as elites portuenses não conseguem transformar um problema numa oportunidade: nenhuma das instituições culturais da cidade parece interessada em concorrer à gestão do Rivoli e ninguém exigiu uma gestão mais rigorosa dos espaços culturais acompanhada de um sistema mais rigoroso e transparente de apoios à cultura.

Nota: A gestão privada dos espaços culturais não é incompatível nem com a direcção pública da política cultural desses espaços nem com o financiamento público da cultura.