17.3.04

2 ANOS DEPOIS

Há 2 anos o PSD venceu por escassa maioria as Legislativas. Mas esse resultado permitiu-lhe ser Governo em coligação com o CDS. Não é, assim, apressado dizer-se que este Governo faz 2 anos.

2 anos de desilusão para quem nele colocou alguma expectativa. 2 anos de promessas não cumpridas - a mais falsa de entre muitas: o choque fiscal, bandeira eleitoral logo esquecida porque «não existirem condições» (o que já se sabia; então, a promessa nunca deveria ter sido feita; a não ser que o único objectivo fosse, mesmo, enganar as pessoas).

Nestes 2 anos houve um caso que serve de paradigma ao presente estilo de governação: a RTP. Agitou-se, ameaçou-se, afirmou-se a intenção firme de tudo mudar - a final tudo ficou na mesma ... não, desculpem, a RTP 2 passou a chamar-se a 2: (!?).

A questão tão polemizada do Código de Trabalho não passou de uma operação de cosmética. Quase não existem alterações de substância em relação ao regime laboral anterior. Aqui, a actuação de uma certa esquerda sindicalmente funcionalizada faz-me lembrar a publicidade grátis que as organizações judaicas deram ao filme de Mel Gibson - tanto barulho para nada!

Este Governo sofreu escândalos sérios. Três ministros viram-se forçados a sair devido a questões que poderiam e deveriam ter posto em causa muito mais do que aqueles que estavam directamente envolvidos. Mas o estado de aparente morte cerebral do PS e a endémica falta de credibilidade da restante oposição parlamentar revelaram-se os melhores aliados de Durão Barroso nas horas de crise.

Este Governo, ainda, revelou ao país algumas figuras marcantes: Figueiredo Lopes, Amílcar Theias, Morais Sarmento e Celeste Cardona, entre outros ministros e secretários de estado, mostraram que este Governo é realmente capaz de falar de igual para igual com a actual porta-voz socialista, a dra. Ana Gomes.

No resto, tudo está patentemente pior. A crise económica é mais acentuada do que há 2 anos. O desemprego cresceu. O investimento baixou. A máquina fiscal emperrou ainda mais. A Justiça é objecto de anedotas gerais. A Saúde parece uma máquina de elaborar compulsivamente "listas de espera". Os portugueses vivem pior a todos os níveis. A esperança abandonou-nos. Olhamos para este Governo e para a sua oposição e percebemos que estamos piores do que imaginávamos. Cada vez há mais problemas sem soluções.

Não, hoje ninguém vai comemorar coisa nenhuma.