Num café, duas raparigas engalfinhadas, defendendo, cada uma com mais ardor do que a outra as posições palestinianas e apontando os israelitas como responsáveis por todo o sofrimento naquela região. Numa verbe fácil e em entusiasmada espiral, lá chegaram ao patamar da conclusão dogmática de que “os judeus são mesmo assim”.
Farto de ouvir banalidades atrozes, lá me meti, para acabar de vez com a estupidez sonora: “bom, ao fim de tantos séculos, estatisticamente todos os portugueses tem algum sangue judeu.”
Só visto o olhar de desprezo, de alto a baixo, e o tom frio, seco e indubitável: “só se fores tu, que eu de certeza que não tenho nada a haver com essa gente”.
Olhei para o meu peito e vi claramente uma estrela de David, amarela.