Desde o início que tive sérias dúvidas e escrevi-o, que a ETA fosse autora dos atentados. Fundamentação não tinha nenhuma, informação a que ia sendo debitada, era apenas um feeling tendo em conta um modus operandi que não era habitual. Independentemente da autoria do crime, este jamais seria para mim menos hediondo. Mas estranhei a insistência do governo em acusar a ETA no que foi acompanhada pelo PSOE no início, diga-se.
E isto de o poder instituído querer fazer das pessoas parvas paga-se caro, como se viu. Não fossem os atentados e o PP ganharia as eleições, embora sem maioria absoluta, a acreditar nas sondagens que se foram fazendo. Tivesse o governo desde o início uma postura mais aberta, admitindo desde logo também a hipótese Al-Qaeda e talvez as perdas de votos fossem insignificantes. Isto independentemente das manifs folclóricas de sábado, que se realizariam com idêntica “espontaneidade” para mudar os culpados, fosse qual fosse a posição do governo.
Enfim, se alguma ilação se pode retirar a quente, é que o futuro governo ficará dependente dos partidos regionais catalães, o que por si só não é mau – só lamento que não possamos ter partidos regionais em Portugal – e, quanto à política externa, nada de fundamental irá mudar. Palpita-me que o PSOE irá ser tão atlantista como o PP, à semelhança da era de Felipe Gonzalez...