Ultimamente os meus amigos têm-me avisado da rispidez, porventura exagerada, com que me tenho referido à actual porta-voz do PS, a dra. Ana Gomes. Concordo que a figura me desperta reacções pouco dignas, às vezes incontroláveis.
Que hei-de fazer? Vejo naquela senhora um repositório de quase tudo aquilo que me irrita nalguma esquerda: a estridente tendência para a generalização, o permanente atrevimento da ignorância, o uso inveterado do discurso datado e exclusivamente centrado no protesto reivindicativo, a maçadora ideia de que detém o controlo indisputado da razão.
Dizem-me que cometo uma injustiça relativa – perguntam-me, "e o porta-voz do PSD?"
Trata-se somente de um miúdo que expele afanosamente torrentes de lugares comuns sem qualquer conteúdo. É verdade. Mas, apesar de tudo, não me causa tanta espécie. É um pequenino a fazer de grande já que os grandes gostam de exibir os pequeninos. Daqui a alguns anos - não muitos - estará ao nível de um Marques Mendes ou de um Arnaut.
Mas há uma figura no PSD que emparelha com a dra. Ana Gomes na capacidade de me induzir agastamento compulsivo: o recém-reeleito líder parlamentar do PSD, dr. Guilherme Silva. É uma cambiante da dra. Ana Gomes de sexo e de sinal político (?) contrários. O facto de ter sido reeleito hoje pelos deputados laranjas com 85 votos em 100 possíveis, diz bem da estatura intelectual do maior partido português.
Nisso, portanto, PS e PSD estão ao mesmo nível.
