Consta que o SIS interceptou uma mensagem de Bin Laden para o núcleo da Al-Qaeda em Portugal. Rezava assim:
Em nome de Alá, aconselhamos todos os filhos de Maomé a não tentarem qualquer atentado em Portugal. É um país complicado. Uma acção nossa dificilmente traria algum proveito para a nossa Sagrada Causa, já que:
1 - Nenhum atentado por nós tentado teria resultados mais espectaculares no congestionamento do tráfego ferroviário do que aquele conseguido pela própria CP.
2 - É difícil planear um atentado em comboios e autocarros. Nunca se consegue saber a que horas passam nem sequer os dias em que circulam, devido às greves constantes.
3 - A reivindicação do atentado seria de uma inutilidade extrema. A oposição portuguesa iria imediatamente culpar o ministro da Administração Interna, o secretário de Estado dos Transportes e as empresas transportadoras. Aliás, seria logo pedida a demissão do governo, a pretexto de pretenderem manipular perfidamente os cidadãos, atribuindo a outrém as culpas da sua acção criminosa. Qualquer alegação da nossa parte seria recebida com desdém pelo Bloco de Esquerda:
- Al-Qaeda? Teja calado, car.... Tá-se me'mo a ver c'a culpa é dos cab... das empresas capitalistas e do governo que lhes apara o jogo. Fazem tudo para poupar uns trocos. Isto foi o resultado de uns motores mal amanhados que compraram na Coreia do Sul, a uma fábrica que deixou aqui centenas no desemprego. É o que lhe digo, amigo, a globalização f... isto tudo. Al-Qaeda? Tenha juízo, pázinho, isso é uma vergonhosa mentira do governo que se quer descartar.
4 - Alertamos também para a dificuldade de organizar uma acção como a de Madrid. Em Portugal, mal um de vocês deixasse uma mochila no comboio, teria logo um simpático português a correr atrás e a gritar:
- Oh chefe, chefe, esqueceu-se do seu saco, amigo!
E depois pensaria para si mesmo: "Sacana do indiano ainda fez má cara. Vem um gajo aqui de manhãzinha, descansadinho da vida e ainda tem de ser criado desta estrangeirada toda."
5 - Não será fácil mobilizar o povo contra a presença de tropas portuguesas no Iraque. Os portugueses, pelas informações que obtivemos, gostariam que toda a GNR - principalmente uma tal BT - estivesse destacada no Iraque ou em qualquer lugar bem longe do país.
6 - A detonação por telemóvel é também bastante desaconselhável. Devido à quantidade de telemóveis em território português, existe o perigo real dos explosivos rebentarem em alturas menos próprias com algum dos constantes toques que se fazem ouvir a toda a hora e em qualquer lugar.
7 - Também gostaríamos de alertar para o perigo real da presença de jornalistas da televisão no local dos atentados a perguntar às pessoas o que sentem depois de terem ficado sem uma perna, com a cara desfeita ou partidos em dois. Ao pé dessa gente, a Al-Qaeda é um bando de organizadores de festas de salão.
Em suma, procurem mas é outro sítio, que esse já está suficientemente rebentado.
Vosso Binbin
Moral da história: a ter receio de alguém, será de nós próprios...